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Eduardo Giannetti na ABL
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Abdução
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Questão de Estilo, Mesmo assim... ando meio atrapalhada mas continuo caminhando ditaram-me alguns padrões para encaixar me...
Questão de estilo
Mesmo assim... ando meio atrapalhada mas continuo caminhando ditaram-me alguns padrões para encaixar meus sonhos eles fugiram assustados não gostaram desses planos Falaram pra eu não usar roupa curta no inverno outra com nome de artista disse pra eu não usar terno assim eu fico confusa o que usar nesse inferno?
"Desculpem, mas nem tudo precisa soar tão inteligente, espirituoso ou agradável. Às vezes, precisamos apenas ser capazes de dizer coi...
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Madame Natasha e o relatório de um Prefeito nordestino
Numa das edições desta semana, A União chama a atenção para o desamparo em que encontrou as nossas itacoatiaras. Quem as cavou, cavou fundo...
A Paraíba não sabe o que tem
Estão a perigo, como sempre estiveram, ainda que a ciência que cuida desses tesouros tenha evoluído, e muito, na forma de preservá-las.
Estive lá há um quarto de século, logo depois que a pedra fora visitada por expoentes da Sociedade de Arqueologia, aqui reunida, em 1993, por iniciativa das fundações Espaço Cultural e Casa de José Américo, então dirigidas por Sales Gaudêncio e pelo antropólogo José Elias Borges.
Por conta dessas visitas, ficou com a Paraíba, em poder das instituições oficiais com interesse no nosso acervo arqueológico, uma série de instruções do professor Manuel Gonzalez Morais, catedrático de Pré-história da Universidade de Cantábria, Espanha, e especialista em conservação de arte rupestre. Clamava urgência para se proteger as itacoatiaras que mais têm provocado indagações científicas, históricas e culturais no universo desses estudos.
O professor assustou-se com o processo de ruptura das bordas superiores do monumento, “por cima da face que recolhe a maioria das gravuras”. Sua descrição: “As rupturas parecem ser consequência de descamação prévia e podem ter sido originadas por fenômenos de contração e dilatação brusca, por efeito mecânico das pisadas”. Fala em perda da rocha, com faces e degraus fissurados na base, numa porção de agentes e de causas deteriorantes, e sugere remédios específicos e medidas gerais de proteção.
Faz esse tempo todo. Não sei se as sucessivas administrações, nos seus mais diversos planos, manifestaram alguma reação a esse alarme do espanhol.
Há quase oitenta anos, segundo o velho Leon Clerot, o conjunto de gravuras seria maior se não tivesse aparecido um grupo de trabalhadores e convertido boa parte em lajes de pavimentação, talvez coisa imaginada pelo velho do Museu, como o chamavam os que o viam pastorando as “relíquias” de uma casa solitária da velha Trincheiras, com esse nome.
O que acontecia com a Pedra de Ingá quebrada para a pavimentação não foi diferente do que fizeram, nesse mesmo tempo, com as primeiras inscrições rupestres encontradas ao pé da Copaoba, descritas e desenhadas por Ambrósio Fernandes Brandão (1555-1618) em sua obra “Diálogos das Grandezas do Brasil”. Livro escrito na Paraíba nas folgas desse senhor de engenhos, cristão novo, que José Honório Rodrigues não vacila em considerar autor da “crônica mais positiva, mais viva, mais exata da vida, da sociedade, da economia dos moradores do Brasil”, no final do século XVI e começo do XVII.
Diante disso, é difícil entender por que as entidades culturais ainda não se coligaram para reunir, num livro de especialistas dedicados à pré-história, à história e às artes da Paraíba, os estudos e imagens do seu grandioso e mal avaliado patrimônio.
“Não sabe a Paraíba o que tem.” Falou assim Mário de Andrade, quando aqui esteve, em 1928, ainda que saindo de cara inchada e todo encalombado pelas gordas muriçocas do hotel em que o hospedaram, o Luso-Brasileiro, do qual nada resta lá na Praça Álvaro Machado, no Varadouro.
E então uma tristeza nos acomete. Sem saber de onde ela vem e qual o seu porquê. Um vazio nos preenche de tal forma, como se nenhuma poe...
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