junho 24, 2018
T anto é gostoso sair, como chegar. O ir é uma aventura e o vir é uma rotina. Tudo, afinal, se resume num festival de emoções, saudades e es...

Tanto é gostoso sair, como chegar. O ir é uma aventura e o vir é uma rotina. Tudo, afinal, se resume num festival de emoções, saudades e esperanças.
José Américo disse que ninguém se perde na volta. A frase, que se tornou famosa, encerra uma grande verdade. Chega um momento em que a saudade termina pedindo para a gente voltar. Voltar à nossa gostosa rotina.
Lisboa agora é um trampolim nessa viagem de volta. Daqui saltaremos num vôo até o nosso país. São mais ou menos oito horas de vôo. Desceremos em Recife. E fico pensando... até quando teremos que ir pra Recife ou Natal para embarcar ao exterior?
O tempo está claro. A aeronave já sobe faminta de espaços. E tudo agora virou passado. Repito o que disse no título de meu último livro: Viajar é Sonhar Acordado. Agora é fechar os olhos e rememorar o que se viu, e o que se reviu.
Noto muito cansaço nos passageiros. Muitos dormem. Dormem ou sonham. E me vem um desejo enorme de chegar logo ao meu país, de que estou ausente há dez dias. Mas o avião, apesar de sua grande velocidade, parece parado no espaço. Ele vai devorando distâncias por cima do oceano.
E empoleira-se na minha imaginação a interrogação: se o avião caísse, você preferiria no deserto, na mata ou no mar? Ora, ora, este cronista, sem dúvida perdeu o siso, lembrando o poeta Olavo Bilac… Mas não custa nada perguntar, pois é perguntando que a gente chega à verdade. A filosofia nasceu da pergunta. Que diga o grande Sócrates, que pensou tão alto, mas que nunca, decerto, imaginou que, um dia, um brasileiro, inventaria esta máquina que voa sobre nossas cabeças...
Retiro os olhos e a curiosidade da janelinha do avião, e fico aguardando a aterrissagem em terras brasileiras. Deixo a aeronave com esta reflexão: é bom sair da rotina em busca da aventura, mas, voltar à rotina bem que é muito gostoso.
junho 24, 2018
junho 04, 2018
C hegou o mês de junho, que, apesar de ser o mês em que eu nasci, sempre vem com muito barulho de bombas e foguetões. Por falar em barulho, ...
Chegou o mês de junho, que, apesar de ser o mês em que eu nasci, sempre vem com muito barulho de bombas e foguetões. Por falar em barulho, esse ano teremos eleição. E fico lembrando das cidades civilizadas, onde o silêncio é respeitado. Mais do que respeitado: reverenciado.
Fico a imaginar uma propaganda barulhenta, como a que presenciamos no período eleitoral, numa cidade do primeiro mundo... Seria um escândalo, caso de polícia, protestos nas ruas, na TV, nos blogs, em toda a parte. Agora é proclamar com toda a força dos pulmões: bem-aventurados são os surdos, que não tomam conhecimento desse escândalo sonoro, tão prejudicial à saúde.
Durante a campanha, a impressão que tenho é de que há cães raivosos, soltos na rua, ou loucos recém-saídos dos manicômios. E os que financiam tal tipo de propaganda eleitoral, decerto, descansam em suas casas, com os ouvidos atentos ao barulho, e sem dúvida, dizendo para os seus familiares, sorrindo: “nós estamos gritando mais!” Sim, o negócio é gritar, e esquecer dos que estão nos hospitais, dos que estão repousando em suas casas, das crianças recém-nascidas, idosos, enfermos e assim por diante.
Mas cadê os encarregados de cumprir a lei do silêncio, a lei das contravenções penais? Será que fogem para não presenciar tal absurdo? Sim, por que o olhar compromete quem olha, quem testemunha um crime. Assim mesmo estou ainda confiando nos cumpridores da lei. Não é possível que, este ano, aconteça de novo...
E fico pensando, que autoridade tem um provocador de barulho para defender o meio-ambiente? Há os que argumentam que nada se pode esperar de um eleitorado que tem 53% de pessoas sem o curso primário completo. Acontece que não são apenas os analfabetos os responsáveis por essa calamidade sonora. Pois, aqui para nós, há várias espécies de analfabetismo… Vamos nos lembrar disso diante das urnas.
junho 04, 2018
junho 04, 2018
O s pardais são encontradiços em toda parte. Muito mais do que os japoneses. Você sabia quem importou os pardais para o nosso país? Foi um p...
Os pardais são encontradiços em toda parte. Muito mais do que os japoneses. Você sabia quem importou os pardais para o nosso país? Foi um prefeito do Rio de Janeiro, que tinha o sobrenome de Passos, que lembra pássaros. Pois bem, os pardais se aclimataram aqui que foi uma beleza. Eu não sei a razão desse bom acolhimento aos pardais, já que são feios, não cantam e gostam de brigar uns com os outros. Todavia, pensando bem, eles, afinal, são pássaros, e pássaros voam. E tudo que voa é bonito, a começar pelo urubu. É lindo vê-lo fazendo evoluções num céu tranquilo de verão, longe da carniça cá em baixo. Ninguém melhor do que ele sabe transcender.
