S eu nome mesmo era José Lins do Rego. Popularizaram-no para Zé Lins. E o primeiro livro que me chegou às mãos e aos olhos foi “Menino de E...

Seu nome mesmo era José Lins do Rego. Popularizaram-no para Zé Lins. E o primeiro livro que me chegou às mãos e aos olhos foi “Menino de Engenho” - Que delicia de leitura! Como desejei ser aquele menino. Mas, cá pra nós, minha infância, lá no sítio da Lagoa, foi muito mais bonita.

E sabe quem me deu o livro? Minha mãe, a quem devo o gosto pelas letras. Graças a ela, grande contadora de histórias, minha infância foi uma beleza. E quando eu adoecia de asma, era ela quem, sentada na cama ia excitando a minha imaginação com belas histórias. História de bruxas, de fadas, de bichos que falam, de feiticeiras, de papa-figos, de princesas... Eu gostava tanto dessas narrações, que chegava a desejar que a asma se prolongasse.

Voltando a Zé Lins, cujos livros devorei, sabendo que se tratava de um paraibano, aí foi que me tornei não apenas um leitor, mas um admirador. E o que mais me fascinava era a leveza da linguagem. O homem escrevia como respirava. Uma linguagem linear. Diziam que ele claudicava um pouco no português, diferente de Graciliano Ramos. Ambos frequentavam com assiduidade a livraria José Olimpio, no Rio, e, certo dia, quando lá estavam, apareceu uma jovem atrás de comprar uma gramática portuguesa. Mal a jovem acabou de falar, Zé Lins interveio com muito humor, dizendo para o livreiro: “Se não tiver uma gramática, um livro de Graciliano serve”. A risada foi geral.

José Lins do Rego! Como o admirei e admiro. Uma grande alegria na minha vida foi quando era repórter do jornal A União e fui entrevistá-lo, numa casa lá na Duque de Caxias. E fiquei muito feliz quando o ouvi dizer, lá do interior da casa: “É A União que quer me entrevistar? Quanta honra!” Estava eu, frente a frente, com o autor de ”Menino de Engenho”, livro que deleitou minha infância. Este foi um grande momento na minha vida.

Sua personalidade de homem simples, que escrevia como quem respira, era o que me encantava, assim como aquele seu entusiasmo pelo Flamengo carioca. Um entusiasmo de menino. Ele, que nunca deu um chute numa bola...

Zé Lins era assim, ora alegre, ora triste, sem formalismos, sem protocolo, sem fingimento. Álvaro Lins, rigoroso critico, quando leu “Fogo Morto” do escritor paraibano, bradou, entusiasmado, que se tratava de uma “obra-prima”.

O site WorldMapper apresenta uma curiosa relação de mapas políticos, mostrando os territórios dos países de acordo com as suas respectiva...



O site WorldMapper apresenta uma curiosa relação de mapas políticos, mostrando os territórios dos países de acordo com as suas respectivas classificações nos mais diversos temas.

A Rua Nova dorme o seu sono histórico, com suas casas de portas e janelas agarradinhas umas às outras, mergulhadas num silêncio místico, gr...

