março 16, 2023
O corte no solo feito pela lâmina da água que brota do fundo da terra ou mergulha do alto do céu ao longo dos tempos cria a ...
O corte no solo feito pela lâmina da água que brota do fundo da terra ou mergulha do alto do céu ao longo dos tempos cria a estrada permanentemente irregular, bela e de onde até das pedras emana o cheiro de vida. Na contramão da água em cantoria vinda de uma nascente próxima, o corpo humano aceita o desafio e avança, a mente acata o convite à viagem e viaja e o Sol encontra espaços para compor pincéis de luzes telas.
março 16, 2023
março 08, 2023
Há lágrimas femininas a chorar dores terríveis. Da violência e preconceitos de todas as formas e tamanhos, do imprensível vazio pelo...
Há lágrimas femininas a chorar dores terríveis. Da violência e preconceitos de todas as formas e tamanhos, do imprensível vazio pelo marido ou filho levados precocemente pela guerra diária da sociedade que mata gratuitamente, do medo de cruzar a rua e sobreviver a um estupro e mesmo do desafio de lutar pelo espaço que lhe é devido. Apesar de tantos avanços, ainda há muitos atrasos. E é preciso continuar lutando... E impedir que mais mulheres tombem, porque a cada mulher caída, a raça humana sofre uma derrota.
março 08, 2023
março 01, 2023
O sereníssimo encontro de doce e sal faz a mistura perfeita da natureza. As águas, a areia, a rocha, o verde, os corpos, o sol e a ...
O sereníssimo encontro de doce e sal faz a mistura perfeita da natureza. As águas, a areia, a rocha, o verde, os corpos, o sol e a paz. A procissão adocicada serpenteia por entre tons enverdejantes e cinzentos do mangue em muitas curvas, algumas retas, várias vidas até o abraço com o salgado oceano dominante que se abre infinito.
março 01, 2023
fevereiro 24, 2023
Percebo as imagens através da taça de vinho que revela muitos dizeres e pensares e olhares. Que traz à vida a ladeira que ficou um tem...
Percebo as imagens através da taça de vinho que revela muitos dizeres e pensares e olhares. Que traz à vida a ladeira que ficou um tempo parada, nunca esquecida e que do vazio reviveu através das fantasias e antigas e eternas alegrias. Feito o beijo esquecido e desconhecido pelos becos e esquinas em todos os cantos, nos Quatro Cantos. E quando a festa acaba ficam pelo chão as lembranças das serpentinas e confetes, dos pés de muitas cores e dores, das latinhas esvaziadas e recolhidas para garantir o pão de alguém que vive em outra badalada vida.
fevereiro 24, 2023
fevereiro 16, 2023
Um bem-te-vi equilibrado na fiação canta descontraidamente exibindo sua camiseta cuja frente é amarela. Em seguida, voa p...
Um bem-te-vi equilibrado na fiação canta descontraidamente exibindo sua camiseta cuja frente é amarela. Em seguida, voa para um galho próximo e depois para o próprio ninho não muito longe dali. Caso queira, poderá prosseguir no voo ou buscar alimento na grama da praça, nos galhos das árvores. A pequena ave exibe a essência do que é liberdade. É como a mão do escritor passeando pela folha em branco, preenchendo com a tinta espaços antes desertos, que se tornam oásis, viram florestas de significados em frases, textos, tratados. A liberdade do escriba é dimensionalmente idêntica a do leitor, do ser que consegue enxergar sentido na união das letras, que possui o poder de interpretação. É mais um voo livre.
fevereiro 16, 2023
fevereiro 04, 2023
O sol vai se soltando por trás do cabo chamado de branco, que ganha tons em ouro, de várias árvores e de algumas nuvens que p...
O sol vai se soltando por trás do cabo chamado de branco, que ganha tons em ouro, de várias árvores e de algumas nuvens que parecem se juntar para servir de cortina. Elas se abrem para o espetáculo do astro-rei. Na orla, o despertar de parte da cidade em pedaladas a girar nas rodas das bicicletas, das pernas que com seus músculos avançam corpos. Tudo em banhos atlânticos de imensidão a beijar em toques mansos as areias quase desertas das primeiras horas.
fevereiro 04, 2023
janeiro 27, 2023
Uma penumbra caiu no meio da tarde. Lá fora, a chuva intermitente de um verão estranho anunciava-se, pronunciava-se, revelava-se, molh...
