Quantas páginas
Ainda me resta
Escrever?
(Não desejo
Saber)
O poema que
Faço de mim
Não é um épico
Mas inscrevo
No tempo que tenho
Memórias
Preciso ser esquecido
Depois de mim
Mas o que fiz... não…
E se me acharem vazio
É porque o tudo que tinha
Eu dei…
Não reclamo as ilusórias
Homenagens
Mas peço a atenção por minha humanidade
Sou filho dos erros
Sou desassossego
Pela fome dos outros
Meu Vazio
É maior que eu
E cabe numa canção
Uma canção como um blues
Ou um som de chibata
Nas costas da humanidade
Quero sair da vida
Com a certeza da volta
Para a terra real
A que piso e como
E bebo
E me embriago de vida
Deixo como testamento
As estrelas do Céu
E um imenso mar que tanto me encantou
Dos meus pecados
Orações
E a revolução que jamais haverá
Nada de mim no tempo
Só quero um esquecimento
Para que outros ocupem o mesmo lugar
Tempo, tempo, tempo
Caetano
E suas verdades
E já sinto que me alongo
Para dizer tão pouco
Das páginas que ainda não escrevi
Mas é que a vida é urgente
E como disse Bob Dylan
"It's all over now, my baby blue!"
Minha casa
Anda cheia
De litros vazios
Muitos deles
Os bebi
Em tragos de existência
Minha casa cheira
A demência
Mas, quem não a tem ou terá?
Minha casa tem sombra
E solidões
Múltiplas e expostas
Por isso é que
A minha casa é
Perfeita
Ela fica entre o Norte da África
A fonte de Janelas
E as bombas do mundo
Minha casa
É uma incongruência
De mim
Qual a profundeza
Da solidão?
Se mede?
Só sei
De um vazio
Onde hábito
Se é covardia fugir
Ninguém disse
Que deveria ser herói
E as rosas murcham
Os olhos embaçam
E um blues ecoa na imensidão
Não é culpa de ninguém
Nem do Destino
Rota morta para quem não acredita
Deixe estar
Como disseram os Beatles:
"Let it be"
Mas minha ""Mother Mary"
Já não está mais aqui
E cá estou eu sem saber nada da vida
Gira o tempo
E me deixa
Rente a os miseráveis