Mas deixemos o urubu e voltemos aos pardais, que sentem uma inveja danada dos bem-te-vis. Estes também são dignos de nossa admiração. Adoro ouvi-los, manhã cedo, num maravilhoso diálogo, uns com os outros. Eis um pássaro de minha predileção. E como são bonitos!
O bem-te-vi, se não me engano, é brasileiro. Nunca o vi nas terras que visitei. Portanto, saudemos aqui esse belo e madrugador pássaro, que me acorda, todas as manhãs, para as minhas caminhadas à beira-mar. E lamento muito aqueles que não prestam a atenção ao seu canto otimista. Sim, o bem-te-vi é todo alegria, e percebo um certo humor no seu canto, uma espécie de mangação. Vou já, já consultar o botânico Heretiano Zenaide, expert em aves. O bem-te-vi será mesmo brasileiro?
Mas eu comecei a crônica falando sobre pardais. Feiinhos e adoram tomar banho de terra seca. Que gosto... Afinal, por que iniciei escrevendo sobre os pardais? Ah, leitor, pois não é que eles abundam em Paris? Numa lanchonete, perto do hotel onde costumamos ficar, no Quartier Latin, eles participam de nossa refeição matinal. Não chegam a pousar em nossas mesas, mas ficam aguardando um miolo do nosso croissant. E olhe que ninguém tem coragem de enxotá-los.
E sabe onde fui encontrá-los, também? Você não imagina, leitor. Encontrei-os, na sala de refeição, por sinal ao ar livre, num hotel de Marrakesh, lá nos Marrocos, onde fomos bater, recentemente. E aqui para nós, a dona do hotel, uma simpática muçulmana, só fazia sorrir vendo os pardais muçulmanos comendo nas mesas do terraço após as nossas refeições.
E quer saber de uma coisa? O pardal é feio, não canta, mas é uma ave muito solidária e adora conviver com os homens. Estes jamais farão um pardal. Só Deus. E se a Inteligência Suprema os criou é porque o pardal é necessário.
A verdade é que eles estão em toda parte. São grandes turistas. E isto, talvez, provoque inveja aos bem-te-vis, pássaros belos, embora ariscos e desconfiados. E encerro esta crônica com uma pergunta: você, que é muito viajado, já observou os pardais lá fora? Decerto, não. Isto fica para esses cronistas, que têm olhos para tudo.
junho 04, 2018
maio 28, 2018
V ejo numa dessas colunas de modas um desfile de modelos, por sinal muito elegante. E daí? O que é que há demais no desfile das modelos? Or...
Vejo numa dessas colunas de modas um desfile de modelos, por sinal muito elegante. E daí? O que é que há demais no desfile das modelos? Ora, ora, é que elas caminhavam na passarela sem nenhum sorriso nos rostos. Pareciam zangadas, tristes, estressadas ou deprimidas. Pareciam não satisfeitas com o salário, com a profissão. Pareciam que não eram amadas. Sim, porque segundo disse a autora espiritual Joanna de Angelis, através da psicografia do médium Divaldo Franco, “quem ama, sorri”. É o contrário de quem odeia. Se não me falha a memória, já vi desfile de modelos que sorriam, iguaizinhas às misses. Estas jamais desfilam carrancudas. E aqui para nós, haverá coisa mais bela do que um sorriso? O sorriso é luz no rosto.
E chegou a vez de perguntar. Por que as modelos trocaram o sorriso pela carranca? Seria alguma determinação dos seus chefes, ou dos produtores dos desfiles? Não sei se a colunista Nereida observou isso.
Se a moda pega, leitor, eu não sei o que será deste mundo, já tão cheio de tristeza. O sorriso dá alegria, estimula, torna a vida mais bela. Os animais, coitados, não sorriem. Daí dizer o escritor francês Rabelais: ria, ria, pois o riso é próprio do homem.
Já imaginou se o nosso sol não nos iluminasse com o seu sorriso de luz, isto é, com o seu “solriso”? ... A mesma coisa falaríamos das estrelas. E que dizer das plantas, que sorriem através das flores e das cores? Veja o mar e observe o seu sorriso de espumas.
O sorriso é uma terapia. Dizem que quando a mãe vê o filhinho dando o seu sorriso inaugural, no berço, ela esquece os sofrimentos do parto, e da gravidez, e também sorri, feliz da vida...
As crianças sorriem. E sorriem por que estão cheias de entusiasmo diante da vida. A vida para elas é uma constante descoberta. Não estão contaminadas pela rotina, pelo prosaísmo da vida.
Quando você despertar, manhã cedo, não deixe de dar uma olhadela no espelho. E faça a seguinte experiência: esboce para ele um sorriso ou uma carranca. Veja que diferença! Lembrar que o sorriso espalha as rugas...
Dizem as más línguas que Jesus nunca sorriu. Mentira, leitor, Será que ao abraçar as criancinhas, ele o fez de cara amarrada? Lembrar que o sorriso não é um abrir de dentes. Você pode sorrir pelo olhar.
Nos conventos da Idade Média, o sorriso era proibido, era coisa de Satanás... Lembram-se do filme “O Nome da Rosa”.
Outro dia estive vendo algumas fotos, nos jornais, de pessoas já falecidas, não de cara amarrada, mas sorrindo... E está certo. Em geral, as pessoas tiram fotografias sorrindo. Nada de cara fechada. Vejam os freqüentadores das colunas sociais. Todos sorriem. Já pensou se fosse o contrário? O sorriso faz bem ao que sorri, e também aos outros.
