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Em 1978 Maria Betânia lançou um de seus melhores álbuns: Álibi. Todas as músicas são bonitas, mas uma se destaca, para mim: a canção A Voz...

Em 1978 Maria Betânia lançou um de seus melhores álbuns: Álibi. Todas as músicas são bonitas, mas uma se destaca, para mim: a canção A Voz de Uma Pessoa Vitoriosa.

Da autoria de Caetano Veloso e Waly Salomão, a letra da canção exalta aquela pessoa que venceu, mesmo enfrentando as adversidades. E se impõe pela sua personalidade, representada pela sua Voz. De forma parecida, Ilma Espínola também se enquadra nesse perfil. Senão, vejamos.

Quando eu tinha três anos sofri um atropelamento. Lembro-me muito bem dessa manhã tão distante.

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Quando eu tinha três anos sofri um atropelamento. Lembro-me muito bem dessa manhã tão distante.

A ata de reunião, ou simplesmente a ata, é o registro escrito oficial de um evento. Deve conter tudo o que aconteceu na ocasião: data, loca...

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A ata de reunião, ou simplesmente a ata, é o registro escrito oficial de um evento. Deve conter tudo o que aconteceu na ocasião: data, local, participantes, pauta, e tudo o que for importante para aquela reunião. Ser uma cópia fiel do ocorrido.

Quando partimos do Brasil três semanas atrás, tínhamos como objetivo conhecer os Andes e assistir ao sol se pôr no mar, em oposição ao ...

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Quando partimos do Brasil três semanas atrás, tínhamos como objetivo conhecer os Andes e assistir ao sol se pôr no mar, em oposição ao seu nascer em nossas praias do Oceano Atlântico.

Após passarmos o mês de janeiro de 1976 no Pantanal do Mato Grosso, participando do Projeto Rondon, Ilma, eu e Alcides Diniz tomamos um ...

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Após passarmos o mês de janeiro de 1976 no Pantanal do Mato Grosso, participando do Projeto Rondon, Ilma, eu e Alcides Diniz tomamos um trem e partimos para aquela que seria a maior de nossas aventuras: a nossa Conquista dos Andes.

No final de 1975, quando estudávamos o curso médico, fomos selecionados para atuar no Projeto Rondon . Criado pelo governo militar — d...

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No final de 1975, quando estudávamos o curso médico, fomos selecionados para atuar no Projeto Rondon.

Criado pelo governo militar — durante a ditadura que se instalou no Brasil em 1964 e aqui reinou por 21 anos — o Projeto Rondon tinha como objetivo integrar os estudantes universitários (possíveis lideranças futuras) com a realidade das diversas regiões do país. Nós, da Paraíba, fomos designados para atuar no Pantanal do Mato Grosso.

Parte III Um banquete na abadia Tenho verdadeiro fascínio por abadias. Antes havia lido muito sobre a primeira que iria conhece...

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Parte III
Um banquete na abadia

Tenho verdadeiro fascínio por abadias. Antes havia lido muito sobre a primeira que iria conhecer: a Abadia de Fontenay (Borgonha). Ela foi fundada no século 12, mais exatamente em 1118, por São Bernardo de Claraval que pertencia à ordem dos monges cistercienses, criada em 1008. Eles abandonaram a vida de fausto em Cluny, e abraçaram a vida simples e reclusa.

Parte II Um célebre jantar na Borgonha Após dez dias na França, sendo uma semana em Paris e três dias no Vale do Loire, partimos...

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Parte II
Um célebre jantar na Borgonha

Após dez dias na França, sendo uma semana em Paris e três dias no Vale do Loire, partimos para a região da Borgonha, berço da família Rolin.

Nós escolhemos este destino por três motivos: conhecer uma abadia; conhecer o famoso “Hôtel Dieu”, na cidade de Beaune; e comer um boeuf borguignon! Começamos pela cidade de Beaune, deixando a abadia para o dia seguinte.


Beaune tem tudo para ser um dos melhores destinos turísticos da França. É estratégica base para turismo de carro. Pois se situa no centro da Borgonha, entre cidadezinhas pequenas e medievais. E a sua vinícola, junto com outras da região, compõem a chamada Côte D’Or dos vinhos, brancos e tintos.

É também estratégica porque, por exemplo, fica ao sul de Dijon, outra cidade medieval, bastante conhecida por sua culinária, com destaque para a mostarda. Fica a nordeste de Autun, cidade do Chanceler Rolin, político muito importante da região, na Idade Média.