A Rua Nova dorme o seu sono histórico, com suas casas de portas e janelas agarradinhas umas às outras, mergulhadas num silêncio místico, graças aos seus templos. Quase não passa carro, ali. As janelas, quando se abrem, é para os mais idosos. E das janelas eles alongam o seu olhar triste e cheio de saudades.
Mas, numa certa manhã, eis que aquele silêncio monástico é perturbado por batidas de martelos. O que está havendo? A garotada logo percebe: estão construindo os pavilhões da Festa das Neves. E haja menino na rua para saudar a novidade. Festa das Neves, Festa da Padroeira, festa que faz a Rua Nova transformar-se na grande atração da cidade. Que a Rua Direita, hoje Duque de Caxias, morra de ciúme de sua vizinha. Mas, por que ciúme, se ela é palco do Carnaval, com confetes, serpentinas e lanças-perfume?
Agora, não é apenas o sagrado que domina a Rua Nova, mas o profano também. São nove dias de alegria. A meninada não cabe em si de contente. A tinta nova dos pavilhões cheira que é uma beleza. As casas já não estão mais fechadas. Muita gente nas janelas olhando os pavilhões se erguendo, emprestando novo visual à velha rua.
Saber que toda a cidade virá participar da tradicional festa... Não se fala nem se pensa noutra coisa. E eis todos os pavilhões já prontos. O maior deles é para a elite. Moças lindas, cavalheiros elegantes exibindo os melhores vestidos e roupas. Gente da elite. E quantos namoros!
Mas a tradicional festa tem suas discriminações. Discriminações sociais. No tradicional passeio pelas largas calçadas, os mais pobres andam pelo lado do Convento São Bento, enquanto os ricos utilizam a outra calçada. Por que esta distinção, esta separação? Nunca ninguém explicou esse natural e espontâneo comportamento.
Era belo ver as pessoas passeando nas calçadas pra lá e pra cá, e as janelas apinhadas de gente. Quanta paquera! Haja sorrisos e mangações... As janelas ficavam apinhadas de pessoas da casa e de fora. E isto ia até meia noite, terminando com a missa na Catedral.
Além dos passeios nas calçadas e divertimentos nos pavilhões, havia a famosa Bagaceira, que ficava lá pelas imediações da Catedral. Ali, a bebedeira dominava. Não esquecer as comidas, o cachorro quente, o amendoim, a pipoca, o algodão doce e tantas outras guloseimas. Dominava o profano, bem junto do sagrado.
Curioso, tanta gente, e nunca se ouviu uma confusão, uma briga, que exigissem a presença da polícia. A Festa transcorria na maior tranqüilidade. E enquanto durava a festa, as janelas continuavam escancaradas. Até os mais idosos iam pra cama mais tarde.
Faltei de lembrar um dos maiores atrativos da Festa: os seus bem feitos jornalzinhos, cheios de humor, mexendo com muita gente.
Mas está na hora de encerrar a crônica, pois a Festa também acabou e uma profunda tristeza domina a velha rua. O silêncio agora é quebrado com as batidas do martelo na madeira. Os pavilhões já estão sendo demolidos.
As janelas voltaram a se fechar. Tudo agora é silêncio. Ainda bem que as meninas do Colégio das Neves voltarão a animar a velha rua, todas as manhãs, com seus sorrisos, suas gargalhadas, sua ânsia de viver.
Agora dá para se ouvir o canto dos galos, nos quintais das casas de porta e janelas. Agora o relógio da Catedral está dizendo que tudo passa na vida, menos a saudade. Agora, o sagrado domina o profano.

T udo o que eu disse, até agora, sobre a Rua Nova foi pouco. A rua da minha adolescência, a rua-museu, a rua que guarda em suas calçadas min...