Uma penumbra caiu no meio da tarde. Lá fora, a chuva intermitente de um verão estranho anunciava-se, pronunciava-se, revelava-se, molhava. Do lado de dentro, o retorno à idade das velas, com a escuridão das nuvens projetada nos ambientes fechados e ainda mais claustrofóbico devido à suspensão do fornecimento de energia. Mesmo chuvoso, o clima era abafado, esquisito, impróprio para janeiros comuns.
janeiro 27, 2023
janeiro 20, 2023
A vegetação de Caatinga com pontos verdes de algumas chuvas esparsas, as plantas belas e igualmente hostis com seus inúmeros espinhos...
A vegetação de Caatinga com pontos verdes de algumas chuvas esparsas, as plantas belas e igualmente hostis com seus inúmeros espinhos, pedras perdidas no espaço como marcos de um mundo distante, os bichos escondidos à espreita e sobre a paisagem o Sol reinante que alcança praticamente todos os recantos. Aos humanos, animais estranhos, o astro rei torna-se ainda mais inclemente. A definição, por mais estranha que pareça, é de uma espécie de paraíso.
janeiro 20, 2023
janeiro 05, 2023
Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos d...
Negro, de família pobre, vindo do interior. Um dos muitos meninos que correm atrás de uma bola e de futuro pelos campinhos de grama, barro, areia ou de paralelepípedos espalhados pelo Brasil afora. O tempo tratou de construir um roteiro perfeito em que mais um capítulo foi escrito no último dia 29 de dezembro de 2022.
janeiro 05, 2023
dezembro 29, 2022
E lá se vai 2022... Inexoravelmente, segue a regra finita da passagem do marco de tempo. Leva muitas levezas, outras tristezas, ondas ...
E lá se vai 2022... Inexoravelmente, segue a regra finita da passagem do marco de tempo. Leva muitas levezas, outras tristezas, ondas do mar, vozes de além-mar, olhos alegres e outros tristonhos. Fecha-se o ciclo e abre-se outro no giro datado para ocorrer de há muito. A vida avança entre tantos giros de relógios físicos e mentais.
Os homens ficam perplexos como o mundo é incontrolável. Até imaginam-se em segurança, no controle da maquinaria que faz rodopiar o conceito de temporalidade. Pobres tolos, pois o comando não lhes pertence. Na verdade, eles são passageiros sem direito a serem guias, apenas aquelas ilusórias.
dezembro 29, 2022
dezembro 22, 2022
Em muitas casas os pés de acerola estão enfeitados feito árvores de Natal já há algumas semanas. Dezenas de bolinhas vermelhas contra...
Em muitas casas os pés de acerola estão enfeitados feito árvores de Natal já há algumas semanas. Dezenas de bolinhas vermelhas contrastam com o verde dos seus galhos. Alhures, o cenário do verão que se apresenta decora com cajus amarelos e vermelhos a doce fruteira e muitas fronteiras. A nova estação leva ornamentos frutíferos de muitos tons, vários gostos, constante desfrutar.
dezembro 22, 2022
dezembro 15, 2022
Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do d...
Imagens soltas como relâmpagos pela cidade salpicam tempos diversos. O caminhar traz à tona ambientes históricos e também lampejos do despretensioso cotidiano de décadas ou fotografias antigas. A cidade capital de Nossa Senhora das Neves se reapresenta em muitos retratos. Fachadas, prédios, recantos, praças, monumentos, festas, até pessoas revisitam a mente. Todos são passageiros dos tempos.
dezembro 15, 2022
dezembro 08, 2022
Em período de Copa do Mundo as lembranças surgem à mente. Sim, eu já fui um pequeno craque, um dos inúmeros brasileirinhos que correm a...
Em período de Copa do Mundo as lembranças surgem à mente. Sim, eu já fui um pequeno craque, um dos inúmeros brasileirinhos que correm atrás de uma bola seja lá de que tipo de material ela tenha sido produzida, mesmo que de improviso, para desbravar campos, ou trecho de terra batida desértico de grama, mas cheios de sonhos. Pés de liberdade, em chuteiras ou descalços, driblavam adversários reais e imaginários, venciam retrancas, faziam gols.
dezembro 08, 2022
novembro 29, 2022
Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquan...