Beaune é uma cidadezinha da idade média tipicamente francesa, simpaticíssima. Possui várias atrações, mas o destaque mesmo é o hospital-museu L’Hospice de Beaune, também chamado Hôtel Dieu. Foi fundado em 1443 pelo chanceler Nicolas Rolin, natural de Autun, na Borgonha, e sua esposa, Guignone.

A Guerra dos Cem Anos deixou como herança muita fome e pobreza para os borgonheses. Casal muito católico, possuidor de sensibilidade social muito elevada, preocupavam-se com o sofrimento das classes inferiores borgonhesas. Assim, resolveram criar um hospital para as pessoas carentes. Durante o resto da sua vida, o casal destinou-lhe uma subvenção anual e participação nos vinhedos e usina de sal.

O hospital possui o telhado multicolorido, proporcionando um efeito visual muito atraente e agradável. Ao conhecê-lo, acessamos inicialmente pela cozinha. Como todas as instalações do hospital, muito bem conservadas, a cozinha está toda montada com a reprodução de uma cena do seu dia-a-dia. Bonecos de cera animados representam freiras, cozinheiras e ajudantes de cozinha, umas lavando louças, esfregando o assoalho, e outras depenando um pato ou destripando um coelho.

Lá dentro tivemos acesso a um imenso salão, que tem em seus lados leitos individuais. Cada leito continha seu próprio equipamento: uma caneca de cobre, escarradeira, jarra e urinol, todos do mesmo material.

A ala seguinte, em ângulo reto com a primeira, uma enorme enfermaria com camas que eram usadas para realizar cirurgias. Nesta ala, duas estruturas no piso chamam atenção. A primeira é uma fenda transversal, longa e estreita, com poucos centímetros de largura. A guia turística nos explicou que era por essa fenda que escorria toda a água suja da lavagem do salão, despejada sobre o canal, que passa logo abaixo do hospital.

A outra estrutura tem uma explicação macabra: trata-se de um buraco redondo, largo, tampado por uma grande peça de metal. Por ele eram jogados restos de membros amputados e outras peças cirúrgicas.


Na região mais central da Borgonha existem duas distintas regiões vinícolas: a Côte de Beaune e a Côte de Nuits. Juntas elas compõem a Côte D’Or, uma longa linha de vinhedos que se estende de Dijon a Santenay. Beaune é chamada de “capital do vinho da Borgonha”.

Após a visita ao Hôtel Dieu, fomos conhecer o Museu do Vinho de Borgonha, no centro de Beaune.

Neste museu, instalado em um belíssimo prédio, o antigo Hotel des Ducs de Bourgogne, nós tivemos a oportunidade de acompanhar a história da vinicultura na região central da França.

Nele pudemos ver como evoluíram os equipamentos de produção agrícola, e os recipientes para a deliciosa bebida, desde alforjes até as garrafas dos dias de hoje, passando pelas ânforas de cerâmica. Também conhecemos a evolução dos modelos de taças, com a especificação do uso de cada uma. O museu conta, também, a história dos artifícios usados para vedar os recipientes, desde o cimento feito à base de osso moído até a rolha.

À noite fomos até o restaurante Le Fleury para conhecer a mais célebre atração gastronômica da Borgonha: o boeuf bourguignon!

Este prato tradicional da Borgonha é um ensopado à base de carne de gado charolês e vinho borgonha, claro. Além disso, são utilizados cogumelos, cebola, bacon e bouquet de garni, que são ramos de ervas aromáticas. O prato é acompanhado por batatas e torradas com alho.

Considerada uma das melhores da França, a iguaria é também o prato mais representativo da Borgonha. São necessárias muitas horas de cozimento em fogo baixo. Há chefs mais exagerados que levam pelo menos um dia até o prato ser considerado pronto para ser degustado.

Com este jantar demos por encerrada a nossa visita à cidade de Beaune. No dia seguinte partimos para conhecer a Abadia de Fontenay, tema da próxima crônica de viagem.

Parte I Cogumelos gigantes no vale do rio Loire: um jantar inesquecível! A Guerra dos Cem anos foi uma longa seqüência de confl...

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Parte I
Cogumelos gigantes no vale do rio Loire: um jantar inesquecível!