Tudo o que eu disse, até agora, sobre a Rua Nova foi pouco. A rua da minha adolescência, a rua-museu, a rua que guarda em suas calçadas minhas lembranças, a rua que, por milagre, ainda continua, quase a mesma. Ninguém até hoje teve a coragem de derrubar uma de suas casas, de porta e janela, sem vigilantes, ainda com suas salas de visita. Qualquer pessoa podia bater palmas e gritar “ô de casa”, que alguém respondia: “ô de fora”. E tudo corria na paz do Senhor, com o relógio da Catedral avisando o passar das horas. As calçadas largas, cheias de sombras, serviam de campos de futebol para a meninada. E a bola não era de couro, mas de borracha ou de meia.
O silêncio era sólido. As pessoas deslizavam numa mansidão de sombras. Freiras e padres era o que mais se via. E a meninada quando avistava um padre, com sua batina preta, corria para ele, pedindo “santinhos”. Mas o bonito mesmo era a missa dos domingos, com os fiéis passando para a Catedral, muito bem vestidos. Muita gente indo para as janelas para ver e criticar os passantes. Os das janelas e os da rua se olhavam, se cumprimentavam. Ainda se dava um respeitável “bom dia”. Hoje não se usam mais os cumprimentos anunciando as horas. Hoje os homens viraram robôs. Ontem, tirar um chapéu era um gesto elegante e respeitoso.
E haja fofocas, críticas, sorrisos. O sino chamando o povo para a missa e quase todas as janelas ocupadas. Havia até mulher idosa usando binóculos para verem as pessoas de perto. Ah, a curiosidade humana! Mas isso era só aos domingos. Os dias comuns eram de silêncio.
Outro grande acontecimento, que tirava o silêncio da Rua Nova era a Semana Santa. A catedral se enchia. E haja jejum, nada de comer carne. Os santos todos vestidos de roxo. Uma tristeza mística tomava conta do templo. E na Sexta Feira Santa, a semana terminava com um longo sermão proferido defronte da Igreja de São Bento, em que se evocava Maria, a mãe de Jesus, com muitas lágrimas no rosto. Se não me engano, esse sacerdote se chamava João de Deus.
Rua Nova, hoje General Osório, não passa de um museu urbano. A cidade de ontem está, ali, naquela calçada, naquelas casas de porta e janela, naquele silêncio ainda místico.
E agora, me chega à lembrança um fato que me encantava os olhos e fazia vibrar meu coração. A saída das meninas do Colégio das Neves, ao lado da Catedral, defronte da estátua de Nossa Senhora de Lourdes. As garotas fardadas de blusa branca e saia azul, enchiam a rua com as suas risadas, a sua alegria, a sua juventude. Iam ao colégio sozinhas e muitas delas voltavam acompanhadas dos namorados. Nada de namoro perto do colégio, que as freiras proibiam. O policiamento do colégio era severo. Os rapazes sabiam disso e ficavam, de longe, esperando as namoradas. Meninas lindas, morenas, loiras e abrindo-se para o mundo com a sua alegria, seus sorrisos. Evidente que a Rua Nova também se contagiava com aquela euforia das adolescentes do colégio mais badalado da época, colégio de meninas ricas, cujo prédio ainda hoje existe e onde funciona uma faculdade de medicina.
Rua Nova... Por que diabo mudaram o nome para General Osório, que nem conheceu aquela rua, e que, decerto, nunca esteve na Paraíba? Mas, e a badalada Festa das Neves? Ah, sobre isso tenho muito o que dizer. Aguardem!

S im, eles são mudos. Melhor dizendo, eles falam, mas em silêncio. São centenas deles, aqui, à minha disposição. Não sei se gosta...

Sim, eles são mudos. Melhor dizendo, eles falam, mas em silêncio. São centenas deles, aqui, à minha disposição. Não sei se gostam de ser consultados, já que dormem, num gostoso silêncio. E com que alegria e orgulho são lembrados pela curiosidade do saber. Curiosidade que é fome de conhecimento. Sim, eles nos ensinam. Sem eles, seriamos ignorantes. E haverá maior desgraça do que a ignorância?
Com eles, não estou só. Dizem os apressados que os nossos mudos vão se acabar fisicamente. Vão ser todos virtuais. Mas eu fico duvidando... Ariano Suassuna, no seu eterno humor, disse que estar em sua companhia, deitado na cama, é uma delícia.
Mas voltemos ao que eu estava dizendo no começo sobre esses mudos que falam. Estou aludindo aos livros. Que adorável mutismo! Leitura, não esqueçamos, exige silêncio. Eis porque não admito uma livraria que venha perturbar esse silêncio. Ler é como orar. Jesus quando desejava se comunicar com o Pai, procurava um lugar deserto e silencioso. E assim nos ensinou a orar. Deus não fala através do barulho.
Entro na minha biblioteca como quem entra num mosteiro. Os livros dormem mas prateleiras e só despertam quando começamos a lê-los, isto é, a puxar conversa com eles. De música, só se for baixinho e que induza à reflexão. Que tal a Sonata ao Luar de Beethoven ou Clair de Lune de Debussy?
Livraria com música alta não dá. Logo agora que elas oferecem recantos com poltronas para a leitura. Lá em Lisboa visitei uma que era uma ilha de silêncio. Mais ainda: havia um espaço reservado à leitura com suave música ambiente. Que delícia. E os livros, estes mudos que falam, não perturbam o sossego.
E que tal esta bem-aventurança que não está no sermão inaugural de Jesus: “Bem aventurados os que lêem bons livros porque se diferenciam dos brutos”. E termino com este slogan do grande livreiro de Campina Grande, o saudoso Pedrosa: “faça do livro seu melhor amigo”.
E, aqui vão os aplausos ao amigo Heriberto, do “Sebo Cultural”, pela campanha que está empreendendo em favor da criança, cujos pais devem estimular o gosto pela leitura, a boa leitura.