Termino com esta conclusão de Eckart Tolle, no livro “Despertar de uma nova consciência”, um dos autores mais lidos no estrangeiro: “O riso tem uma extraordinária capacidade de liberar e curar.”
maio 28, 2018
maio 28, 2018
E is que criaram o “dia dos amigos”. Pelo menos na Internet. Aqui para nós, a Internet está fazendo uma coisa que as religiões não conseguir...
Eis que criaram o “dia dos amigos”. Pelo menos na Internet. Aqui para nós, a Internet está fazendo uma coisa que as religiões não conseguiram: unir as pessoas”. Mas o dia dos amigos não tem aquela comemoração semelhante ao Dia da Criança, das Mães ou dos Pais. Os comerciantes não se animaram muito com a data, que passa com pouca festa.
Pensando bem, que seria de nós sem os outros, mormente os amigos? Os amigos são uma benção, conquanto o risonho Voltaire, toda vez que chegava a uma reunião de amigos, costumava fazer a seguinte saudação: ”Amigos! Não há amigos.” E o “amigo da onça”, que foi título de uma página assinada pelo humorista Péricles, na revista O Cruzeiro?
Bem-aventurados aqueles que possuem bons amigos, esses inimigos de nossa solidão. Quem não os têm é um infeliz. Há muitos falsos amigos, notadamente, na política…
Tenho muita pena das pessoas solitárias, sem amigos. Em geral são amargas, pessimistas, deprimidas, sofridas. E ter inimigo não é negócio nenhum. Daí a importância da reconciliação, do perdão, da compreensão. Nada de cultivar ressentimentos, que é o mesmo que cultivar espinhos.
Que a todo momento estejamos com os braços abertos para receber os amigos. Estou me lembrando agora mesmo do apóstolo João que, já velhinho, saía pelas ruas gritando para as pessoas: “amai-vos uns aos outros”. São Francisco abraçava as árvores, chamando-as de “minhas amiguinhas”. Dizem que o melhor amigo do homem é o cão, seja um vira-latas, seja um Rottweiler. Já o gato, ao que dizem, gostam mais é da casa.
Amigos! Como é bom tê-los! Mais ainda: como é bom conservá-los. Quem faz um verdadeiro amigo acende uma lâmpada no caminho da vida. “Se você quer alegria, dê alegria aos outros. Se deseja amor, aprenda a dar amor” - diz aqui o mestre Deepak Chopra. E viva os milhões de amigos do cantor Roberto Carlos!
maio 28, 2018
maio 21, 2018
F oi depois de Jerusalém, onde não encontrei Jesus, e de passar por Tel-Aviv, magnífica megalópole dominada pelos judeus, que, ao chegar em ...
Foi depois de Jerusalém, onde não encontrei Jesus, e de passar por Tel-Aviv, magnífica megalópole dominada pelos judeus, que, ao chegar em Londres, tive minha primeira experiência em cadeira de rodas. Tudo por causa de uma estenose lombar aguda, posteriormente tratada por Dr. Ronald Farias, meu médico de coluna.
Mesmo sabendo que o bom mesmo é andar a pé pelas cidades, pois, só assim a gente as conhece melhor, dessa vez, eu tinha Londres aos meus pés, mas cadê saúde para movimentá-los? Aí aconteceu o que eu não esperava: alugaram-me uma cadeira de rodas. Que oportuna solução saída da cabeça do meu amigo Davi e do caçula Germano!
Assim, fui passeando em Londres, sentado tranquilamente na cadeira, que era zero quilômetro. Aí me lembrei do velho Churchill, que usou por muito tempo aquele transporte. Lá no alto, na Trafalgar Square, montado no seu cavalo, o almirante Nelson, parecia estar com inveja de mim.
Ah, que delicia foi sair deslizando pelas ruas londrinas sobre rodas. E fui bater até bater de novo no Palácio de Buckingham, onde uma enorme multidão se postava, aguardando a presença da rainha que nunca aparece...
Aqui para nós, a capital londrina tem tudo para ser capital do mundo. O que é que não se encontra em Londres? Ela só peca pelo seu arraigado tradicionalismo. E graças a esse tradicionalismo, muito dinheiro corre para os cofres públicos. Esse negócio de Rainha, a quem tanto se venera, não falta turista basbaque para ficar olhando a troca da guarda do palácio.
Continuamos passeando pelos encantadores canteiros, contemplando e acariciando as tulipas, cujo vermelho parecia gritar a sua beleza. Graças à cadeira de rodas constatei como o chão londrino é bem cuidado. Aliás, todo prefeito deveria dar um passeio nesse transporte para verificar ao vivo o chão de sua cidade. Com que facilidade a cadeira deslizava pelo chão limpo, sem buracos e sem batentes.
E quem empurrava minha cadeira? Ora, meu filho e anjo de guarda Germano, que hoje é mais pai do que filho.
A vida, às vezes, gosta de testar a gente. E eu acho que me saí tão bem no teste da cadeira de rodas, que terminei me acostumando. Hoje em dia, nas caminhadas mais extensas, tenho aproveitado a tecnologia das rodas enquanto dou um descanso às minhas pernas, que agora me agradecem.
maio 21, 2018
maio 20, 2018
E eis que completaram dois meses que deixei o hospital, onde andei me tratando de uma infecção resistente, que, felizmente se escafedeu. E ...

