Os dois vocábulos estão interrelacionados, mas apresentam significados diferentes:
Beneficência: “ato, prática ou virtude de fazer o bem, de beneficiar o próximo; bem-fazer, filantropia; Ação que encerra grande e agradável generosidade das almas belas"; […]1 "Sentimento que faz a criatura olhar as outras como olha a si mesma, despindo-se, jubilosa, para cobrir o seu irmão!" […] Já ensinava Adolfo, Bispo de Argel, em mensagem espírita transmitida em Bordeaux, no ano de 1861. 2Caridade: “virtude teologal que conduz ao amor a Deus e ao nosso semelhante.”3 A caridade resume todas as virtudes que conduzirá os povos à felicidade.4
VARIAÇÕES SOBRE UMA PEDRA
E o peso, essa discórdia,
essa falta de disciplina,
o terço desfiado a esmo
na comichão dos dedos sem paz,
convulsos, na luta inglória
E o limo que floresce,
delicado e célere,
na expectativa de nosso primeiro passo.
A esperança é um tema que atravessa diversas áreas do conhecimento, desde a filosofia até a psicologia, passando pela literatura e pela espiritualidade. A famosa passagem da mitologia grega, em que Pandora fecha a caixa, deixando apenas a esperança para a humanidade, ilustra bem como esse sentimento é fundamental para a sobrevivência e a perseverança do ser humano. A ideia de que “a esperança é a última que morre” nos lembra que,
Viver em terras lusitanas é como caminhar por um livro antigo cujas páginas, ao serem tocadas pelo vento, sussurram histórias que nos pertencem — mesmo antes de as conhecermos.
Eurídice, presente neste texto, não é a decantada ninfa, esposa de Orfeu. Ainda bem, porque essa condição a livra de ser, como a outra Eurídice, perseguida pelo famigerado Aristeu. Segundo a lenda, esse pastor de ovelhas mal intencionado (falamos de Aristeu) que, não levando a cabo suas nefastas intenções, fez a mulher de Orfeu ser mordida por uma serpente, indo esta (a esposa e não a cobra) parar no mundo dos mortos, o reino de Hades e Perséfone. Isso é um pedaço da história que só contei para dissipar dúvidas
Em Pervertido Querubim (2024), Chico Viana estreia na poesia trazendo à tona memórias íntimas, reflexões existenciais e lirismo. A obra não segue roteiro fixo, nem doutrinas – surge do tempo cultivado e da inspiração aliada ao labor. Professor, cronista e agora poeta, Viana busca oferecer beleza e provocar reflexões sobre a vida e a morte.
“Faça ou não - você irá se arrepender
de qualquer maneira” (Kierkegaard)
Atenção! Tudo que se seguirá a partir de agora é passível de discordância e, mais ainda, não tem valor algum; pois, no final das contas, a nossa limitação epistemológica não nos permite ter certeza sobre nada. Como uma sombra que nos persegue. A sombra que nunca se desprende do solado do homem que vive sob o sol da razão.
Sempre quando passo pela região onde está o plantio de flores no engenho Avarzeado, em Pilões, recordo uma visita realizada na companhia de Gonzaga Rodrigues e seu filho Fabiano, em tempo atrás, e recebemos as saudações da Natureza do Brejo, com abraços festivos das agricultoras. Estas exibiam os produtos de suas mãos com largos sorrisos.
Mário Quintana protagoniza um curioso paradoxo: o de ser lembrado por ter sido esquecido, em eleições para a Academia, e dar o lugar a candidatos de menos mérito do que ele. O fato sempre é citado quando alguém se torna alvo de injustiça semelhante. A rejeição ao grande poeta, que o Brasil reconhece e ama, terminou se constituindo num símbolo da iniquidade que por vezes permeia as escolhas nesse tipo de instituição.
Algumas pessoas têm a notável habilidade de se doar. Sentem, em sua condição profundamente humana, que há mais espaço para acolher os interesses do outro do que para cultivar suas próprias dores cotidianas. São indivíduos que comovem pela generosidade com que estabelecem vínculos, oferecendo presença, escuta e palavras — sem carregar pedras nos bolsos. Essa leveza no convívio, rara e preciosa, torna-os verdadeiros bálsamos num mundo cada vez mais árido de afeto.
A população sempre busca uma alternativa para escapar do transporte público, e não faltam razões: ônibus e metrôs lotados, trânsito caótico, e a eterna pressão de chegar no horário para não levar bronca. Recordo que, quando criança, já havia alternativas na minha cidade natal, que era rural. Primeiro surgiram os “alternativos” – aqueles Opalas, Monzas –, e a gente pagava uma quantia próxima à da passagem de ônibus e dividia a corrida com outros quatro passageiros. As crianças, claro, iam no colo. Depois vieram as vans, as kombis.