Eis aqui um passatempo interessante para os beatlemaníacos: ouvir as músicas dos quatro fabulosos com a parte vocal isolada dos sons instr...



Eis aqui um passatempo interessante para os beatlemaníacos: ouvir as músicas dos quatro fabulosos com a parte vocal isolada dos sons instrumentais.

A ntes de fazer a costumeira visita aos livros, o rapaz da livraria começou a puxar conversa comigo. Foi um papo gostoso, pois ele, além de ...

Antes de fazer a costumeira visita aos livros, o rapaz da livraria começou a puxar conversa comigo. Foi um papo gostoso, pois ele, além de inteligente e perspicaz, era muito viajado. Conhecia várias capitais do país, inclusive Belo Horizonte, Curitiba e Florianópolis, justamente as que eu não conhecia, conquanto já estivesse ligeiramente em Belo Horizonte e Ouro Preto, há muito tempo.
O jovem sabendo que eu já visitara várias capitais estrangeiras, disse sorrindo: “Não deixe de visitar Curitiba, a cidade das palmeiras”.
Depois ele começou a elogiar o chão da simpática metrópole. Nenhum buraco, tudo liso e limpo. Aí eu indaguei: você é curitibano? E ele: não, sou apenas seu namorado. E referiu-se à educação do povo. Educação no trânsito, em tudo, sem esquecer o respeito ao silêncio. Nada de barulho, tudo funciona numa harmonia que encanta. Os carros deslizam pelo asfalto que é uma beleza. Avançar o sinal, jamais. Muito respeito ao pedestre. Os carros parece que nem têm buzina, e a gente mal ouve o ruído dos pneus no asfalto. Eu já estava pensando em arrumar a mala para uma visita a Curitiba, quando ele revelou uma coisa que não quis acreditar: que nos ônibus por sinal moderníssimos, ouve-se musica clássica.
E ainda repetiu: “o senhor vai adorar Curitiba”. Não digo adorar, pois adoro minha João Pessoa, de quem hoje sou cidadão, graças à Câmara Municipal, através de um projeto do meu amigo vereador Fernando Milanez.
E continuando a conversa com o rapaz da livraria, ele me lembrou ainda a bela arborização da cidade. Toda vestida de verde, a árvore, ali, não é apenas respeitada, mas reverenciada. Derrubar uma árvore é como matar uma pessoa.
Mas, aqui para nós, minha cidade só precisa de maior atenção das autoridades, mas duvido que seja menos bela do que Curitiba Nossa cidade tem o mar. O mar de Cabo Branco, que, infelizmente, ao que denunciou o meu arquiteto Germano, outro dia, em artigo aqui no Correio, está com a água contaminada...

 Mas o que eu não quis acreditar foi ele dizer que nos ônibus de sua cidade ouve-se música clássica. Já não vamos exigir tanto da nossa capital, que é bela por Natureza, como diz aquela modinha “Sublime Torrão”, do nosso grande compositor popular Genival Macedo.

Q uando eu vim de Alagoa Nova, minha terra natal, para viver na capital, foi na Rua Nova, hoje, General Osório, passando a morar numa casa, ...

