novembro 17, 2021
Outro dia estava com meu amigo, num restaurante, e vimos um vinho daqueles bons e caros. O garçom, muito cortês, logo perguntou se quería...
Outro dia estava com meu amigo, num restaurante, e vimos um vinho daqueles bons e caros. O garçom, muito cortês, logo perguntou se queríamos aquela safra para acompanhar o pedido. Meu amigo, sem pensar duas vezes, disse: “mete o saca-rolha”.
Depois de dar boas risadas com a expressão, ele me contou que a frase servia para a vida; que tempos atrás havia perdido um grande amigo possuidor de uma grande adega com vinhos caríssimos, e os deixava lá, sem abrir.
novembro 17, 2021
novembro 16, 2021
O mercado de trabalho no Brasil experimenta uma realidade preocupante: jovens se adaptando a condições de sub-emprego, sem registro na C...
O mercado de trabalho no Brasil experimenta uma realidade preocupante: jovens se adaptando a condições de sub-emprego, sem registro na CLT e com baixa renda. Vivendo de “bicos”, passam a integrar o grande número dos que estão envolvidos nas atividades que ficam à margem da formalidade. É um efeito atrasado da crise econômica que atinge o país nos anos recentes, alcançando fortemente a juventude.
novembro 16, 2021
novembro 16, 2021
Fiz o Exame de Admissão ao Ginásio no Lyceu, no final de 1963, ainda no tempo de provas escritas e orais. Estudando no Lyceu de 1964 a 197...
Fiz o Exame de Admissão ao Ginásio no Lyceu, no final de 1963, ainda no tempo de provas escritas e orais. Estudando no Lyceu de 1964 a 1970, uma vez ou outra eleito Presidente de Turma (cada turma ou classe elegia seu representante junto ao Diretório Central), seria inevitável o envolvimento com política estudantil. O movimento estudantil era um imã poderoso que atraía todo mundo, inclusive o sujeito mais desligado em matéria de política, que muitas vezes se via correndo da polícia pelo simples fato de estar no protesto acompanhando a namorada.
novembro 16, 2021
novembro 15, 2021
Sou do tipo que entende que as boas coisas da vida devem ser compartilhadas. E as coisas ruins, esquecidas ou denunciadas. Por isso é qu...
Sou do tipo que entende que as boas coisas da vida devem ser compartilhadas. E as coisas ruins, esquecidas ou denunciadas. Por isso é que estou aqui neste momento pensando em dividir com vocês a boa experiência que tivemos a oportunidade de vivenciar, recentemente.
novembro 15, 2021
novembro 15, 2021
Se há algo que ainda me faz acreditar na vida é a capacidade de pensar e, como consequência, de escolher. Pensar bem, embora outras vezes...
Se há algo que ainda me faz acreditar na vida é a capacidade de pensar e, como consequência, de escolher. Pensar bem, embora outras vezes nem tanto, mas pensar de forma que reflita o produto de minhas experiências.
Pensar mesmo com algumas imperfeições, mas como resultado do que me passaram meus pais, meus livros, os filmes que vi, a música que ouvi e as pessoas com as quais me identifiquei.
novembro 15, 2021
novembro 15, 2021
É comum se discutir a eficiência da psicanálise. Segundo alguns, como método terapêutico ela tem perdido terreno para procedimento...
É comum se discutir a eficiência da psicanálise. Segundo alguns, como método terapêutico ela tem perdido terreno para procedimentos mais práticos e objetivos, como os da psicologia cognitivo-comportamental. Para outros, entre os quais me incluo, o valor da psicanálise situa-se além do divã; está em seus reflexos na Cultura.
