Quando a madrugada se abriu ao Sol que chegava lento na manhã, foi a amiga Ana Paula Cavalcanti quem deu a notícia. A funesta notícia da partida de Juca Pontes para outra dimensão.
Ele se foi silencioso. Uma partida definitiva. Sem despedida.
Os poetas são silenciosos. Disso sabemos. Uns mais, outros nem tanto. Sabem absorver o silêncio e a tristeza do mar. Porque o mar é triste, no entender do cronista-poeta Gonzaga Rodrigues.
Ele se foi silencioso. Uma partida definitiva. Sem despedida.
Os poetas são silenciosos. Disso sabemos. Uns mais, outros nem tanto. Sabem absorver o silêncio e a tristeza do mar. Porque o mar é triste, no entender do cronista-poeta Gonzaga Rodrigues.
Não acho que o mar seja triste. O mar é misterioso. Depende de como você olha o mar. Juca Pontes, poeta, sabia olhar o mar. Desejava estar perto do mar. Com raízes nos sertões cheios de mistérios, ele sabia ser silencioso. Escutava mais do que falava.
Alessandro Paula Marques
Juca era um homem do silêncio. Talvez tenha aprendido com seus ancestrais que os sertões têm ruídos e silêncio. Por isso, durante toda a sua vida se mantinha alimentado pelo silêncio. Mesmo a música, que tanto adorava, era uma música calma.
Alessandro Paula Marques
Quando saíamos de alguma reunião ou de um evento cultural nas proximidades da praia, ele gostava de seguir pela rua à beira-mar, lentamente, para observar a lua cobrindo as ondas.
- Tem coisa mais bacana?, costumava dizer enquanto olhava o remanso das ondas.
Juca era poeta. Poeta que amava o mar. Escrevia poemas que lembram as gotas d’água despencando das folhas das bananeiras, das árvores, dos canaviais, as ondas calmas do mar.
Poeta econômico no uso das palavras. Poucos conseguem falar tantas coisas belas usando poucas palavras. Somente os poetas verdadeiros são capazes disto. Alguns cronistas-poetas conseguem essa proeza. Juca conseguiu produzir poemas de elevado encanto e escrevia crônicas antológicas, verdadeiros poemas em prosa.
Pedra Itacoatiara Claudio JJ
Seu relacionamento com as Itaquatiaras foi amor à primeira vista, quando ainda jovem. Ao descobrir o lugar numa visita fortuita, de imediato decidiu escrever sobre os mistérios daquele lugar. Soube recolher o silêncio e a poesia que saem daquele conjunto de pedras para produzir um belo livro, mesmo que tenha passado mais de trinta anos escrevendo esta obra literária, lançada no final do ano passado.
Nunca presenciei, da parte dele, um gesto que desabonasse o que praticava e ensinava.
Juca Pontes @jucapontes
Havemos de lembrar sempre de seu abraço. Ele estará vivo nos poemas que escreveu. Nas sementes que plantou, que são seus filhos, netos e os livros que escreveu e editou.