Quando eu vim de Alagoa Nova, minha terra natal, para viver na capital, foi na Rua Nova, hoje, General Osório, passando a morar numa casa, hoje demolida, e que ficava onde está, hoje, o “Terceirão”. A casa era espaçosa, e o que mais encantou ao menino de quatro anos foram as amplas janelas. E janelas, naquela época, eram o melhor instrumento de comunicação. Ah, as fofocas na janela! A rua era larga, silenciosa e meio mística, com o relógio da Catedral anunciando as horas.
Mas não demorou muito esse primeiro contato com a Rua Nova, que, se não estou enganado, motivou a minha primeira crônica no jornal A União, sob o título “Rua triste”.
Saímos da Rua Nova e fomos morar num sítio, lá na Lagoa. Um sítio que foi para mim um paraíso. Decorridos alguns anos, eis que meu pai vendeu o sítio e veio residir, novamente, na Rua Nova, o que muito também me agradou. Lembrar que menino adora mudança. Nossa casa ficava defronte do Mosteiro de São Bento. Que silêncio naquele mosteiro! Diziam que lá dentro tinha uma caveira. E não é que um menino, meio doido, achou de penetrar naquele misterioso espaço em busca da risonha caveira. Para decepção dos outros, o afoito garoto chegou de mãos vazias...
E valia a pena ficar contemplando a extensão da avenida, com suas casas, grandes janelas e seu silêncio místico. Gente na janela era o que não faltava, principalmente os idosos. Havia quintais, quintais com suas galinhas, fruteiras e, vez por outra, o triste cantar de um galo. Raramente passava um carro. Mas não faltava um pregão. Pregão do homem que vendia fígado, que vendia pitomba e ainda acrescentava: “chora, menino, para comprar pitomba”.
A Rua Nova era plana e arborizada com fícus benjamina ou oitizeiros, não estou bem lembrado. Era lá que estava a sede da Loja Maçônica, num bonito prédio, guarnecido por duas esfinges de pedra. Diziam que lá tinha um bode preto. Mentira. Meu pai era maçon e desejou me batizar lá. O batismo não era com água, como na Igreja Católica, mas com mel. Que gostosura. Mas meu pai terminou não falando mais nisso.
Agora vejam quantas pessoas ilustres eu vi nas janelas contemplando a rua. Vi, e meu pai foi quem me mostrou, o ex-presidente do nosso Estado Camilo de Holanda. O velho tinha uma bela postura. E parecia que estava assistindo a um desfile de soldados, já que ele era general. Vi o historiador, fundador da nossa Academia de Letras, Coriolano de Medeiros. A cabeça bem alva. Vi o escritor De Castro e Silva, o primeiro a escrever sobre o poeta Augusto dos Anjos. Como vêem, as janelas, numa época em que não havia TV, constituíam um meio de sair de casa sem sair.
Não esquecer a bela casa, que ficava junto de uma ladeira e que pertencia ao professor de piano Gazzi de Sá, cuja escola gozava de um grande conceito em nossa terra. Todas as moças da alta sociedade eram suas alunas.
Havia na Rua Nova um belo sobrado, onde, ao que dizem, morou o escritor Virginius da Gama e Melo. Infelizmente o sobrado foi demolido.

 A Rua Nova, depois do sítio da Lagoa, foi meu paraíso urbano. Foi no batente do Mosteiro de São Bento que li toda a coleção do grande Monteiro Lobato. E tanto me empolguei com sua leitura, que esquecia até a horas das refeições. O silêncio da rua propiciava a leitura. Silêncio, vez por outra, interrompido pelo sino da Catedral...

Você sabe quantos astronautas estão circulando a Terra lá em cima, na Estação Espacial Internacional, enquanto a gente fica aqui no maras...



Você sabe quantos astronautas estão circulando a Terra lá em cima, na Estação Espacial Internacional, enquanto a gente fica aqui no marasmo da superfície?

Da leitura do texto sempre leve e sensível do blog Luz de Luma , em que a autora Luma Rosa nos convida a uma reflexão sobre as diferenças ...



Da leitura do texto sempre leve e sensível do blog Luz de Luma, em que a autora Luma Rosa nos convida a uma reflexão sobre as diferenças em nosso comportamento, enquanto jovens e adultos, lembrando de coisas que antes detestávamos e que, hoje, consideramos agradáveis (e vice-versa), veio a inspiração para elaborar essa pequena lista de bichos que costumávamos ver em nossa infância e que, atualmente, parecem ter sido exterminados por essa evolução desenfreada, em que só há espaço para os seres [des]humanos.