A Guerra dos Cem anos foi uma longa seqüência de conflitos armados entre a França e a Inglaterra, que se estendeu de 1337 a 1453. A beligerância foi motivada basicamente por interferências indevidas da Coroa da Inglaterra nos reinados da França, quando Eduardos, Carlos, Henriques, Felipes e Joões se alternaram no domínio parcial de território francês.

Dedico este artigo ao meu saudoso amigo José Severino Magalhães , companheiro das coisas boas da vida: ele gostava tanto de xadrez como d...

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Dedico este artigo ao meu saudoso amigo José Severino Magalhães, companheiro das coisas boas da vida: ele gostava tanto de xadrez como de música. Adorava todos os ritmos, chegava a ser radical: dizia que era capaz de dançar até o uca-uca, dos índios xavantes!

Tudo na vida tem um ritmo, e cada um de nós temos os nossos próprios ritmos. A vida nos ensina qual é o melhor. Para aqueles que decidem constituir família, por exemplo, o ritmo é namorar, noivar e casar. Cada etapa dessas tem o seu tempo; ou ritmo, pois ritmo é tempo, é o momento de cada coisa.

Ritmo é a expressão e o encontro do tempo com o som e o movimento. Os músicos utilizam o metrônomo para cadenciar as suas músicas, quando estão estudando ou compondo. Os bailarinos usam o mesmo instrumento para ritmar os seus movimentos, ao longo da música.

Muito cedo começamos a desenvolver um ritmo; mas não temos consciência disso. O bebezinho chora, come, descome e dorme. Esse é o seu ritmo natural.

Na meninice a gente aprende vários ritmos. Por exemplo: acorda, escova os dentes, come o desjejum e vai para escola. Outro: almoça, faz os deveres de casa e brinca. Mais outro: janta, brinca e dorme. E por último: desobedece, responde grosseiro, leva umas palmadas, vai dormir soluçando...

É claro que nada disso é perfeito, podem surgir complicadores. O celular é um deles, o mais moderno desorganizador de ritmos. Cabe à gente saber administrar esses instrumentos problemáticos.

Quando meninos nós prestávamos atenção ao tique-taque do relógio de carrilhão da nossa casa, que meu pai dava cordas todos os dias. Era ele que marcava o ritmo da família.

Cedo procurei aprender como ouvir uma música. Primeiro presto atenção ao som, busco identificar os instrumentos que o produzem. Depois procuro localizar os sons graves, buscando ouvir o contrabaixo, que é o elemento que melhor marca o ritmo de uma música, com a bateria. Depois é que tento identificar os outros instrumentos.

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Ao final da infância assistimos no Cine Brasil ao genial filme "Fantasia" (1940), de Walt Disney. Para mim essa película é a expressão maior da junção física do som com o movimento. Nela, Disney deu “cara” ao som, deu-lhe visibilidade.

Uma das melhores lembranças da película é a música "Valsa das Flores", do balé "Quebra-Nozes" (Opus 71a), de Piotr Tchaikovsky. E o que mais chamou a atenção foi que no início da música o ritmo é marcado pelo som de trompas! Acho que foi a partir daí que passei a prestar maior atenção ao uso destes instrumentos para fazer o compasso de uma música. A música "Heute Nacht Oder Nie", executada pela Palast Orchester, também tem o seu ritmo marcado por tubas.


Quando ainda éramos pequenos, nosso pai comprou uma radiola, e aos poucos foi-nos abastecendo de discos diversos, os quais ouvíamos diariamente. Foi o despertar para uma nova dimensão: o mundo do som!

Por essa época aprendemos a gostar de músicas, com seus ritmos variados: sambas, músicas clássicas, guitarra espanhola, o ritmo rodopiante das músicas de Ray Conniff, a bossa nova, mambo bolero e chá-chá-chá!

Assim, tivemos a oportunidade, ainda criança, de conviver com long-plays como: "Feitiço da Vila", com músicas só de Noel Rosa; "Marchas e Dobrados Célebres", com a Banda do Corpo de Bombeiros do antigo Estado da Guanabara; "La Dance du Feu", só com clássicos da guitarra espanhola; um álbum antigo de Glenn Miller; os álbuns "Continental", de Conniff; Perez Prado, entre muitos outros.

