Percebo as imagens através da taça de vinho que revela muitos dizeres e pensares e olhares. Que traz à vida a ladeira que ficou um tem...

Sensações olindenses

olinda carnaval cronica
Percebo as imagens através da taça de vinho que revela muitos dizeres e pensares e olhares. Que traz à vida a ladeira que ficou um tempo parada, nunca esquecida e que do vazio reviveu através das fantasias e antigas e eternas alegrias. Feito o beijo esquecido e desconhecido pelos becos e esquinas em todos os cantos, nos Quatro Cantos. E quando a festa acaba ficam pelo chão as lembranças das serpentinas e confetes, dos pés de muitas cores e dores, das latinhas esvaziadas e recolhidas para garantir o pão de alguém que vive em outra badalada vida.

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@olinda.pe.gov.br
É uma sensação de reencontro com a máscara, muitas caras, enfeites e as multicores das casinhas. O folião que se atrasa se equilibra na pedra sabão tanto pisada. A descida revela cores, sabores e música encantada.

Um estandarte anuncia a passagem e todos seguem a passada atrás da orquestra ou da batucada. É um novo sonho em um velho conto de um curto reinado. O castelo de reis e rainhas despudorados é a céu aberto, a sol descoberto que bronzeia a pele, desnuda as ruas, faz brotar corpos de todos os lados. Carnavaliza a cidade, que todos querem a embriaguez do frevo.

E feito cobra segue o povo, corre suor e a vontade de sorrir. Depois que começa já não se sabe o que é cabeça e o que é calda, só se sente parte, pertence-se ao mesmo organismo vivo do frevo e do batuque. Por seus caminhos param os relógios, restam poses e muitas fotos, até o fim do dia e o recomeço de um amor incondicional.

É um sobe e desce por ruas enladeiradas por onde já passaram escravizados ritmados pela chibata, homens perdidos consolados por algumas garrafas e alguns achados no mar de gente. Hoje passa a voz do povo cheia da esperança de que na
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próxima esquina a vida vá melhorar. Enquanto isso, por todo lado, corpos se encontram e se separam, pulam, brincam ou se resguardam na maratona dos carnavalizados.

São muitos preparos, ensaios, silhuetas e gingados. Todos coreografados e prontos para os apertos do cenário. Começa a festa, avança o dia, claros e sombras seguem os seus compassos. São cabelos em muitas formas, rostos pintados e mãos para em um balé para o alto. Ladeira acima, ladeira abaixo, para quê retas, se nas curvas há mais poesia? Pessoas mergulham na real folia por todos os lados.

Um gole de água num intervalo e logo segue o cordão humano compassado. Ao som da orquestra tudo é mais fácil. E vai pela Pitombeira dos Quatro Cantos, um mar de bonecos gigantes e o Largo do Amparo. A cada ano se se repete a sina, se refaz a vida, se descobrem novos recantos. Moços e moças de alma revivem fantasias, soltam a alegria e ultrapassam tempos difíceis, escolhas erradas, feios mascarados.

Todos seguem a imparável festa com tubas, clarins e surdos nos inebriantes hinos nunca ultrapassados. Dos corpos anônimos que se completam é feita a massa. Ora um canta, outro vibra, mais um balança, todos se abraçam.

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Ao longe, o mar observa e por todo lado o coqueiral abana sem dar conta do calor da música, das almas e de todo o amor. Testemunhas são as onipresentes ladeiras, tudo que forma o Carnaval.

Giram os dias do relógio ausente, mas implacável. Das cinzas da quarta-feira, resta um recado. Ano que vem, canto o mesmo bailado. Volto a Olinda, um novo Carnaval eu aguardo!

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