Eu esperava o elevador com quatro sacolas de compras em cada mão e uma delas estava segura justamente pelo “dedo mindinho”, o mais fraquin...

Pequenos sofrimentos do cotidiano

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Eu esperava o elevador com quatro sacolas de compras em cada mão e uma delas estava segura justamente pelo “dedo mindinho”, o mais fraquinho de todos, e começava a doer, mas o elevador já ia chegar. Será que compensa colocar no chão e perder todas as alças já devidamente organizadas nos dedos? O elevador é uma incógnita, sempre na iminência de chegar, mas nunca chega, a não ser quando colocamos as sacolas no chão, nesse caso, chega imediatamente.

Voltando às minhas sacolas, agora dói o dedinho e os outros. O elevador deve estar chegando. Pela espera, já teria compensado apoiar no chão, mas agora não compensa mais porque já deve estar chegando. E o dedinho agora, além de dolorido está ficando roxo. Desisto, coloco as sacolas no chão e, como previsto, o elevador chega.

Tem um sofrimento que pode parecer besta, mas há quem sofra com isso, eu. É quando só temos um copo de água, suco ou refrigerante para acompanhar o almoço. Quando o copo está cheio a gente esnoba,
toma logo dois goles seguidos, fartos, quase irresponsáveis. Aí, quando percebemos que tem muito mais comida que bebida, vamos controlando, duas garfadas, um gole, cinco garfadas e mais um golinho, e de repente só resta um dedo de Coca Cola e no prato aquele peito de frango mais seco que o Saara e uma farofinha do Atacama acompanhando. Que sofrimento e indecisão! Guardo o restinho da Coca para depois da última garfada ou tomo uma atitude de coragem e bebo tudo num gole só? Geralmente, prudentemente, eu espero a última garfada para saborear o último meio gole que restou.

Tem também o sofrimento clássico que acontece quando decidimos mudar de fila. Não façam isso! 99% das vezes é pior. É só pular pra fila vizinha que a sua antiga começar a andar. E isso dói porque nos pune imediatamente por uma decisão errada, aí a gente fica olhando de “rabo de olho” pra outra fila, desejando que o rolo de fita do caixa acabe ou que o cartão de alguém não passe e tenha que chamar a gerência. E no trânsito é sofrido demais! A fila do lado sempre é melhor, mas é como qualquer fila, basta mudar pra antiga fluir sem empecilho e a nova travar. É muito sofrido ver aquele Fiat velho te ultrapassar, além daquele motorista que te olha com ar de superioridade porque a fila dele andou 10 metros a mais que a sua. Nem tente voltar, é sofrimento em dobro.

Esse é terrível, um sofrimento físico que a gente mesmo provoca e que dura uns dois dias. É quando a gente “come unha” e na empolgação tira uma lasquinha maior do que o previsto. O momento crucial é quando está na metade e a gente fica no dilema de puxar ou não. Sabemos que vai dar m..., mas invariavelmente a gente termina de puxar e aí já era, aquela “beiradinha” em carne viva vai doer dois dias. E isso acompanha o sofrimento moral quando a gente lembra que sabia o que iria acontecer, mas não tivemos a capacidade de pegar um cortador de unhas e fazer o “trem” direito.

Tem vários pequenos sofrimentos do cotidiano, mas para não me alongar e provocar mais um, que é ler textão de amigo só pra não perder a amizade, fico por aqui.

Que nossos sofrimentos sejam só desse tipo...

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  1. Deliciosa crônica, sobre os sofrimentos que nos aflige com frequencia. Muito bom, o texto!
    Parabens, Aldo!

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