A vida é um convite constante ao aprendizado. Desde os primeiros passos, somos desafiados a descobrir, compreender e transformar nossas experiências em sabedoria. Aprender não é apenas acumular informações, mas desenvolver a capacidade de interpretar o mundo, de nos autoconhecermos e de nos integrarmos de forma mais lúcida e responsável à sociedade e ao Universo. Como nos lembra André Luiz, em Agenda cristã, o primeiro imperativo cristão é: “aprende, humildemente”.
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Sem humildade, não há verdadeira abertura ao novo, pois o orgulho e a presunção bloqueiam a assimilação da verdade.
Para que o aprendizado seja pleno, é necessário cultivar alguns requisitos essenciais: abertura de espírito, perseverança, disciplina, curiosidade e, sobretudo, humildade. A educação, nesse sentido, encontra base em quatro pilares fundamentais, propostos pela Unesco e ressignificados em diversas perspectivas: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Todos eles revelam a centralidade do verbo “aprender” como caminho de evolução integral do ser humano, abrangendo tanto a dimensão individual quanto a coletiva.
O aprendizado se manifesta em múltiplas dimensões. Existe o aprendizado cognitivo, voltado ao conhecimento intelectual; o afetivo, que nos ensina a lidar com emoções e sentimentos; o psicológico, que fortalece a consciência de si mesmo e a saúde interior; o social, que nos educa para a convivência e a fraternidade; e o espiritual, que ilumina a alma e nos vincula ao Criador. Cada um desses aspectos se entrelaça, formando um tecido de experiências que nos orienta no progresso e no cumprimento da lei do aperfeiçoamento.
T. Miroshnichenko
Mas aprender não é tudo. Muitas vezes, é necessário refazer. Quando falhamos, erramos ou não realizamos algo da melhor forma, a Vida, em sua pedagogia divina, oferece a oportunidade de retomar o caminho. É nesse ponto que entram as provas e as expiações. Conforme ensina O evangelho segundo o espiritismo, capítulo V, as provas são desafios escolhidos pelo Espírito para acelerar o progresso, enquanto as expiações são consequências naturais dos erros cometidos, permitindo a reparação e o reajuste. No livro O consolador, essa diferenciação também é apresentada, esclarecendo que tanto a prova quanto a expiação são mecanismos de crescimento e redenção.
R. Lach
Kardec, em O céu e o inferno, primeira parte, capítulo VII, aprofunda esse tema ao tratar do arrependimento, da expiação e da reparação. O arrependimento é o despertar da consciência para o erro; a expiação é o processo de refazer, de vivenciar experiências que corrigem o passado; e a reparação é a ação positiva, restauradora, que reequilibra as consequências da falta. Refazer, portanto, é suportar dores ou lutas; mais que isso, é recriar a existência em bases firmes, alinhadas à Lei Divina.
Um exemplo vivo dessa necessidade de refazer encontra-se no livro Voltei, psicografado por Chico Xavier, quando um Espírito, diante da travessia de uma ponte simbólica, sente-se indigno por ter sido criminoso em sua existência terrena. Tomado pelo remorso, hesita em seguir adiante. É então amparado por Bezerra de Menezes, que lhe recorda as ações benéficas realizadas após os equívocos, as quais lhe asseguravam o direito de avançar. Esse episódio revela que ninguém está condenado ao fracasso eterno: sempre há a possibilidade de reconstrução e progresso, desde que o arrependimento se converta em esforço regenerador.
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Concluímos evocando a canção Anjos, do Grupo Acorde, que anuncia a esperança de que, um dia, todos nós seremos anjos. Essa imagem poética resume o destino maior da Humanidade: pelo aprendizado constante e pelo refazer dos caminhos mal trilhados, avançamos rumo à perfeição relativa. Aprender amplia horizontes, refazer restaura os caminhos, e ambos se unem para nos conduzir à plenitude espiritual, quando enfim alcançaremos a condição luminosa dos anjos, em comunhão com o Bem e com Deus.