Em geral, as causas dos acidentes aéreos costumam ser esclarecidas rapidamente, graças às famosas caixas pretas , em que são gravados os d...



Em geral, as causas dos acidentes aéreos costumam ser esclarecidas rapidamente, graças às famosas caixas pretas, em que são gravados os diálogos da tripulação, além das conversas com os centros de controle e outros dados importantes dos voos. Contudo, ao longo da história da aviação civil e militar, algumas tragédias ficaram sem uma resposta concreta. Veja abaixo cinco desses acidentes misteriosos.

N ão, eu não venho escrever sobre “Os Caminhos do Frio”, este roteiro turístico que vem sendo divulgado, há alguns anos, seguido de espetácu...

Não, eu não venho escrever sobre “Os Caminhos do Frio”, este roteiro turístico que vem sendo divulgado, há alguns anos, seguido de espetáculos de arte, e que abrangeu as cidades do nosso Brejo, lideradas pela "Atenas Paraibana", que não é outra, senão Areia, que deu berço ao genial pintor Pedro Américo.
Acontece que este cronista corre do frio como o diabo da cruz, apesar da preferência de sua Alaurinda e dos seus filhos pelo frio. Mas, ele é homem do calor, da brasa, ao invés do gelo. Dizem que contra o frio a solução é o cobertor ou a cachaça. E não foi outra a razão de terem erigido este slogan para publicidade da referida promoção cultural: “Galinha e Cachaça”, pois, como se sabe, é naquelas cidades geladas que estão os alambiques produtores da aguardente, que é tão “gostosa” que o seu bebedor faz uma bela de uma careta e ainda estala os dedos.
Mas deixemos a galinha, deixemos a cachaça, e louvemos os promotores dos “Caminhos do Frio”, caminhos que se constituíram numa verdadeira atração turística. E, desde já, confesso que foi em Areia que exerci, por algum tempo, o cargo de Promotor Público, ora, vejam só... E quem assinou o ato me nomeando para aquela missão foi o grande José Américo de Almeida. Mas, valeu a experiência.
Voltando aos “Caminhos do Frio”, fiquei matutando, e me veio a ideia: que tal promovermos, agora, Os “Caminhos do Calor”, ou “Caminhos do Sol”? E a culta e civilizada Cajazeiras seria líder dessa promoção. Outras grandes cidades sertanejas integrariam o movimento, a exemplo de Patos, Souza, Itaporanga, e outras.
Qual seria o slogan apropriado aos Caminhos do Calor? Ao invés da cachaça, o leite de cabra, pois foi esse leite que alimentou Gandhi por muitos anos. Lembrar também o queijo de leite de cabra, que não falta na minha mesa, já que sou meio macrobiótico. E é a ele que devo, em grande parte, a minha saúde, juntamente com o arroz integral. Lembrar que o grande maestro Eleazar de Carvalho, que honrou a paraíba quando esteve como regente de nossa Orquestra Sinfônica, tinha uma saúde invejável. E quando lhe perguntaram a razão de tanto vigor, ele não titubeou: “devo ao queijo e leite de cabra”.
Assim, o slogan dos “Caminhos do Calor” seria: ao invés de “Galinha e Cachaça”, ”Leite e Queijo”!
Que venham, pois, os Caminhos do Calor, com o seu rico folclore, seu baião, seu chapéu de couro, seu céu estrelado, o luar do sertão, seus belos crepúsculos, e o seu gostoso calor.
Sim, calor, que seria da vida sem ele? Dizem as más línguas que em Patos, ao meio-dia, você pode frigir um ovo na calçada quente, meio dia em ponto, só com o calor do Sol...

 Caminhos do frio, caminhos do calor, caminhos da arte, caminhos do turismo, e viva o nosso lindo Nordeste!

N isso eu tenho inveja das mulheres. Elas não têm barba para fazer. Fazer barba é um verdadeiro suplício, tão doloroso como o de Sísifo, que...