E eis que completaram dois meses que deixei o hospital, onde andei me tratando de uma infecção resistente, que, felizmente se escafedeu. E aqui vão os meus agradecimentos aos médicos queridos, a começar pelo mestre Marco Aurélio Barros, ao meu urologista, George Guedes Pereira, e ao clínico e geriatra Daniel Felgueiras Rolo.
Saúde recuperada, chegou a hora de ser também grato ao meu corpo e ao meu sistema imunológico. Começo pelo coração, um dos órgãos que mais amo, a quem muito ajudei, com minhas costumeiras caminhadas, e, agora, com a hidroginástica e a fisioterapia. E como gosto de vê-lo pulsando de alegria quando me movimento… Só não o beijo todos os dias, porque não posso.
Também sou grato aos pulmões, que, todos os dias, alimento com oxigênio puro. Aliás, convém lembrar que esses admiráveis filtros têm uma profunda mágoa em relação a mim. É que eles aguentaram por muitos anos as toneladas de nicotina com que os intoxiquei, por conta do maldito cigarro.
Mas vamos adiante. Agradeço ao meu cérebro, onde funciona minha mente, que comanda todo o corpo, que me ajuda a pensar, a ler, a escrever, e que só descansa quando durmo.
Agora chegou a vez das pernas. Minhas queridas pernas, que ora contam com a ajuda de uma bengala, e, vez por outra, o descanso da cadeira de rodas, que ninguém é de ferro. Como lhes sou grato pelas muitas caminhadas nas avenidas e parques das cidades esstrangeiras que visitei.
E que dizer dos meus olhos, a quem tanto devo? Ah, como tenho pena dos deficientes visuais... Os olhos são tudo em nossa vida.
E o sangue, que não se cansa de caminhar pelas veias e artérias, alimentando todo o meu corpo?
E as mãos, que tanto usei para escrever essas crônicas e outras coisas mais?
Sei não, mas reconheço que nosso organismo é uma extraordinária usina de muito trabalho a quem só devemos gratidão. E viva a saúde!
maio 20, 2018
maio 14, 2018
B em-aventurados os que sorriem. Quem sorri alegra a quem não sabe ou não pode sorrir. Portanto, sorriso é caridade. Sorriso é luz no rosto....
Bem-aventurados os que sorriem. Quem sorri alegra a quem não sabe ou não pode sorrir. Portanto, sorriso é caridade. Sorriso é luz no rosto. E haverá nada que alegre mais a vida do que a luz? Daí Jesus dizer que não deveremos esconder a luz debaixo do alqueire, mas colocá-la no velador para que ilumine a todos.
Você quer um exemplo de um belo sorriso? Veja o rosto de uma mãe olhando o filho renascido. E pensando bem, a Natureza é uma festa de sorrisos: sorriem os pássaros, sorriem as nuvens lá no alto, sorriem as flores, sorri o vento, sorriem as espumas do mar, sorri o sol, sorri a lua. Só o homem é que, às vezes, tranca o seu sorriso;
Jesus disse uma bela frase: se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo se iluminará. O sorriso, portanto, está sintonizado com a bondade. Os ditadores, sejam da direita ou da esquerda, não sabem sorrir.
E que dizer daquele sorriso – sorriso ou meio sorriso? - da Mona Lisa, lá no Louvre, obra-prima do genial Da Vinci? Sorriso que é hoje atração turística internacional? O meu receio é que a nossa Gioconda termine transformando o seu sorriso numa gargalhada, vendo tanta gente fazendo filas em torno do quadro que a aprisiona...
Há gente que passa por momentos difíceis em sua vida, mas se revestem de coragem para continuar vivendo e volta a sorrir, passa a ver a vida com outros olhos.
Dizem as más línguas que Jesus nunca sorriu. Será que ele, quando nos convidou a olhar os lírios do campo, foi de cara amarrada? E quando abriu os braços para as criancinhas dizendo que o Reino dos Céus era delas? Será que não foi sorrindo? Quem não sorriu foi Pilatos, foi Herodes, foi Barrabás.
O bom humor faz bem ao sistema imunológico. Já está provado. E por falar nisso, médico bom é aquele que recebe você sorrindo. Mas há deles que parece que o doente é ele… Lembre-se: O sorriso faz bem à saúde.
maio 14, 2018
maio 14, 2018
F oi no mês de maio que ela abriu os olhos para o mundo e tornou-se uma mulher extraordinária. Foi eximia musicista (ela tocava flauta), fun...
Foi no mês de maio que ela abriu os olhos para o mundo e tornou-se uma mulher extraordinária. Foi eximia musicista (ela tocava flauta), funcionária do Telégrafo, por concurso, mãe de nove filhos, dois do primeiro casamento e sete do segundo, sem contar com os que morreram. Todos os partos foram feitos pela parteira. E ela chegou a fazer um parto sozinha. Quando a parteira chegou (isto foi em Alagoa Nova) encontrou-a, sozinha, sorrindo, esperando apenas que a profissional fizesse o resto do trabalho.
