Quando Barcelona está pronta,
eis o Gaudí.
Eis o Velásquez que chega, quando está pronta Madri.
Pronta, Paris tem Rodin; e Amsterdam,
o Rembrandt.
Geralmente se diz que sem a Revolução Russa não teria havido um cinema como o de Eisenstein, poesia como a de Maiakóvsky, nada como a música de Prokofiev, do mesmo modo que sem Pancho Villa e Zapata não teria existido, no México, nada parecido com aquele trio de gigantescos muralistas - Siqueiros, Orozco e Ribera.
Prometheus (Claremont, California)
José Clemente Orozco
José Clemente Orozco
William Turner / Caverna Lascaux / Capela Sistina
Que seria da Bahia do século passado sem Jorge Amado, João Ubaldo, Caymmi e Glauber? De Alagoas sem Graciliano? E do interior paraibano sem Ariano, Zé Américo e Zé Lins?
Quando me acerquei da época dos Guararapes pra escrever meu romance “A Batalha de Oliveiros” (Prêmio INL, Ed. Itatiaia, 1989), apesar da qualidade literária de algumas obras consultadas, como “O Valeroso Lucideno e o Triunfo da Liberdade”, de Frei Manuel Calado do Salvador, mais a “História dos Feitos Praticados por Nassau durante oito anos no Brasil”, de Gaspar Barléu, ambos do século XVII, senti, graças à minha paixão pela pintura holandesa, que incluiu Vermeer, Frans Hals e Rembrandt, estar faltando alguém – daqui - que juntasse tais narradores a artistas visuais tão soberbos num só épico. Claro: tivemos Frans Post e Eckhout, mas foram ... flamengos... e menores. Arrisquei alguns fragmentos disso, nesse meu livro, mas há espaço para muito mais.
Johannes Vermeer / Frans Hals / Rembrandt (Fuga para o Egito)
Gostei imensamente de ter participado como ator de “O Som ao Redor”, porque, nele, o cinema – pela primeira vez – abordou a classe média urbana nordestina contemporânea. Venho tentando fazer o mesmo com a nossa João Pessoa. Em 97 publiquei “Shake-up”, pela UFPb, no qual a cidade, em 1930, é personagem principal, mas a obra não repercutiu, apesar do posfácio de Barreto Neto e de um comentário de Hildeberto Barbosa extremamente positivos. Nem repercutiu “Arkáditch” – publicado pela Ideia, com a vida da cidade nos anos 90. Nem “Relato de Prócula” – ed. A Girafa -, em que – tal como em A Cidade e as Serras”, do Eça de Queiroz, e de “Ana Karenina”, de Tolstoi – juntei Pombal, do alto sertão, e João Pessoa de hoje, foi prêmio da Funarte e da União Brasileira de Escritores, do Rio, etc, etc, mas prêmio, sozinho, não resolve, e também não emplacou.
Dizem que quando o povo está pronto, o mestre aparece. Faço parte do caldo de cultura para que isso aconteça.