Você consegue imaginar o momento em que nossa raça planetária estará a minutos do apocalipse? Consegue imaginar um relógio marcando ess...

Deuses, sábios e poetas

relogio floresta
Você consegue imaginar o momento em que nossa raça planetária estará a minutos do apocalipse? Consegue imaginar um relógio marcando esse tempo em detalhes sórdidos para nos enlouquecer?

Pois esse cuco marcador de nossos últimos dias existe. Chama-se Relógio do Juízo Final, ou Relógio do Apocalipse (em inglês: Doomsday Clock), que nada mais é do que um marcador simbólico, mantido desde 1947 pela organização Boletim dos Cientistas Atômicos, da Universidade de Chicago.
O comitê utiliza uma analogia na qual a humanidade está a "minutos para a meia-noite", e este horário representa a destruição de nosso planeta azul, por uma guerra nuclear.

As notícias ruins desembarcam nos jornais mundiais e o equipamento se move sem pressa, porém, à frente de um passado de paz, do nosso tempo furtado pelo medo de ser curto. Todo o mal que ronda o planeta empurra o maldito ponteiro. Sempre dói a seu tempo e traz morte a cada movimento à direita dos olhos, esbugalhados pelo susto do próximo pulso.

As más notícias são a corda do instrumento, que podem ser uma informação de caráter particular e obscena, ou, por vezes, um boato maldito, que pode gerar a desgraça alheia. Como ocorreu em 1747, em uma fala dita por uma odalisca do harém de Ibrahim, o sultão do povo Otomano, de língua turca, na Ásia Central. Ela contou que uma das concubinas havia violado o protocolo de relação com o Sultão. Enfurecido, Ibrahim mandou que todas elas fossem costuradas em bolsas com pesos e jogadas ao mar, para que se afogassem.

Uma lástima essa língua fofoqueira em meio a tanta gente.

A inveja ou ciúme fazem o tic-tac no Relógio do Apocalipse para algumas pessoas, em particular, que partem daqui, devido a falácias maldosas e predestinadas a plantar a morte. No caso dos índios yanomamis, sofridos pela fome e doentes, eles têm seus relógios da morte apressados a cada indiferença governamental. Um quadro generalizado de desassistência em saúde se agrava pela permanência de garimpeiros. Seus corpos em carne viva propõem um acordo mental entre o tempo e o respirar, e se mantêm em pé, seguindo aos trancos, com o pó de suas ocas.

No tempo capaz de registrar nosso fim, a personalidade dos que ficam à sombra das crises arranha suas virtudes humanas prepotentes e indiferentes.

Deuses, sábios e poetas surgem no vento do sopro de nossa existência, alvejando nossas mentes com ideias e assombrando os desavisados. Um breve pulsar de más notícias empurra o relógio do Apocalipse e nos avisa para apressar o passo rumo à felicidade. Tente sozinho esse ato. Duvido que alcance sem outras mãos.

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