Autodidata, leu não sei quantos livros e tinha uma imaginação fora de série. Tanto é assim que inventava muitas historias para contar aos filhos. Mas eu, com o privilégio de caçula, era seu ouvinte especial. E quando eu adoecia de asma, era ela que, alisando meus cabelos, fazia-me esquecer a doença, a febre e a falta de ar.
Nunca me castigou, nunca me repreendeu, nunca me mostrou cara feia. O otimismo era uma constante em sua personalidade. E chegou a decifrar e a fazer palavras cruzadas e charadas. Tinha uma letra lindíssima, de chamar a atenção. E disso ela se orgulhava. E que dizer da voz? Cantava que era uma beleza.
Chamava-se Pia, mas terminou acrescendo a palavra Maria. E dizia: “Maria Pia é nome de rainha.” Sua alimentação era a mais frugal de todas. Comia muito pouco. Daí a longevidade. Ela atravessou os cem anos que foi uma beleza. Enfrentou a velhice com muita garra. Costumava dizer que velhice quer trato. Nada, pois, de relaxamento”. E acrescentava: “não tenho raiva da velhice e sim dos velhos”. Acho que três fatores concorreram para a sua longevidade sadia: leitura, otimismo e alimentação sóbria. Gostava de vestidos coloridos, alegres. Nada de tristeza na indumentária. Foi uma das primeiras mulheres em Alagoa Nova a entrar na moda do cabelo curto. E ela tinha uma cabeleira que ia até os joelhos.
Fez versos muito bem rimados. E a voz? Linda. Lembrar que ela fazia parte do coro da igreja e zeladora do Coração de Jesus. Mas terminou espírita, já que o segundo marido, meu pai, foi um militante daquela nova crença. E leu muitos livros psicografados por Chico Xavier.
Minha mãe, Maria Pia, dona Piinha na intimidade, adorava conversar, passear e viajar. Já o marido era o contrário. Nunca vi duas diferenças de temperamento se darem tão bem.
Nasceu numa cidade do interior paraibano chamada Canafístula, nome de uma árvore. Mas, quando soube que a cidade mudara o nome para Caldas Brandão ficou doente de raiva.
Curioso, ela nasceu no dia 5 de maio, o mês dedicado às mães, comemorado no segundo domingo. E ninguém foi mais mãe do que ela, a quem devo o que sou hoje. Nunca vi seu rosto zangado para comigo. Neste último domingo, dedicado às mães, dei-lhe um presente. O presente de uma prece. Uma prece de agradecimento por tudo que fez por mim.
maio 14, 2018
maio 07, 2018
E stava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no R...
Estava ao lado de meus estimados familiares, frente a frente ao palco, onde iríamos assistir à notável Orquestra Sinfônica de Londres, no Royal Festival Hall, à beira do Tâmisa. Todo o teatro em silêncio. Nenhuma poltrona vazia. Até que chega o maestro húngaro Tamas Vasary, acompanhado do jovem pianista, também húngaro, Tamas Erdi, que deveria estar na faixa dos 25 anos. Chuva de palmas! Uma chuva que não iria gripar ninguém.
Depois de apresentar o pianista ao público, o maestro subiu ao tablado para dar início ao concerto. Aí eu notei uma coisa estranha. Notei que o solista tinha os olhos parados, isto é, que ele era um deficiente visual. Como iria ele movimentar suas mãos pelo teclado? Como era possível tocar piano sem os olhos? Agora é lembrar aquela sentença evangélica: tudo é possível àquele que crê.
E teve início a performance sob a batuta serena e elegante do maestro. E eu tive uma certa ansiedade. Será que esse jovem vai mesmo tocar sem os olhos? Pois não é que tocou, leitor? Alaurinda, Germano e Davi, ao meu lado, ficaram maravilhados. Terminado o concerto, caiu uma trovoada de palmas.
O pianista, como disse acima, deu uma grande lição de fé na vida, vencendo uma deficiência física que, em outros, talvez fosse motivo de revolta. Mas, ele soube vencer as limitações da existência, eis a grande virtude do homem. E me lembrei do velho Beethoven, que apesar da surdez, conseguiu ir até o fim da jornada terrena deixando uma obra insuperável, cuja Nona Sinfonia é um hino de fé, de alegria e de muito amor.
Terminado o concerto, o jovem pianista veio várias vezes ao palco, agradecendo os ruidosos aplausos da platéia. Saí do teatro com a alma leve. Eu não tinha ouvido um concerto. Mais do que isto: eu tinha assistido a uma lição de vida!
maio 07, 2018
maio 06, 2018
A h, como é bom viajar… Lá, a gente acorda e sai mais cedo da cama para aproveitar melhor os dias, longe de casa. E o bom é quando a tempera...
Ah, como é bom viajar… Lá, a gente acorda e sai mais cedo da cama para aproveitar melhor os dias, longe de casa. E o bom é quando a temperatura está amena, já que este cronista, como é do conhecimento dos leitores, é muito friorento.
E eis a multidão enchendo as avenidas. Centenas de rostos diferentes, menos os dos orientais. A manhã sempre é um convite para um passeio pela cidade. Lá em cima um bonde passa sobre as nossas cabeças.
Não faltam celulares nos ouvidos, calças jeans nas pernas, cigarros nas bocas e uma pressa para chegar a algum lugar. Ah, como é bom observar melhor as pessoas de outros países, porque o que dá sentido à vida é o homem, pois, como dizia Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas.
