Deus me proteja de mim
E da maldade de gente boa
Da bondade da pessoa ruim...
(Chico César)
E da maldade de gente boa
Da bondade da pessoa ruim...
(Chico César)
Foi o Abacate que quase levou meu amigo Zé Edmilson a ir falar com Deus. Isso lá em priscas eras, quando esse meu confrade era menino e; ainda no tempo, muito longe de sua barba e de seu bigode. Enfim, era à época um frangote magricela e sem maldades no coração. E todo mundo sabe como são as coisas, a vida não é generosa com quem confia em qualquer um e é, com dizem, preciso estar sempre com um olho no peixe e outro no gato. Sempre! Vacilou, dançou! A vida é assim.
Desses vacilos é que vem o causo, ou melhor, a aventura de hoje. Quem me contou foi o protagonista, lá naquela academia informal, o Bar do Lulinha.
@ondasdaserra
Pois bem, foi um desses pesos, o de 200g, que foi atirado contra a cabeça do Zé Edmilson, mas Zé, embora menino sem maldades, era ligeiro que só e conseguiu, como dizem no boxe, fazer a esquiva e escapou do impacto. O bólido atingiu a janela de um ônibus de carreira, que inadvertidamente (se é que assim podemos dizer) passava pelo local. Foi caco de vidro para todo canto, o motorista desceu e aí o pau cantou na casa de Noca. Um quiproquó dos diabos. Tudo começou porque Zé achou que já era homenzinho e podia andar com gente mais velha do que ele. Turma faixa etária um pouco acima, gente boa é bom que se diga, mas sem juízo...
MS_Art
— Vamos pedir um tira gosto melhor. Tripinha, queijo de coalho, torresmo...Isso já enjoou.
— É verdade. Vamos pedir alguma coisa melhor pra saúde – disse outro.
— Então vamos pedir fruta, Eu sugiro caju – foi a indicação de um terceiro.
Mas, um quarto integrante da turma, advertiu.
— Não é temporada de caju, por que a gente não pede laranja cravo.
Martina
— O melhor mesmo é abacate. Vocês não sabem, mas é tira gosto da melhor qualidade. Acaba com ressaca, elimina bafo de cachaça, ainda é bom para baixar colesterol e controlar pressão alta.
Agora era só comprar na quitanda que ficava do outro lado da rua. E a quem coube a tarefa? Ao caçula. Mas, não era assim de graça, se fosse comprar prometeram ao nosso amigo uma tubaína geladinha e na faixa; isso é, por conta do trabalho.
Claro, que Zé Edmilson foi. Pegou o dinheiro, olhou para os dois lados para ver se o trânsito estava liberado e todo pimpão atravessou a rua.
Esperou sua vez. O dono olhou para aquele pirralho com cara de abusado e foi perguntando:
MS_Art
— Pirralho, não. Eu tenho nome.
— Está bem “Tenho Nome”, o que você quer?
— O senhor tem aí abacate?
O dono ao ouvir aquilo, foi tomado de ira, ficou verde de raiva e se encheu de valentia.
— O que você disse moleque fdp?
Zé, não era tão valente assim, mas não fugia das paradas e olhou para o homão e disse sílaba por sílaba em alto e bom tom:
— A-ba-ca-te!!!
Foi então, que o torpedo quase atinge a cabeça de nosso amigo. Um peso de 200g passou bem perto da orelha do Zé. O comerciante odiava o apelido de Abacate. Todos na turma sabiam disso, menos o Zé Edmilson. Eu poderia ter perdido um amigo, a Paraíba um poeta, tudo por conta de um abacate; ou melhor, do Abacate.