A psicanálise não é apenas um método clínico. É sobretudo uma forma nova de ver o ser humano. Antes de o mestre vienense descobrir o inconsciente, o homem contentava-se com a soberania da razão. Achava, com Descartes, que existia porque pensava. Freud alargou a dimensão do eu; mostrou que há domínios obscuros, irracionais, que determinam o que somos – ou o que desejamos ser.
novembro 15, 2021
novembro 15, 2021
Manoel Jaime (Xavier Filho) faz parte de uma confraria de médicos intelectuais que muito tem abrilhantado a cultura paraibana e brasileira...
Manoel Jaime (Xavier Filho) faz parte de uma confraria de médicos intelectuais que muito tem abrilhantado a cultura paraibana e brasileira ao longo de nossa história. Sem nenhum prejuízo para o competentíssimo exercício da gastroenterologia, sua especialidade, é notável seu interesse, sua dedicação e – por que não dizê-lo – seu amor pelas coisas da literatura, da história, da arte, enfim, da cultura como um todo. E não é de hoje. Sua trajetória profissional e humana está aí para provar esse “namoro” antigo com as manifestações culturais, já que seu “casamento” foi mesmo com a medicina, sem nenhum demérito para Iracema, sua querida e valorosa companheira de vida. A propósito, quem primeiro vi chamar a atenção para essa dualidade afetiva (medicina e cultura) foi o também médico e também intelectual Guilherme D’Ávila Lins,
novembro 15, 2021
novembro 14, 2021
casa dos 70 (ao amigo e compadre Luciano morais e outros companheiros que se foram na casa dos 70 anos de idade). a casa dos...
casa dos 70
(ao amigo e compadre Luciano morais e outros companheiros que se foram na casa dos 70 anos de idade).
a casa dos 70
é uma casa
mortuária
esquife
mortalha
jazigo
casa de repouso
dos muitos
amigos
que cruzaram
os seus umbrais
para nunca mais nunca mais nunca mais
novembro 14, 2021
novembro 14, 2021
Ao virar a última página do livro “1/6 de laranjas mecânicas, bananas de dinamite” de W.J. Solha , uma frase do bruxo do Cosme Velho, co...
Ao virar a última página do livro “1/6 de laranjas mecânicas, bananas de dinamite” de
W.J. Solha, uma frase do bruxo do Cosme Velho, como já foi chamado Machado de Assis, assaltou-me a mente: “Ninguém se fie da felicidade presente; há nela uma gota da baba de Caim.” Expliquemos como a minha mente, certamente excitada pela leitura, foi capaz de fazer uma tal conexão entre a diminuta frase de Machado e o prodigioso poema de Solha que tem o subtítulo de: “o quinto, de seis tratados poético-filosóficos”.
novembro 14, 2021
novembro 14, 2021
Vi na internet e juro como vou fazer. É assim: ponha gelo no liquidificador e o triture o quanto possa. Despeje-o, assim pulverizado, num ...
Vi na internet e juro como vou fazer. É assim: ponha gelo no liquidificador e o triture o quanto possa. Despeje-o, assim pulverizado, num copo e jogue por cima o refresco preferido. Li que isso fica bom com qualquer desses envelopes de refresco em pó. É preciso que o xarope seja muito forte e doce, pois vai encharcar o gelo e ser por ele diluído.
novembro 14, 2021
novembro 13, 2021
A noite cai como uma lâmina fria para os tipos esquecidos. A máquina de produzir sonhos agora tem a função decorativa, não é mais ser viv...
A noite cai como uma lâmina fria para os tipos esquecidos. A máquina de produzir sonhos agora tem a função decorativa, não é mais ser vivo, pulsante, que firma opinião, gera documento, contribui, conta e marca a história. Os tipos esquecidos se perdem no tempo, nos espaços. A caixa onde eram zelosamente armazenados está vazia, corroída pela ferrugem. Seu próprio coração esvaziou. Dali já não sai mais a soma da transformação das letras em palavra, frases, parágrafos, páginas.
novembro 13, 2021
novembro 13, 2021
Escrevo de olho numa foto de Antônio David, uma cavalgada de vaqueiros encourados sertão a dentro, preludiando a intrépida batalha do ro...