E vamos pisando o chão das ruas cheias de história, até que chegamos a um dos cais, com uma visão panorâmica extraordinária. Muitos bares, muitas lojas. Eu adoro cidade que se abrem aos nossos olhos, que se desnudam, que mostram logo o que são. Delas a gente avista seus magníficos monumentos arquitetônicos, suas óperas, teatros catedrais, pontes. E, se tiverem rios e lagos, avistamos seus barcos e navios.
Muitos turistas sem saber onde colocar os olhos e o desejo consumista de adquirir novidades da terra. Quantas ofertas aguçando os desejos das pessoas! Repito: quando a manhã é de sol ameno, dá gosto ver muita gente alegre pra lá e pra cá.
E quando avistamos vários grupos de garotos, de ambos os sexos, conduzidos por jovens professoras e com muita disciplina? Ensina-se tudo fora dos livros, ao vivo, inclusive nos parques, galerias e museus. Garotos com seus uniformes azuis, de mãos dadas com os seus colegas e com uma aguçada curiosidade.
Vemos também rapazes, em trajes esportivos, caminhando pela avenida. Ah, como certas cidades europeias são alegres, disciplinadas e bonitas!
Mas belas mesmo são as Óperas, a exemplo da de Sidney, com sua moderníssima arquitetura, que lembra uma flor com suas pétalas se entreabrindo, e da de Paris, clássica e monumental! Germano me informou, com seu conhecimento de arquitetura, que o arquiteto da Ópera de Sidney se inspirou nas conchas marítimas, coisa que não falta nas praias da Austrália e Nova Zelândia. E viva a imaginação dos arquitetos!
E em meio aos jovens e garotos, os idosos se rejuvenescem. Noto que na Europa, Canadá, Nova Zelândia, Austrália, os mais avançados em idade não ficam mofando em seus apartamentos e casas. Vão às ruas. Sejam a pé ou em suas macias cadeiras de rodas. Por falar em rodas, pois não é que me compraram uma cadeira, em Lisboa, da última vez que lá estivemos. Foi logo no início da viagem e eu me esbaldei pelas ruas de Berlim, Paris e nas cachoeiras da Islândia.
E viva a disposição de vida das pessoas. Sou de ficar namorando de longe tanto com as montanhas como com os teatros e óperas… Lembrar que assistimos à ópera Carmen, em Sidney. Toda a área ao derredor do belo teatro é cheia de turistas. E à noite, os numerosos restaurantes são a maior atração.
Não posso esquecer as praias, como a praia Bondi Beach e a dos Doze Apóstolos. Pena que não vemos coqueiros, como aqui. Ausência que se nota nas praias de lá. E fica a indagação: haverá árvore mais elegante e feminina do que o coqueiro? Ah, os coqueiros das praias de minha terra!...
maio 06, 2018
abril 30, 2018
H oje, Dia do Trabalho, um feriado internacional, como pude constatar nas minhas andanças pelo mundo. É isso, o trabalho dignifica o homem, ...
Hoje, Dia do Trabalho, um feriado internacional, como pude constatar nas minhas andanças pelo mundo. É isso, o trabalho dignifica o homem, já se disse. E ainda mais dignificante é o trabalho voluntário, desinteressado, amador.
O meu amigo Mirabeau Dias, juntamente com a sua Suely, fazem isso de forma admirável. Ele, com o seu espaço cultural, anexo à sua construtora, e ela, no Núcleo Espírita André Luiz, no lá no Bessa, a que se dedica integralmente.
Mirabeau, professor de física de nossa universidade, e Suely, professora de química, formam um perfeito casal, com dois filhos engenheiros civis, Bruno e Túlio. Suely é uma espécie de anjo de guarda, na bonita família. Inspiradora do trabalho do marido e dos filhos, com o seu doce sorriso e a formação religiosa, vai cuidando das coisas espirituais, proferindo palestras, ensinando a Doutrina codificada por Kardec e ajudando muitas pessoas, que lá chegam necessitadas de amor e compreensão, no seu centro espírita.
E Mirabeau não se fixou somente na parte profissional da empresa. Daí ter aberto um espaço para a cultura, a que não faltam um luxuoso auditório, cinema, biblioteca, preciosidades históricas de nossa terra, que ele, com seu bom gosto, andou pesquisando.
Confesso que fiquei entusiasmado com o espaço cultural de nosso empresário, pois até de uma sala de cinema ele cuidou. Você vai andando naquele espaço e vai se esquecendo do prosaísmo da vida, dos negócios do dia-a-dia, e elevando o espírito para outros patamares, que ninguém é de ferro.
E ele não deseja um espaço parado mas, sim, dinâmico. Daí a sua iniciativa de sempre convidar intelectuais de nossa terra para uma série de entrevistas, que estão devidamente filmadas e documentadas
A verdade é que o construtor, ex-professor, excelente pai de família, merece ao lado de sua Suely, nossos mais sinceros aplausos nesse Dia do Trabalho!
abril 30, 2018
abril 30, 2018
D ia do Trabalho! Dia de se pensar nele como atividade que mais impulsiona a nossa evolução. E trabalho implica em tempo, que muita gente an...