Todas as noites nos deitávamos para ler até adormecer. No nosso quarto havia um rádio antigo, alimentado por válvulas (que depois foram substituídas pelo transistor). Pois bem: adormecíamos ouvindo o programa "Ritmos da Panair", na Rádio Arapuã, ao som das orquestras de Tommy Dorsey, Severino Araújo, Billy Vaughn, além dos já mencionados Glenn Miller e Ray Conniff. Quando nosso pai subia para se recolher passava em nosso quarto e desligava o rádio.

Cedo ainda fiquei fascinado pelo ritmo das músicas de Ray Conniff. Percebo ritmo em muitas coisas que vejo, no dia-a-dia. Certa vez na Festa das Neves teve um brinquedo que consistia em xícaras grandes o suficiente para pessoas se sentarem, que estavam sobre um imenso tablado que girava, e cada uma das xícaras girava em torno de si própria.

Para mim, esse é exatamente o movimento ritmico das músicas produzidas pela orquestra de Ray Conniff: o casal dança como estrelas binárias que giram em torno de si, e ambas em torno do sol. O som é rodopiante!


Na adolescência, descobrimos que o coração bate diferente: o ritmo é mais acelerado do que na infância. É quando surgem as primeiras palpitações. Botando a mão no peito, analisava: ritmo regular, acelerado. Mais tarde, no curso médico complementava: ritmo regular, sinusal, freqüência igual a 68 batimentos por minuto... E todas as outras variantes.

Logo veio o rock’n roll, o twist (até hoje danço; que ritmo!), jovem guarda, hully-gully, guarânias, ciranda. Aí tornei-me adulto jovem e descobri todo o fascínio do cinema, que também produz músicas e ritmos inesquecíveis.

Foi o caso de "All That Jazz" (1979), cuja introdução é marcada pelo ritmo de On Broadway, de George Benson. Ou o show de jazz ritmado em banjo, "I Wanna Be Like You", tocado e dançado pela macacada do King Louie, no filme "Mogli, o Menino Lobo" (1967), de Walt Disney. Uma das melhores expressões do ritmo no jazz é "Beyond the Sea", versão americana de "La Mer", cantada por Bob Darin.


No curso ginasial, tivemos aulas de música. E fiquei conhecendo os ritmos binário, terciário e quaternário. Acho que foi a partir daí que eu passei a prestar maior atenção a ritmos. Muito depois, encontramos uma verdadeira aula prática na canção "I Have a Dream", do grupo Abba. Com nítida inspiração grega, a música em crescendo inicia-se no ritmo binário, evolui para ternário, e encerra-se num belo quaternário.

O xote é um ritmo que ora pode ser binário, ora quaternário. E o compasso é marcado por um... zabumbo! Lulu Santos toca a música "Fullgás", de Marina, em ritmo binário. E o afoxé dá um show marcando o ritmo dessa música. O afoxé também rouba a cena marcando o compasso na música "Na Cadência do Samba", brilhantemente executada por Waldir Calmon e seu conjunto, num ritmo alucinante. Um show! Aliás, essa canção, também conhecida por "Que Bonito É", é a maior expressão da associação da música com o futebol, no Brasil. Ao ouvi-la você tem a impressão que está vendo os dribles de Garrincha (Botafogo) e Pelé (Santos) jogando no Maracanã. Isso porque ela era o fundo musical do noticiário de futebol, no Cine-jornal Canal 100, de Carlinhos Niemeyer.


Ao final da juventude, assistimos ao filme "Zorba, o Grego" (1964), com sua música contagiante num ritmo crescendo, e a bonita dança, o sirtaki. Muitos anos depois, garimpando na internet reencontrei-a no Festival da Cultura Grega, no Canadá. Um show de música e dança sincronizada em plena rua da cidade de Otawa! Fez lembrar o ritmo elástico das cirandas da praia do Janga, de Olinda. A dança tem seu compasso marcado pelo som de um tarol.


Como podem ver, muitas músicas boas nós ouvimos ao longo da vida. Mas o que é comum entre elas é o ritmo. Posso citar a sempre a belíssima "Ave Maria", de Gounod, executada por Jorge Aragão em ritmo de samba. Linda! Emocionante! E "Dinorah", de e por Ivan Lins, tocada junto com o guitarrista norteamericano Lee Ritenour.

As músicas "Descobridor dos Sete Mares", com Lulu Santos, e "Assim Caminha a Humanidade" formam a melhor seqüencia para exercícios de alto-impacto, pelo ritmo em que são tocadas. Só nunca entendi o que Tim Maia quis dizer com “os recifes LÁ DE CIMA". No filme "Somente Você e Eu" (Just You and Me, Kid!, 1979), George Burns acorda sob aplausos artificiais e dá um show, performando ao som de "Tea for Two". É inebriante, de tanta ternura!


