(Sérgio de Castro Pinto e Carlos Romero) URBANO (Sérgio de Castro Pinto) ah estes cães vira-latas que andam determinados pelas ruas...

Vira-latas nas letras


(Sérgio de Castro Pinto e Carlos Romero)

URBANO
(Sérgio de Castro Pinto)

ah estes cães vira-latas
que andam determinados
pelas ruas da cidade
e as conhecem palmo a palmo
na palma das patas
nas antenas do faro
na ponta da língua que
dobra e desdobra
as esquinas
de cor e salteado

ah estes vira-latas tão orientados
nada sabem do meu coração
que vive aos sobressaltos
e bate na contramão
no colapso do tráfego
adernando
adernando
cargueiro encalhado



HOMENS DE NEGÓCIO
(Carlos Romero)

Foi então, que vi
caminhando à nossa frente,
num passinho miúdo e ligeiro,
um vira-lata.

E ia apressado,
como se tivesse
um compromisso urgente,
talvez uma reunião importante da classe.

Notei que ele caminhava
sem olhar para os lados,
a não ser quando encontrava
um saco de lixo.

Tenho certeza que não viu o mar
que estava uma beleza, prateado
pela lua cheia.

Também não levantou
o olhar para o firmamento,
onde o céu estava
cheio de estrelas.

O nosso companheiro
não se conscientizou
das maravilhas que o rodeavam.
Só olhava para frente.
Para frente e para baixo.

E ia com tanta pressa,
que me fez lembrar
um prosaico executivo,
desses, que não têm tempo a perder.
Que vivem com os olhos no relógio
e os ouvidos no celular.


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