Dia do Trabalho! Dia de se pensar nele como atividade que mais impulsiona a nossa evolução. E trabalho implica em tempo, que muita gente anda querendo matar… Portanto, viva o trabalho e viva o tempo. Nada de matá-lo.
Quem mata um ser humano é homicida. E quem mata o tempo? Tempo não é para se matar e sim para se viver. E viver bem. Ai de quem não aproveita o tempo, deixando-o passar, inutilmente!
Houve quem definisse o tempo como se fosse a terra. Se você nada plantou nela, dela nada nascerá. Sem o trabalho, não há plantio. Que responsabilidade a nossa, hein? A terra se torna inútil por sua culpa. Assim é o tempo. Bem-aventurado aquele que aproveita bem os minutos e as horas que passam, silenciosas e imperceptíveis. A gente olha para os ponteiros do relógio e tem a impressão de que eles estão parados. É a invisibilidade do tempo!
Ora, ora, vejam aqui os meus netos, que não vai muito longe, estavam dormindo no ventre materno, num gostoso e silencioso sono! E agora o que vejo? O menino falando grosso, de buço, e passando grande parte do tempo no computador e me perguntando se eu já tenho um blog? Mais ainda: que está prestes a concluir o Bacharelado em Matemática e já pensa no mestrado e doutorado. Puxou ao pai, meu primogênito, que é PHD em Física e pós-doutor em Cosmologia pela Universidade de Londres. E a neta? É outra que passa grande parte do tempo digitando, pergunta se eu já recebi o seu e-mail e qual a minha opinião sobre as recentes sondagens no planeta Marte.
A verdade é que eles não botam o tempo fora. Quando não estão nos livros, estão nos cursos suplementares ou plugados na Internet. E, quando não estão nem nos livros, nem no computador, nem nas aulas, estão nas livrarias da cidade, com os pais. A TV para ambos pouco existe. E eu fico contente em saber que os garotos não deixam o tempo passar em vão. Eles não matam o tempo. Eles vivem o tempo.
Eu tenho muita pena daqueles que deixam o tempo passar em vão. Que não produzem, que não trabalham. E o pior é que a gente não sabe o que vem pela frente. Será que amanhã... ah, a incógnita da vida! Certíssimo o ditado que diz: “Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”.
Acho que a mais dramática e perturbadora pergunta que nos fazem quando sairmos deste mundo é: o que fizeste do teu tempo?
Admirável é o homem ocupado. Ocupado no bem, no trabalho. Uma ocupação que não seja egoísta, que não o transforme numa máquina, num robô. O danado é que o tempo passa, silencioso, invisível, imperceptível. E é preciso estar atento à sua passagem. Ah, a busca e a dor do tempo perdido, hein, mestre Proust?
Lembre-se que o tempo não deve ser empregado apenas para si. Madre Tereza de Calcutá levou grande parte de seu tempo trabalhando pelos outros, limpando leprosos. Será que usou o tempo em vão?...
E termino a crônica com aquele poema do meu poeta predileto, Manuel Bandeira, intitulado “Andorinha”:
“Andorinha lá fora está dizendo:
“Passei o dia à toa, à toa”.
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa”…
E viva o trabalho!
abril 30, 2018
abril 22, 2018
U m dia desses revi o vídeo de uma viagem nossa, em que meu caçula, Germano, teve a ousadia de pegar uma bicicleta e sair correndo pelas rua...
Um dia desses revi o vídeo de uma viagem nossa, em que meu caçula, Germano, teve a ousadia de pegar uma bicicleta e sair correndo pelas ruas de Paris, como se estivesse nas praias do Litoral Sul, onde gosta muito de pedalar. E lembro muito que pasmei com sua tamanha coragem, quando estivemos, naquela ocasião, na Cidade Luz.
Não cheguei a acompanhá-lo para vê-lo de perto pedalando por toda Paris. Vi depois, no saudoso programa Parada Obrigatória, da RCTV, muito bem em que ele costumava trazer para nós a paisagem, a cultura e o cotidiano das grandes metrópoles. Mas, agora, o que eu estava vendo era o caçula montado numa bicicleta e correndo pelas ruas da bela cidade. Deu-me uma inveja danada. Jamais faria tal façanha.
Acho mesmo que o outro filho, o primogênito, professor pós-doutor em Física de nossa UFPB, também faria isso, pois o que gostava, outrora, era de surfar. Sua grande aventura, abraçando as ondas. Mas, o meu galego desmoralizou Paris. Passou pela Torre Eiffel, que tremeu diante daquela afoiteza, da Notre Dame, que, decerto, fez o sinal da cruz diante da coragem do paraibano multifacetado, que é arquiteto, bacharel em Música, jornalista, escritor e apresentador de programas de viagem.
E ele adora alturas. Daí estar subindo, diariamente, na sua Arquitetura, através dos ousados projetos em belos edifícios pela cidade.
Que inveja Germano me fez naquele passeio pela cidade que mais admiro - Paris. Que bom passear pertinho do Sena, que bom respirar o ar da bela cidade, pedalando! Ainda bem que eu também sei usufruir da tecnologia da mobilidade na minha confortável cadeira de rodas.
Mas, voltando à coragem deste meu caçula, a verdade é que ele faz o medo ter medo dele. Mas é capaz de chorar quando alguém maltrata uma maria-farinha, lá na praia onde vai se encontrar com a Natureza e sonha com um mundo melhor.
abril 22, 2018
abril 22, 2018
C om a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por...