Vivo com o rádio ligado. Em casa, especialmente na Cabo Branco FM. E no carro, onde sempre recorro ao inseparável aplicativo shazzam, quando quero identificar uma música ou seu cantor. Desta forma tenho permitido deleitar-me com muitas músicas, e enriquecer ainda mais o meu acervo musical.

Já disse certa vez que a minha vida tem uma trilha sonora, como os filmes. Pois quase todos os momentos dela podem ser identificados ou foram marcados por uma musica.

Tenho lembrança de músicas desde a minha infância, quando me embalavam à noite, até a vida adulta. Recordo-me bem de muitas músicas, ao longo da vida.

Tenho um grande projeto, que é gravar as músicas que me foram as mais expressivas, ao longo da minha existência. Um dia vou fazê-lo, quando parar de vez a minha atividade profissional.

Mas isto é outra história.

Silvino é uma grande figura. Sempre teve personalidade forte. Embora seja o quinto filho de uma prole de oito de Francisco e Nair, destaca...

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Silvino é uma grande figura. Sempre teve personalidade forte. Embora seja o quinto filho de uma prole de oito de Francisco e Nair, destacava-se na família porque sempre soube o que queria. Dotado de espírito de liderança, fez amigos sinceros, os quais conserva até hoje, ao longo dessas tantas décadas de vida.

Vários anos atrás, quando fomos conhecer a Galeria dei Uffizi em Florença, notamos que na área interna havia pinturas que exaltavam as Vi...

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Vários anos atrás, quando fomos conhecer a Galeria dei Uffizi em Florença, notamos que na área interna havia pinturas que exaltavam as Virtudes: uma delas do pintor florentino Sandro Boticelli: a Fortaleza. As outras são do pintor, também florentino, Piero Del Polaiollo.

"Mãe, só tem uma". Pois é, crescemos ouvindo essa máxima. Embora ginecologicamente seja correta, a história mostra que, bem... ...

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"Mãe, só tem uma". Pois é, crescemos ouvindo essa máxima. Embora ginecologicamente seja correta, a história mostra que, bem...

... Não é bem assim!

Com grande preocupação e temor tenho assistido ao desmantelamento da educação brasileira. É gritante a desvalorização do ensino e do profe...

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Com grande preocupação e temor tenho assistido ao desmantelamento da educação brasileira. É gritante a desvalorização do ensino e do professor, algo que vem acontecendo há algum tempo, mas que recentemente agravou-se muito mais.

Certo dia conversávamos numa roda sobre a excelência do ensino que a nossa geração recebeu. Aí relembramos o português ensinado por Alessio...

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Certo dia conversávamos numa roda sobre a excelência do ensino que a nossa geração recebeu. Aí relembramos o português ensinado por Alessio Toni e a sua personalidade brilhante, que o torna figura tão querida. Foi quando Ilma teve a brilhante ideia:

— “Por que vocês não fazem uma homenagem a ele?”

Após três dias na Itália, eis que chegou a hora de conhecer a Cidade Eterna. Desejo antigo, acumulado ao longo da minha juventude, nos livro...

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Após três dias na Itália, eis que chegou a hora de conhecer a Cidade Eterna. Desejo antigo, acumulado ao longo da minha juventude, nos livros escolares, na enciclopédia de meu pai e nos inúmeros filmes italianos a que já havia assistido.

Embora eu não tenha nenhuma habilidade para tocar instrumentos, a música sempre fez parte da mim. Costumo dizer que a minha vida tem trilha...

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Embora eu não tenha nenhuma habilidade para tocar instrumentos, a música sempre fez parte da mim. Costumo dizer que a minha vida tem trilha sonora, pois quase todos os momentos da minha existência são associados a uma canção.

Muito cedo desenvolvi paixão pelo cinema. Esclareço que quando menciono “cinema” refiro-me à forma e ao conteúdo. Para mim, gostar de cinem...

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Muito cedo desenvolvi paixão pelo cinema. Esclareço que quando menciono “cinema” refiro-me à forma e ao conteúdo. Para mim, gostar de cinema significa ir ao cinema, assistir a filmes em salas de cinema. Lá eu não perco nada da produção. Não tem menino, cachorro, geladeira, telefone, campainha nem vizinhos. O cinema é um ambiente feito para se ver filmes e jamais será substituído pela TV!