Nisso eu tenho inveja das mulheres. Elas não têm barba para fazer. Fazer barba é um verdadeiro suplício, tão doloroso como o de Sísifo, que, todos os dias, era obrigado a empurrar uma grande pedra até o alto de um monte. Mas, por que você não deixa a barba crescer, cronista, indagará o leitor? Acontece que gosto da cara lisa. Nem bigode, nem aquele cabelinho no queixo, tão ao gosto de certos executivos.
Mas, voltando ao suplício, mesmo depois de tão avançado em experiência, ainda não me acostumei com essa obrigação diária de raspar os pelos do meu rosto, ainda bem que com uma gilete, porquanto de navalha corro léguas.
E por que danado a gente não nasceu como as mulheres, de cara lisa? Se o leitor for machista, que me perdoe, pois eu acho que não é o cabelo no rosto que masculiniza o homem. E sabe de uma coisa? Já ouvi dizer que passar sangue de rato na pele do rosto inibe o crescimento dos pelos. Até hoje não tive coragem de fazer essa experiência... Mesmo que eu deixasse os cabelos do rosto crescerem, minha mulher seria a primeira a protestar. Nem bigode ela admite. Portanto, viva a cara lisa!
Mas as mulheres, também têm o seu suplício de Sísifo: A tal das “regras”. Não diariamente, é verdade, mas todo mês. É mais um sacrifício que Deus lhe impôs a serviço da maternidade. Deus quis que ela fosse divina.
Fazer a barba, todos os dias, repito, é o nosso sacrifício de Sísifo. Porém, digo que, escanhoando o rosto, surge um bom momento para uma reflexão. Mais ainda: abre-se uma oportunidade para você olhar-se no espelho. Feita a barba, que tal sorrir para a sua imagem refletida? Isto faz bem à saúde. Fazer a barba, todos os dias, pelo menos tem isto de bom.
E saber que, antigamente, os homens, gostavam de barba grande, um sinal de machismo. Ah, os preconceitos bestas. A masculinidade está no caráter, minha gente.

Minha primeira esposa gostava de me ver com bigode. Ainda bem que o larguei de uma vez, e ela me perdoou a cara limpa, graças à gilete.

S e recuarmos no tempo, constataremos que antes era muito diferente. Os livros viviam distantes dos olhos infantis. Livro mesmo era para gen...

Se recuarmos no tempo, constataremos que antes era muito diferente. Os livros viviam distantes dos olhos infantis. Livro mesmo era para gente grande, conquanto respeitemos algumas exceções. E quer ver uma exceção? Eu era um quase adolescente e minha mãe me veio com um livro de autor paraibano, o nosso José Lins do Rego. O livro era “Menino de Engenho, que se fez famoso e terminou virando filme. Minha mãe ia lendo a história, que muito me comoveu. Muito mais adiante, por mim mesmo, li dois livros que me encantaram: o famoso “Pequeno Príncipe”, de Exupéry e “O menino do dedo verde” de Druon.
Mas, com tristeza lembremos que as livrarias, de uns tempos atrás, quase não vendiam livros infantis. Daí não vermos crianças numa livraria, só adultos. Aliás, aqui para nós, que nossos amigos estrangeiros não ouçam, as livrarias, pelo menos em algumas que visitei, só são visitadas pelos adultos. Pelo menos em Londres, Berlim, muitas livrarias lembravam museus. Nenhum garotinho, acompanhado dos pais, folheando um livro. Até mesmo na minha encantadora Paris, que é, sem dúvida, a cidade dos livros, não vi criança sentada no chão com um livro sob seus olhos. Por outro lado, nos museus, vez por outra, vemos turmas de alunos assistindo aulas de arte e história, diante das obras originais.
Não há veiculo melhor para a educação de uma criança do que o livro. Ergamos um brinde às editoras que editam livros infantis. O grande Monteiro Lobato, brasileiro autêntico, escreveu uma bela bibliografia infantil. E foi ele quem despertou meu gosto pela literatura. O poeta Castro Alves deu aquele grito, que ainda hoje ecoa aos nossos ouvidos: “Oh! Bendito o que semeia. Livros à mão cheia... E manda o povo pensar. ”
Estúpidos os pais que não despertam o gosto dos filhos pela leitura de bons livros. Ora, ora, mas há muito tempo que venho observando, aqui em João Pessoa, nas livrarias Saraiva e Leitura, um fato que me encantou: espaços destinados especialmente aos livros infantis, onde os garotos fazem deles verdadeiros brinquedos. E os pais são os primeiros a estimulá-los para a leitura. As crianças, no seu entusiasmo, correm pra lá e pra cá em busca de livros nos mostruários.
E o que mais me surpreendeu foi ver um pai mandar que um filho colocasse o livro que leu, de volta ao lugar donde o tirou... Que belo exemplo! De parabéns as livrarias, de parabéns aqueles pais.
A leitura ainda é o melhor alimento para o espírito. E viva o livro, lembrando que a Bíblia, na sua velha sabedoria, já disse que “Fazer livros não tem fim”.