Escrevo de olho numa foto de Antônio David, uma cavalgada de vaqueiros encourados sertão a dentro, preludiando a intrépida batalha do rodeio.
Clic... e surge como um óleo de cores fortes sobre tela que lembra
Frans Post, tão exuberante de luz e de força quanto muitas que os pintores holandeses deixaram, nos meados do 1600, para fazer o que David faz neste século exageradamente fotográfico.
Dizem que o pincel de Post não era bom de closes. Nisto, era superado pelo seu parceiro Albert Eckhout, que carrega de rubro os rostos, se excede nos gestos, no detalhe do comportamento ou no tumulto de músculos e de força dilatados num lance extraordinário de dança canibal.
novembro 13, 2021
novembro 13, 2021
A Astier Basílio, enfrentando com denodo o frio e os escritores russos Raskólnikov procura uma taberna, experimentando a novidade de ...
A Astier Basílio, enfrentando com denodo o frio e os escritores russos
Raskólnikov procura uma taberna, experimentando a novidade de “certa sede de gente” (p. 18), apesar de não estar habituado a multidões e sentir repulsa e desconforto se estranhos o abordam ou nele tocam. Em lá chegando, ele é abordado por um funcionário público decadente, Marmieládov, que inicia um solilóquio sobre o seu alcoolismo, a doença da sofrida esposa, a prostituição da filha, falando de sua miséria. Tendo abandonado o emprego e se desfeito da roupa decente que a mulher e a filha lhe compraram, para que ele pudesse desempenhar as suas funções, Marmieládov, buscando a atenção de Raskólnikov e tagarelando sem parar, disse que foi pedir dinheiro a filha para beber,
novembro 13, 2021
novembro 12, 2021
Hitler imaginou um Terceiro Reich de Mil Anos. Durou doze. Francisco, il Poverello d´Assisi : O Pobrezinho de Assis - , ao voltar da...
Hitler imaginou um Terceiro Reich de Mil Anos. Durou doze.
Francisco, il Poverello d´Assisi:
O Pobrezinho de Assis - , ao voltar da peregrinação à Terra Santa, deu com sua ordem religiosa burocratizada, dotada de cofres-fortes e arquivos. Perdera-se o fundamental voto de pobreza e o despojamento absolutos que pretendera estabelecer.
novembro 12, 2021
novembro 12, 2021
'Vô' Genésio! Lembro que passei várias vezes debaixo do caixão dele. Literalmente um rito de passagem, ou apenas o melhor caminho...
'Vô' Genésio!
Lembro que passei várias vezes debaixo do caixão dele. Literalmente um rito de passagem, ou apenas o melhor caminho que encontrei para transitar na sala lotada. E numa dessas idas e vindas alguém me ergueu para vê-lo pela última vez. Acho que era uma tentativa de explicar para um menino de 7 anos o que estava acontecendo.
Lembro bem do seu rosto sereno, pletórico e com um discreto sorriso, ele estava seguro de encontrar um bom lugar do "outro lado".
novembro 12, 2021
novembro 12, 2021
Minha rua não tem o esboço da tradição, mas é minha rua. Sou estrangeira de cinco anos para cá no lugar onde moro. Desde às cinco da manhã...
Minha rua não tem o esboço da tradição, mas é minha rua. Sou estrangeira de cinco anos para cá no lugar onde moro. Desde às cinco da manhã, vizinhos fechados em salas abafadas e escuras. Janelas fechadas para o mundo, roupas surradas. Uma das casas tem a voz calada pela morte do filho. A mulher é clara, olhos azuis, delgada. Nunca responde a chamados no portão ou chamadas telefônicas. Deslinkou-se do mundo. Quer copiar o filho. Enquanto aguarda na fila da autorização Suprema, raramente abre o portão e se alimenta de focos de luz solar. Fecha depressa a fresta pro mundo. Ignora-me.
novembro 12, 2021