Já era tarde muito tarde, eu estava cansado e confuso com o ocorrido e não esperava por aquilo. Aliás não esperava que nada viesse à tona com tanta relevância. Mas não quero lembrar, se possível nunca mais.
Fomos ao cinema e a noite parecia ser promissora. O filme era suficientemente bom para depois resultar em uma conversa daquelas, uma puxa a outra, e nós precisávamos daquilo. Algo vinha incomodando, uma perda de foco? Um preferir estar só? Um mergulhar mais profundo em mim mesmo?
Luisella Leoni
Eu por vezes pensava em viajar, às vezes estava certo que era uma boa opção. Para São Paulo? Para Londres? Havia o show do Hyde Park, talvez a última turnê, talvez, mas faltava o impulso motivador, suficientemente forte como houve tantas outras vezes, sem dúvidas, com certezas promotoras de felicidade. E era o que ocorria, o que sempre ocorria, embora talvez na última, a chama em retrospectiva, tenha sido menos intensa. Havia uma certa palidez em estar lá, discreta, mas havia.
Procurei companhia. Queria andar pelas ruas, me perder nelas, entrar em um bar e me aventurar no não provado, enriquecendo o paladar. Mas a intensidade destes momentos hoje também em retrospectiva, não tinha o mesmo fôlego. Aquela pitada de sal, uma mera suspeita? Não, não era, era perceptível que não.
paulohabreuf
E eu não lembro de nenhum caso ou de ninguém que tenha se equivocado em avaliar algo ou a vida em perspectiva.