As desativadas estações ferroviárias do interior. Cachos de matos assanhados, flores tímidas, montanhas feitas pelas formigas entre as paralelas dos trilhos calados. Pela plataforma, sopram ventos indefinidos quais fantasmas de antigos passageiros que arrepiam as horas do sininho que comandava a partida eletrizante dos vagões. A correria dos que chegavam apressados carregando suas emoções nas maletas e embrulhos de jornal. A saudade ainda aguarda que os trens voltem a animar os carregadores com seus chapéus cocos, os chapeados.
Estação Ferroviária de Soledade (PB) @Paraíba em Foto
Alguns utilizam o resto das estações cada dia mais decepado pela ação das rajadas de chuvas, sol, infiltrações, ressecamentos das paredes, rachões, dia a dia, mais aprofundados. Nos cantos menos tomados pelo matagal que sufoca os trilhos enferrujados se batem peladas dominicais. Os remanescentes fumam seus borós, entre carteados, relembrando alvoroços dos comboios saindo ou chegando.
Estações Ferroviárias de Sousa, Soledade e Guarabira (PB) @Historiador Paraibano
A amurada de proteção toda desenhada pelo lodo em riscos incompreensíveis, misturados com símbolos de um erotismo ingênuo. À noite, nas desativadas estações ferroviárias do interior, a população aumenta, pois ronda, no romântico escurinho, a fada da gravidez. Há sempre os grilos para animarem a desolação noturna dos prédios quase centenários que parecem esconder-se de acabrunhamento na pouca luminosidade mortiça das lâmpadas ainda mantidas.
Estação Ferroviária da Usina Santa Rita (PB) @Historiador Paraibano