Com a esticada dos meus dias, curto o privilégio de ver a cidade de 1951 com seus 119 mil habitantes, na grande e rica João Pessoa de hoje, beirando o milhão. Rica, sim, com o metro quadrado de suas construções de elite o mais caro do Nordeste e um dos mais ansiados pelos que já renegam a angústia de vida no espaço-tempo das megalópoles.
É “um caminho sem volta”, como pressagia o relato de quem se dedica a acompanhar o salto da cidade provinciana para a que sobe da cota zero para penhascos da nova construção civil.
Altiplano Cabo Branco (PB) @fotosdejoaopessoa
Empreendimento Setai Sandro Barros (J. Pessoa) Grupo GP
Por aí fica-se sabendo do “mais luxuoso” empreendimento em construção na Praia do Cabo Branco, o Setai Sandro Barros com assinatura de marca internacional. Decorrência de João Pessoa como novo destino de lazer capitalista do Centro-Sul. Explicação oferecida: um voo de São Paulo a João Pessoa se faz em três horas, tempo muitas vezes impossível de ser realizado de carro entre São Paulo e o litoral paulista. Some-se a isto a “sensação de paz e tranquilidade” propagada pela mídia espontânea. Sim, porque continuamos órfãos da televisiva, sem diferença de 1985 quando não conseguimos uma vinheta, uma linha da mídia brasileira para a significação nacional do nosso quarto centenário, um dos momentos significativos de nossa história.
Cabo Branco/Altiplano Grupo Alliance
Depois da usina de luz (Energisa de hoje), tudo era mato. Galdino, velho contínuo do Palácio, tinha granja e no meio dessa granja uma boa casa herdada. O bonde passava atrás. Às direitas era o grande sítio de D. Julia Freire, com moradores pagando foro e a Prefeitura tentando seguir o traçado que veio dar na Torrelândia, homenagem do povo a Joaquim Torres, o empregado que fechava os olhos a quem atrasava o pagamento.
Estação da Cruz do Peixe Gilberto Stuckert Filho
Pulando muitos desses realizadores, governadores que foram prefeitos, e os sucessivos Damásios e Oliveiras Lima, chegamos aos gestores de hoje com a cidade querendo atravessar o rio-mar através da grande ponte que o avanço do turismo e da construção de elite prioriza em seus planos desde o governo Cássio. Doutor João Azevedo tem três anos para isto. Para mim, particularmente, não será a ponte que o grande investimento aguarda, mas a passagem mais fácil e até mais própria para a Igreja da Guia com seus cajus a despertar desejos nos anjos barrocos.