Creio que não exista entre nós, pelo menos como imagino. Pode haver um arremedo de arquivo como as universidades e algumas instituições culturais, mas não um órgão (ou uma entidade) criado com esse fim específico: o de guardar e preservar o acervo bibliográfico dos intelectuais paraibanos, escritores ou não. Ou seja, aqueles e aquelas que colecionaram livros ao longo da vida e terminaram por formar verdadeiras bibliotecas particulares, muitas das quais contendo preciosidades dignas de museu. Em outras unidades da federação brasileira existem instituições assim,
Um dia perguntaram a Rabi’a al-Adawiyya, uma das maiores místicas do sufismo no século VIII:
— Se você tivesse asas, voaria ao Paraíso?
E ela respondeu:
— Não. Eu iria além do Paraíso, até Deus. Porque não busco a recompensa, mas sim o Amado.
Esse tipo de amor é chamado em árabe de "ḥubb li-llāh", ou "amor pelo Próprio Deus", e é o centro da mística sufi, particularmente nas obras de Rabi’a.
Alessandro Cancian
Na vida, dependendo da época e do sentimento, desejamos voar para diferentes lugares.
Quando somos jovens, queremos conquistar o mundo, experimentar o novo, buscar aventuras. Mais tarde, porém, o coração deseja apenas se refugiar, descansar e se reconectar com a sua essência.
Como o vento muda de direção, assim também mudam os nossos impulsos de “voar”, de migrar internamente para outros estados de alma: mudar de profissão, de estilo de vida, de crenças, de afetos. Cada sentimento, seja saudade, inquietação ou dor, nos impulsiona a novos caminhos, reais ou imaginários.
Md Akbar Ali
Desejar “voar para diferentes lugares” é uma metáfora de nossa busca por plenitude, significado e pertencimento.
Os desejos humanos não são estáticos, sempre mudam. Contudo, qual o destino seguro? Afinal, mesmo com asas, podemos nos perder...
Intuitivamente, desejamos voar para onde há paz, silêncio e beleza, talvez para um campo florido ao amanhecer, para uma montanha envolta em neblina ou mesmo para o mar aberto sob o pôr do sol. Lugares onde a alma possa respirar fundo.
@prismatically
Cada ser humano é um eterno viajante em busca de sentido, de paz e de contentamento, que procura alçar voos através de sonhos, projetos, relacionamentos, conquistas. Mas quantas vezes, ao chegarmos nesses lugares da vida, ainda experimentamos um vazio interior?
Nenhum abrigo terreno é tão estável quanto o amparo divino. Nenhuma realização exterior substitui o acolhimento da Presença de Deus em nosso íntimo, pois a paz verdadeira não está fora, mas dentro de nós, quando descobrimos e cultivamos a nossa ligação com o Criador. Essa ligação é o voo mais sublime, é o voo da alma que confia em Deus, que o ama, que se entrega a Ele.
@SageSistas
Voar até Deus é buscá-Lo em oração, no serviço ao próximo, no perdão, na resignação, na esperança. É voltar à Fonte, procurando conscientemente esse retorno, mesmo em meio às duras provas do mundo.
Nos momentos de dor, de dúvida ou desespero, "voar até Deus", buscar a Sua Presença em oração, no serviço ao próximo e na prática do bem, é o melhor e mais seguro plano de voo.
Voltar para Deus não é uma fuga da vida, mas um impulso de fé que nos move a trabalhar, perdoar, recomeçar e amar. E o melhor disso é saber que, quando sentimos necessidade de Deus, é porque Ele já está conosco.
@mindveg
O voo até Deus acontece pelo silêncio interior, pela renovação de atitudes e pelo amor ao próximo. Voar em busca Dele, do “Amado”, no dizer de Rabi’a al-Adawiyya, é o movimento mais certo e necessário da alma humana; é o destino buscado por quem confia, mesmo sem ver, por quem ama, mesmo sem ser amado, e por quem serve, mesmo sem perspectiva de recompensa.
Foi a mesma poetisa e mística sufi que abriu esta crônica que também escreveu uma das mais belas orações já feitas pela mão humana:
"Ó meu Deus, se Te adoro por medo do Inferno, queima-me nele.
Se Te adoro pelo Paraíso, exclui-me dele.
Mas se Te adoro por Ti Mesmo, não me negues a Tua Beleza Eterna."
Fernando Vasconcelos obriga-me a acompanhar a escrita dos seus passos, de suas observações e, com a voracidade com que a globalização sucateou os meios e subverteu os usos da comunicação, mais me atenho às repercussões disso tudo em sua coluna semanal.
Clique nessa foto (abaixo) com “A Vista de Naarden” de Jacob van Ruisdael, pra ampliá-la. Eu a vi pela primeira vez quando, já bem perto do museu do Prado, Madri, 1994, atraiu-me, no Thyssen-Borniemisza, o título da mostra “El Siglo de Oro del Paisaje Holandés”. Rembrandt, Frans Hals e Vermeer viveram cercados de geniais criadores de naturezas-mortas, marinhas e paisagistas.
Quando assistíamos às conferências de Divaldo Franco (desde a primeira vez), ficávamos literalmente encantados. Então, perguntava à mudez de minhas incontidas emoções sobre como era possível alguém falar em público com tamanha clareza, eloquência e convicção para expor assuntos tão complexos? A profundidade e a maneira como ele discorria sobre temas com conhecimentos