... Lucas Arroxelas , poeta e cronista a quem me dirijo e, sem que a tanto tencione, sobrevém Arroxelas, Antônio Augusto, a quem não p...

Meu caro Arroxelas...

antonio augusto lucas arroxelas
... Lucas Arroxelas, poeta e cronista a quem me dirijo e, sem que a tanto tencione, sobrevém Arroxelas, Antônio Augusto, a quem não pude barrar a surgir dos guardados mais vivos da memória.

Sobrevém nessa alusão algo mais que um sobrenome, um vulto de participação destemida da cidadania nas questões e nas lutas de um tempo o mais próximo que tivemos até hoje das sonhadas reformas sociais. Tivemos em Antônio Arroxelas, avô do jovem escritor a quem saúdo, o militante de coerência inquebrantável frente à repressão e às
antonio augusto lucas arroxelas
Antônio Augusto Arroxelas CMJP
facilidades privilegiadas escondidas na política. A idade não lhe quebrantou o ideal ainda que o modelo aberto a toda a juventude dos anos 1950, a terra azul de Gagarin, fosse tragado pelo novo capitalismo.

Não bastasse o avô Arroxelas, lá vem Chico Arnaud, outro avô de fazer inveja aos netos mais bem-aventurados, um modelo de administrador público a serviço do estado, da prefeitura, e dos que dariam a vida por um teto seu, dos seus filhos. Sabem o que é isto 70% ou mais da nossa população que saiu povoando as redondezas da cidade.

A euforia geral de hoje tem se concentrado no rico investimento habitacional com suas moradias de luxo a atrair o turista, futuro dono do que temos de melhor na paisagem que se acrescenta e na que a cada dia se requalifica na linguagem nova. Mas não consigo me livrar, nome por nome, dos que comigo sonharam e conseguiram se firmar além da conquista individual.

antonio augusto lucas arroxelas
Lucas Arroxelas
Dito isto, eis-me lendo uma nova e boa crônica que vem se juntar ao celeiro de que A UNIÃO tem dado a mais antiga e bem-sucedida lavra. Lucas Arroxelas, assim como Chico Viana e Lau Siqueira vêm dando presença à crônica paraibana nas páginas eletrônicas das Crônicas Cariocas. E de repente e de graça me vejo mencionado e remetido ao endereço mais ambicionado pelos que se entregam à ventura literária, o Rio, nossa metrópole cultural.

Eu, a nossa João Pessoa, a Torre. Quantas vezes tentei ser lido na terra de Machado de Assis! Em 1962, quando pisei no Rio pela primeira vez, já o conhecia de calçada, de praça, de rua e mesmo de casa a dentro. Em salas que me sentei a partir de Relíquias da Casa Velha, uma edição popular fora das feitas para enfeitar estante até o ambiente rico de história e de personagens que continua habitando não só em sua ficção como na realidade bendita de sua crônica.

antonio augusto lucas arroxelas
Como tentei! E vem Otávio Sitônio Pinto, naquela crueza: - Sua crônica é localizada, nêgo velho. É difícil vender lá fora. E se dê por feliz.

Eu tinha mandado um de meus livros – Um sítio que anda comigo — a meia dúzia de renomes que tive a rara chance de conhecer. Recebi de um deles: “Recebi seu livro, obrigado”. Vinte anos depois, tentando dar à crônica uma roupagem de novela, faço nova remessa com Retrato de memória. Recebi do grande Ledo Ivo algumas palavras de conforto. E já me dei por satisfeito.

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  1. Lucas Arroxelas5/10/25 16:58

    Grande alegria e honra tenho em ler essa crônica do grande Gonzaga Rodrigues, a quem há muito admiro e com quem muito aprendo sobre esse ofício do qual ele é nosso grande mestre

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