E antes de pingar o ponto final, lembrar que saiu uma notícia em que se pretende que um presidiário leia, pelo menos, três livros, o que, decerto, irá amenizar a pena. Mas que livros seriam? Aí é que está o problema, pois o ideal é que seja uma leitura salutar, que lhe desperte sentimentos sadios, que lhe explique o sentido da vida. Há muitos livros de autoajuda que ensinam a difícil problemática da vida. Mas, em todo caso, a idéia de levar a leitura ao presidiário merece aplausos, assim como às crianças.

E is aí duas palavras que rimam quanto à grafia, mas se opõem, inteiramente, quanto ao sentido. O homem é um animal que reflete e também se ...

Eis aí duas palavras que rimam quanto à grafia, mas se opõem, inteiramente, quanto ao sentido. O homem é um animal que reflete e também se distrai. Tanto a distração como a reflexão lhes são necessárias. Dizia Platão que a filosofia nasceu do espanto, da admiração. E daí surge a reflexão, que nada mais é do que voltar-se para si mesmo, sair do exterior para o interior. E quem quer refletir tem de buscar o silêncio. No barulho está a distração. Ninguém retratou melhor a atitude reflexiva do que Rodin com a sua famosa escultura “O Pensador”. De olhos fechados, a mão apoiada no queixo, o pensador não olha para ninguém. Olha para dentro de si mesmo.
Essa significativa obra de arte está nos jardins do pátio do Museu Rodin, em Paris. Estive perto dela, contemplei-a longamente e lamentei a indiferença de muitos turistas, que passavam por ela, indiferentes. Dir-se-ia que estavam na distração, isto é, voltados para fora. Aliás, muita gente faz turismo para se distrair, para se divertir e esquecem o aspecto cultural.
Reputo a obra de Rodin muito mais significativa do que a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, que já não agüenta mais aquela multidão diária de turistas para vê-la. O Pensador nos convida a pensar, mais do que a se distrair.
O homem moderno se distrai muito mais do que reflete. Vive mais pra fora do que pra dentro. Nisto, puxou aos animais. Vocês já viram um gato ou um cachorro refletindo? A reflexão, portanto, é do homem. Quando quiseres orar, convidou Jesus, tranca-te num quarto, e, em silêncio, faz tua prece. O quarto é a consciência.
Mas, refletir incomoda. O silêncio incomoda. Daí a procura da distração, da zoada, de tudo aquilo que leva ao esquecimento, à irresponsabilidade. Muitas vezes, o trabalho excessivo, o barulho são formas de distração, de fugir ou esquecer a si mesmo.

A verdade é que não vi nenhum turista parar e contemplar, em silêncio, “O Pensador”, de Rodin, lá em Paris. Isto me pareceu muito sintomático nesta época em que vivemos...

Imagine a seguinte situação: Você tem uma conta bancária na qual é depositada, toda manhã, a importância de 86.400 reais. O saldo dessa co...



Imagine a seguinte situação: Você tem uma conta bancária na qual é depositada, toda manhã, a importância de 86.400 reais. O saldo dessa conta não é levado para o dia seguinte. Toda noite o banco apaga a quantia que você não conseguiu gastar durante o dia.