Estávamos apenas há dois dias na Itália e em tão pouco tempo coisas memoráveis já haviam nos acontecido. Muitas emoções já tínhamos vivido,...

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Estávamos apenas há dois dias na Itália e em tão pouco tempo coisas memoráveis já haviam nos acontecido. Muitas emoções já tínhamos vivido, mas algumas surpresas ainda estavam reservadas para nós. E que surpresas!

Em nosso segundo dia em Cesenático tomamos conhecimento, por meio de Fiorenzo Presepi, do hotel Dolce Vita, que Rimini, a cidade natal de Federico Fellini, ficava logo ao sul, a apenas meia hora de trem.

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Rimini foi o cenário de boa parte dos filmes do cineasta italiano, os melhores, em minha opinião. Ele tinha grande fascínio pela cidade. Era uma espécie de Macondo, de Gabriel Garcia Marquez; ou da minha Misericórdia, guardadas as devidas proporções.

Acompanhei o trabalho de Fellini desde a minha juventude. Adoro seus filmes, todos enriquecidos pela música inconfundível de Nino Rota. Eu os vejo com boa frequência.

Na lista dos 10 melhores filmes da minha vida, "Amarcord" ocupa o primeiro lugar. Depois está "O Baile", de Ettore Scolla. Em seguida vêm os outros.

Sabendo da proximidade de Rimini, combinei com Ilma, minha esposa, aproveitarmos a oportunidade de visitar a cidade. Era o nosso último dia na região, pois viajaríamos para Roma na manhã seguinte. Um dos companheiros de viagem, que também admirava Fellini, resolveu nos acompanhar.

Passamos a manhã conhecendo Cesenático, em um agradável passeio, conforme já descrevi neste Ambiente de Leitura, na postagem "Recepção à moda italiana". Almoçamos mais cedo, e em pouco tempo desembarcamos, os três, na estação ferroviária de Rimini.

No birô de informações, procuramos saber quais os maiores pontos de atração do lugar. Em nosso íntimo, sabíamos que a maior de todas as atrações era a própria cidade! Havia muito o que visitar, naquele lugar especial, cenário de muitos filmes de Fellini. Ficamos interessados em realizar o "Amarcord Tour", promovido pela entidade de turismo local, um passeio pelo lugares marcantes da filmografia do cineasta. Todavia, restou-nos apenas visitar algumas das locações do roteiro, pois uma greve ferroviária estava marcada para as 9 da noite daquele dia. Fomos obrigados, assim, a limitar o passeio.


Nossa intenção era evitar surpresas na viagem de volta a Cesenático, ainda mais sabendo que os grevistas italianos param os vagões onde quer que estejam, numa estação ou antes dela. Se isso acontecesse, teríamos que concluir o percurso caminhando pelos trilhos. Por tudo isso, compramos, de logo, os bilhetes de embarque de retorno, com o vagão e lugares marcados.

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Passamos o tempo visitando os templos sagrados de Fellini. O Grand Hotel era o mais expressivo, foi lá que "La Gradisca", principal personagem feminina de Amarcord, pôde esnobar toda a sua sensualidade, diante do "Il Príncipe", outra figura tipicamente felliniana.

As melhores cenas de Os Boas Vidas (I Vitelloni) também foram filmadas no Grand Hotel (dá até para “ouvir” a música de Nino Rota, enquanto escrevo). Sempre que podia, Fellini incluía o Grand Hotel em suas produções.

Quantas lembranças o hotel me evocou: o professor popular na bicicleta, descrevendo "le manine"; "la Volpina", ninfomaníaca; os camisas-negras se exibindo de forma ridícula; o acordeonista cego, tocando Siboney no casamento da Gradisca... Ahhhh!

O estabelecimento também foi cenário de um dos instantes mais ternos de "Amarcord." No filmes, o hotel está fechado devido ao inverno. Lá fora os rapazes realizam uma suave dança ao som da música tema do filme, simulando tocar instrumentos imaginários. Lindo momento, cheio de ternura. De arrepiar!


Seguindo para o centro visitamos o Cine Fulgor, onde Fellini teve a oportunidade de destilar todo o espírito moleque, anarquista, da sua adolescência. Algo ocorrido com a da maioria de nós.

