O fim dos tempos não é necessariamente o tempo do fim. É o momento em que, para alguns, não há mais respeito por valores e crenças, e o...

Divagando se vai longe

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O fim dos tempos não é necessariamente o tempo do fim. É o momento em que, para alguns, não há mais respeito por valores e crenças, e o ser humano parece ter perdido o rumo. A impressão de que nada tem sentido o faz abdicar da esperança no amanhã. Quantas vezes na história da humanidade não ocorreram momentos como esse, em que se imagina vivenciar o caos? No entanto estamos aqui — por obra do instintivo de sobrevivência, que é mais forte do que princípios, crenças ou ideologias. O novo não aparece
E. Akyurt
se não morrer o velho. Sem caos não há recomeço.


Todo povo tem suas zonas de sombra (vícios, preconceitos, tendências marginais). Não há como se livrar desse lado obscuro, que reflete o próprio espírito humano; em nossa alma convivem o bem e o mal. O que não se pode aceitar é que os governos encarnem ou endossem essa dimensão sombria. Infelizmente há poderosos que, por palavras ou pelo exemplo, fazem aflorar o que há de pior num povo. Em vez de estimular a concórdia e transmitir confiança, encorajam a intolerância e o conflito. Toda nação tem que ser maior do que os eventuais corruptos e perversos que a governam, sob pena de retroceder à barbárie.


Diferentemente da melancolia, que é a saudade do que não se teve, a depressão é a angústia com o peso do que se tem. Grosso modo, pode-se dizer que a melancolia é espiritual e deve ser cultivada, pois desperta a contemplação e leva à produção do belo (já se disse que não há beleza sem melancolia). A depressão, por sua vez, é química e deve ser tratada. O melancólico estabelece novos elos com o mundo. O deprimido anseia por se libertar das cadeias que, retendo-o, tendem a lhe suprimir o anseio vital. Para o melancólico,
P. Seth
pode haver alegria na tristeza. Para o depressivo, os momentos alegres são sempre tristes.


Ninguém nega Deus absolutamente. Nega uma versão que nos apresentam Dele, a qual expressa interesses, preconceitos, ambições. O Deus das religiões reflete o contexto em que elas se formaram e o tipo de povo que O moldou. Nessa perspectiva, Ele não é a imagem do Absoluto que querem lhe atribuir. Essa imagem pressupõe uma dimensão maior, totalizadora, infensa ao parti pris das religiões. Abarca inclusive o universo dos descrentes, ou dos ateus, que em seu posicionamento desfrutam da liberdade que lhes foi dada pelo Criador.


Todo homem é egocêntrico e narcisista. E como está separado dos outros por essas barreiras de individualismo, tende a se imaginar único. Supõe que as suas alegrias são as mais justas e os seus sofrimentos, os mais atrozes. E acha — suprema presunção! — que Deus, ou o destino, está particularmente interessado em que ele sofra mais. Ora, a dor e o sofrimento não são monopólios de ninguém. E pessoa alguma tem o direito de perguntar: “Por que logo comigo?”.

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