Um pedaço de nuvem despejava sobre o ambiente a vida feito um regador. O barulho rápido e forte cai como um lençol sobre a terra enquanto a luz reflete ouro na garrafa escura meio vazia, metade ainda cheia, antes da meia-noite, em tom de festa íntima, quase sagrada. Enquanto isso, no ar uma música suave, alegre, compondo quadros de tintas frescas, pinceladas de outros tempos na memória. Revisita as leituras lidas, as películas assistidas, as sonoras orquestradas das cenas projetadas pelos ouvidos, reviva.
novembro 29, 2022
novembro 22, 2022
Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, ou...
Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, outra por cá, Brasil. Rivais históricos, infelizmente, parceiros nos crimes contra a humanidade e a democracia. Perdemos sem perder em campo, campeões morais. Deu zebra, pior, Peru! Com oito anos, eu não tinha ideia do que era ditadura, ou mesmo “campeão moral”.
novembro 22, 2022
novembro 16, 2022
Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novemb...
Em meio à caminhada pela estrada canavieira recheada de chuva intermitente, risos aventureiros e lama contínua, percebo que é um novembro, em um mês estranho de um ano confuso. Lá fora, no dito mundo, sabe-se que ainda haverá Copa do Mundo mesmo com o São João já ido; e em frente aos quartéis há torcedores canarinhos que pedem golpe, querem mudar a regra do jogo... em vão esperneiam.
novembro 16, 2022
novembro 05, 2022
Árvore morta Desnudo galho dependurado Pedaço sem vínculo, morto projétil seco, inutilizado que já foi vida, compôs um todo...
Árvore morta
Desnudo galho dependurado
Pedaço sem vínculo, morto
projétil seco, inutilizado
que já foi vida, compôs um todo
Se foi feito verso de poema
igual a tijolo de casa
o presente é corpo insepulto
flutuante decomposição
A árvore, agora ser decrépito
sem vida, não tem sustento
forma até de belo quadro
mérito do que foi no passado
novembro 05, 2022
outubro 30, 2022
Outubro caminha pelos seus meados com suas pancadas de chuvas aleatórias e, cada vez mais diminutas, mas que tantas vezes surpreende...
Outubro caminha pelos seus meados com suas pancadas de chuvas aleatórias e, cada vez mais diminutas, mas que tantas vezes surpreende com seu barulhinho bom, música mais rara nestas paragens do ano, enquanto o calor aumenta e anuncia dias muito mais sufocantes. No ar, uma espécie de anticlímax enquanto o tempo imparável marca que age em tudo e, mesmo assim, muitos nem se apercebem. Seguem apinhados roteiros de cartas marcadas, insistem em abraçar desastres. Alheia a tudo isso, a vida prossegue, a cidade não para... O céu era prata, agora é ouro, que rebrilhará ainda mais nos próximos meses.
outubro 30, 2022
outubro 06, 2022
O canto e a batida das asas refletiam o silêncio na praça. O dia seguinte das travessuras dos números. Papéis pelo chão davam testemunh...
O canto e a batida das asas refletiam o silêncio na praça. O dia seguinte das travessuras dos números. Papéis pelo chão davam testemunhos da briga pelas digitais enquanto a vida acorda preguiçosamente como de costume.
Pouco a pouco, a luz esquentava o dia e invadia todas as frestas de casas, recantos de todas as esquinas, enquanto as castanholas gigantes agitam suas copas ao toque do vento. Há uma brisa branda vindo no sentido sudeste, sobre que ameaça tornar-se tempestade.
outubro 06, 2022
setembro 23, 2022
A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. ...
A placa deitada no chão, sobre uma relva num canto, a poucos passos do cruzamento, deixou de alertar sobre o perigo que nos ronda. É quase um aviso aos céus pela necessidade de parada. Parar para continuar. Assim é o mesmo aviso da saída de emergência quebrada junto à porta. Praticamente, ela informa que a saída se estreita, se reduz a uma opção, pois o auxílio já não cobre a emergência, perdeu a razão.
setembro 23, 2022