Caminhamos pela rua onde havia uma tabacaria na qual o jovem Fellini recebe os favores adolescentes da dama proprietária, de corpo avantajado, num encontro hilariante.

Deixamos para o fim o passeio na praça Cavour, onde "La Gradisca" desfila o seu charme, sendo alvo de atenções masculinas expressivas, que hoje podem ser mal-interpretadas como assédio, mas que as mulheres de outrora adoravam, por se sentire atraentes. As italianas, pelo menos.

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Ali também acontece a cena do motociclista misterioso, a percorrer em alta velocidade as ruas da cidade, especialmente a praça coberta de neve, em desafio às autoridades.

Lamento não termos tido tempo para visitar a fazenda onde o tio maluco de Fellini sobe numa árvore e grita, bem alto: “Voglio una donna! Voglio una donna!”. Ninguém consegue fazê-lo descer. Até que trazem a freira, diretora do asilo onde ele moraa, que tem metade do tamanho dele. Ela, porém, é muito braba: passa-lhe uma descompostura e ele desce!


Num restaurante da praça tomamos um vinho em homenagem a Fellini, e apressamos o nosso retorno à estação. Mas a maior surpresa estava reservada para o fim da nossa visita.

O acesso às plataformas da estação de Rimini se faz por um corredor subterrâneo, de onde sobem escadas tão íngremes que mais parecem os degraus de templos astecas. Preocupados com a iminência da partida do trem para Cesenático, subimos por essas escadas uma por uma, procurando o comboio. A nossa plataforma era a terceira, e chegamos lá em cima quase sem fôlego.

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Encontramos um trem parado, todo escuro, as paredes cobertas de pichações indecifráveis, sem placa de destino nem outras informações. Ficamos parados, confusos, procurando alguma identificação. Foi quando ouvimos uma voz feminina atrás de nós dizer, em português cristalino: 


— O trem para Cesenático é esse aí mesmo!

Olhamos para trás e vimos uma mulher escorada na balaustrada de uma das escadas de acesso à plataforma mal iluminada.
 Ela era magra, alta, pele bronzeada, bem maquiada, elegante e vestia uma calça pantalona de veludo cotelê verde e um bustiê róseo. Estava acendendo o seu cigarro numa sofisticada piteira madrepérola.

Aproximamo-nos e Ilma perguntou encantada, pois havia mais de três semanas que estávamos na Europa, sem ouvir ninguém falar o nosso idioma:

— Você é brasileira? De onde você é?”

— Do Recife — respondeu, com o sotaque típico dos habitantes da metrópole vizinha

— Que maravilha! Nós somos da capital paraibana. Faz tempo que está na Itália?

— Mais de cinco anos.

Nisso chega o nosso amigo, que estava mais atrás. Ilma, entusiasmada, fala pra ele:


— Olha, que beleza! Ela é brasileira e nossa vizinha, lá do Recife.

— Ah! Olá. Tudo bem? E o que você faz por aqui?

— A situação não estava boa no Brasil. Vim tentar a vida na Itália. Aqui tenho muito mais oportunidades.

— Você trabalha em quê? — perguntou nosso companheiro.

— Canto e danço nas boates da região.

Ouvindo isso, comecei a prestar maior atenção na conterrânea: boa altura, rosto ligeiramente anguloso, gogó evidente, maçãs salientes, testa idem, tudo realçado por uma bandana larga. Então resolvi dar a estocada final:


— Qual é o seu nome?

— Grêice — disse ela.

Touché! Aí resolvi deixar o grupo de brasileiros deslumbrados trocando elogios e informações de viagem e fui procurar o vagão “D” do trem para Cesenático. Ainda ouvi quando nosso companheiro falou:


— Puxa! Com essa voz, esse corpo e esse bronzeado, você deve fazer o maior sucesso!

Pano, rápido!


José Mário Espínola é médico e escritor

A nossa primeira visita à Itália trouxe novas experiências, acompanhadas de emoções incríveis. Foi uma estreia, pois nunca havíamos pisado ...

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A nossa primeira visita à Itália trouxe novas experiências, acompanhadas de emoções incríveis. Foi uma estreia, pois nunca havíamos pisado o solo italiano antes. Ilma, minha esposa, eu e os companheiros de viagem, Karlisson e Socorro e Sérgio e Tereza, estávamos chegando de uma longa viagem pela França, onde havíamos percorrido, numa van alugada, a Rota dos Vinhos.