Meus pais me levaram a São Paulo quando eu tinha 4 anos. Foi a primeira vez que viajei de avião e provavelmente deve ter sido a bordo da Panair. Não lembro de quase nada, afora um terno branco com o qual me vestiram para aquela viagem. Lembro porque há uma foto registrando o momento.
Aqui estão os elementos básicos do que era uma tremenda aventura. As pessoas costumavam preparar-se com muita antecedência para embarcar em aviões. Roupas eram compradas para a ocasião. Havia o registro fotográfico do embarque e do posterior desembarque. Tanto na ida como na volta o aeroporto enchia-se de parentes que iam dar o adeus da partida e o abraço da chegada. Na minha família era costume irmos todos a um almoço ou jantar especial, para que pudéssemos contar as histórias da viagem.
Registros da Companhia Aérea Panair do Brasil Museu Histórico Nacional
E quando era viagem internacional aumentava a frequência dos convivas. Coisas triviais tornavam-se oohhhs! Ter andado em ônibus de dois andares em Londres ou de metrô em Nova Iorque exigiam muitas explicações aos parentes que não tinham condições de viajar. Contar como era o serviço de bordo era outro momento que atraia toda a atenção. Copos de cristal e talheres de prata, comidas super diferentes, sofisticadas, bebidas de todo tipo, sem limitação, inclusive as alcóolicas. E as sobremesas? Ao longo dos voos era muito comum construir novas amizades e sempre, sempre o sonho de namorar uma daquelas belíssimas aeromoças.
@panairdobrasil
Mas o que era ruim foi ficando pior porque a quantidade de alimento e bebidas embarcados foi minguando e mesmo sendo vendidos a oferta não passava das 3 primeiras filas de poltronas. Agora fechou o firo. Um copo de refrigerante e duas bolachas (as opções são fantásticas; doces ou salgadas?), o que obriga alguns passageiros e trazerem seu farnel. Parece uma alegre excursão estudantil em ônibus fretado, onde cada qual levava seu lanche.
@Sandro Kurovski
Se fosse uma lata de “frito piauiense” destampada a madama iria ver o que era bom pra tosse.