Dias atrás encontrei-me com Sérgio Botelho, cronista de boa cepa que vem resgatando o que dessa nossa memória pessoense merece ser resgatado. Um casarão ali que está em ruínas, aquela rua que foi de um jeito e hoje é de outro, o monumento que está ligado à partes importantes de nossa história e por aí vai esse escrevinhador eternizando através de seu cálamo inspirado os tesouros que muitas vezes escapam aos nossos olhos.
Sérgio Botelho
Dito isto, agora vamos à conversa que tive com esse ilustre memorialista. Por falar em gente, a prosa, como era de se esperar, chegou aos doidos. O mote provocou acalorada discussão entre mim e o ilustre escritor. Tivemos que recorrer aos tortuosos labirintos da metafísica para chegarmos, depois de muitas discordâncias a um preceito que deve ganhar a magnitude de um axioma e entrar para os anais do pensamento filosófico. É o seguinte: Cidade que não tem pelo menos um doido de destaque não merece respeito.
Assim pensando, a nossa urbe, se projeta como uma referência não só aqui nessa Pindorama onde vivemos, vulgo Brasil, mas é estrela de maior grandeza
"Velho do saco" A. David Diniz
Essa constatação que eleva nossa capital das acácias à condição de destaque no planeta, fez-me viajar no tempo e buscar uns doidos, ou doidas, que ainda habitam minha memória.
Lá nos distantes 1978 e 79, todas as segundas-feiras eu lecionava na cidade de Franca, interior paulista. O curso pré-vestibular onde exerci o ofício do qual já me aposentei, ficava na Rua do Comércio, via que desembocava na Praça da Matriz. Essa praça, naqueles tempos, abrigava o comércio informal de pedras preciosas e quem circulava por ali era o louco mais emblemático da cidade: Pelotão, que atirava pedras em quem o chamasse pelo apodo. Franca merece respeito por reconhecimento ao seu doido e é devido a ele tratada respeitosamente pelos francanos como “A Franca do Imperador”.
Franca (São Paulo) @francasite
Vou contar quem foi Zé Pupu. Na minha infância, digo coisa dos 7 aos 11 ou 12 anos, frequentei as matinês do Cine Santana. A garotada cativa daquelas tardes de domingo podia ver John Wayne, Roy Rogers, Book Jones, Randolph Scott, Hopallong Cassidy...
GD'Art
Era o mais animado entre nós. Quando um bandido aparecia na tela ele descarregava aquela munição de festim na cara do facínora. E e era só aplausos da garotada. Uma apoteose!
Contei isso e perguntei ao Sérgio: Um menino hoje tem noção desse encantamento, dessa magia? A resposta foi essa: Claro que não.
É por isso que digo até com certo orgulho que, de todos os malucos que vi pelo mundo, Zé Pupu foi o meu favorito.