As Escrituras Sagradas praticamente não fazem referências a uma suposta hierarquia celestial, dando menos ou mais poder aos serafins, arcanjos, querubins ou outros anjos. Cada um desses aí, seria uma “modalidade” de anjo. Lembrando que eles são seres espirituais e só em determinadas circunstâncias tomam alguma forma física. Segundo o profeta Ezequiel não são criaturas onipresentes e só podem estar uma vez em cada lugar, mas são capazes de chegar onde forem requisitados com velocidade de um raio.
Benjamin West
Continuando com os meus favoritos. A Arca da Aliança é protegida pela figura de dois querubins confeccionados sobre o propiciatório (tampa, para simplificar) com a finalidade de guardarem e protegerem as duas tábuas da lei, a vara de Aarão e um vaso do maná.
Esses anjos quando requisitados, tomam alguma forma física, e surgem com quatro cabeças: boi, leão, águia e gente. E chegam, como se diz, chegando; com suas também quatro asas e sob cada uma delas uma mão.
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Aconteceu lá por 2004 ou 2005, se não for aí, nada nem muito antes e nem muito depois. Eu já vira a Terra dar muitas voltas em torno do Sol, mais de cinquenta vezes e a vida de algumas décadas antes, sem regras, pouca disciplina e muitas tentações estava cobrando seu preço. O coração andou dando uns pinotes e a pressão arterial andou fugindo dos 12 por 8. Acendera a luz vermelha.
Mulher vigilante, chamou-me nos tentos: Vamos dar uma geral aí. Fazer todos os exames e com eles na mão o senhor trate de ir ao cardiologista. E nem pense dar uma de louco e escorregar. Vamos ao médico. Fui clara?
Vamos? Por que, “vamos”?. Sei marcar consulta, sei dirigir, posso muito bem ir sozinho! É que quero fazer algumas perguntas pro médico. Foi a justificativa daquele despotismo de saias.
Ernest Board
Seguindo a consulta o doutor veio com o estetoscópio e já pedindo para eu dizer trinta e três. Disse o que ele pediu e mais uns outros numerais de dois ou três algarismos. Findo o inquérito…
Foi dizendo que minha pressão arterial estava alterada. Vou receitar um medicamento, disse ele e perguntou se eu fumava. Respondi que não. Também falei que não praticava esporte, mas caminhava pelo menos cinco vezes por semana. Aí veio a pergunta brava: Bebe? Socialmente, respondi e continuei: Fins de semana tomo minhas cervejas nas rodas de truco. Eventualmente durante semana se houver um motivo especial. Então a esposa, até ali calada e só observando resolveu intervir:
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Tremi nas bases. Aquilo poderia ser o fim dos meus melhores momentos, das rodas de truco, das mesas contando e ouvindo mentiras. Foi quando olhei para o céu, contrito e silencioso pedi ajuda de um querubim. Um me ouviu e chegou soltando labaredas. Só eu o vi cochichando algo no ouvido do doutor que, obediente à figura celestial, respondeu à esposa:
— Bem, bem, cerveja não deve fazer, mas há algo tenebroso e que faz a pressão arterial ir lá para cima.
— E o que é doutor? – ela quis saber.
— É a mulher ficar perturbando o marido para ele não tomar a cervejinha dele. Deixa ele paz, mulher.
Valeu meu querubim pelo seu poder de persuasão. A “perseguição” findou ali. E em homenagem à sua eficaz intervenção e conselhos vou dar uma molhada na garganta. E vai ser agora!