Com a idade, parece que a gente aviva a memória, ao contrário do que dizem por aí. Pelo menos a minha se recorda de muita coisa, e, vez por outra, as lembranças vêm chegando. Sobretudo as mais antigas.
Um dia desse, andei me lembrando de um grande paraibano que já saiu deste mundo, mas não saiu de minha saudade. Vi-o naquela elegância, naquela maneira de quem está em paz consigo mesmo e com os outros. Militar apenas na farda. Impossível imaginá-lo armado de um fuzil. Ao invés de uma arma, o que imaginamos ver nele é um violino, de que era expert.
Mas já é tempo de revelar-lhe o nome. Refiro-me ao capitão Joaquim Pereira, cujo centenário de nascimento foi muito bem comemorado, no ano passado, contando ainda com uma justa cobertura deste matutino, que acaba de festejar com nova roupagem editorial os seus 118 anos de existência, numa bela festa de confraternização.
Voltemos ao maestro, que regeu por muito tempo a Banda de Música do 15º R.I. Foi, sobretudo, músico. Inclui-se entre os que fundaram a nossa Orquestra Sinfônica que, vez por outra, está dando lições de musica erudita ao nosso povo.
Agora entra o compositor. Joaquim Pereira compôs o mais belo dobrado que já ouvi na minha vida. Sertanejo, o maestro intitulou aquela partitura de “Flagelados”, em homenagem aos que fugiram da seca que assolava o nosso sertão.
Difícil, quase impossível, ouvir o dobrado “Flagelados” e ficar indiferente. Trata-se de uma música que mexe com os nossos nervos, com o nosso patriotismo. E solto agora mesmo um viva às bandas de música, que tanto alegram o povo, não é Chico Buarque de Holanda? Sua música, “A Banda”, fez tanto sucesso na voz de Nara Leão. Que o nosso novo secretário de cultura promova um concurso, ou um festival com a participação de todas as bandas de música do estado.
E ainda sobre Joaquim Pereira, ele compôs duas músicas para a nossa Orquestra Sinfônica: “Romance sem palavras” e “Prece sonora”, cujo nome foi sugestão minha, com muito orgulho.
Agora um pedido do cronista: que essas duas composições de Joaquim Pereira figurem num dos concertos de nossa Sinfônica viu amigo maestro Durier?. O pedido tem o aval de Pedro Marinho, que foi amigo do maestro e que também é músico.
E que tal o concerto ser iniciado com o dobrado “Flagelados”? Seria essa mais uma homenagem ao grande maestro.
Fica, aqui, a sugestão, que, decerto, contará com o apoio dos músicos de nossa Sinfônica. Só digo uma coisa: a platéia vai vibrar com a execução das peças a que me referi.
Já fazem mais de 100 anos do nascimento de Joaquim Pereira, que também era exímio violinista. Pena que eu não tenha participado das homenagens do seu centenário, em 2011, por me encontrar ausente da terra, por conta dessa mania de bater perna, e, agora rodas, por este mundão afora.
Mas, fico por aqui, relembrando a “Prece sonora”! Difícil ouvi-la sem chorar.
abril 22, 2018
abril 16, 2018
E sperar é confiar no futuro e o futuro é muito incerto. Quem confia no presente, não espera, age. Nada, portanto, de um esperar vazio. Quan...
Esperar é confiar no futuro e o futuro é muito incerto. Quem confia no presente, não espera, age. Nada, portanto, de um esperar vazio. Quando você espera, você pára. Não fique aguardando que as coisas aconteçam. Diz o ditado que quem espera sempre alcança. Depende. Há a espera passiva e a espera dinâmica. Horrível aguardar de braços cruzados. Vá à luta!
Aprenda com a Natureza. Ela nos ensina que tudo evolui, que tudo caminha para frente, que nada estaciona, nem involui. Veja o mar. As ondas nunca param. E quando se desmancham, se transformando em espumas, e outra onda surge por trás dela. A vida é isso: nada fica esperando, nada fica de braços cruzados. Até o bebê que entra no ventre materno, um dia, deve sair. Tudo muda, tudo se transforma, tudo evolui. Os rios todos os dias misturam suas águas doces com as águas salgadas do mar. E depois saem como entraram. Eis uma imagem da vida.
E que dizer desta semente que, um dia, se transformará numa frondosa árvore. Uma castanhola ou uma gameleira por exemplo. No entanto, nada de esperar com a semente na mão. Joga-a na terra, que ela, graças ao sol e ao adubo, vai trabalhar sozinha até se transformar numa grande árvore. Trabalhar sozinha, veja bem. Nada de esperar pelos outros. Basta dar-lhe água, luz e húmus, e o resto ela fará.
Assim é o homem. Nada, portanto, de braços cruzados, nada de esperar, passivamente. Ocupe sempre o seu tempo. O tempo é como o solo, disse um pensador espiritualista. Se você nada planta nele, nada colherá. Essa, a lei da vida. O tempo está passando e você esperando, de braços cruzados. Nada de aproveitá-lo. Inculto, não cultivado, o solo não produz. E chegará, um dia, em que você será intimado a prestar conta à sua consciência do tempo que ficou vazio. Lembre-se que você é livre em semear, mas obrigado a colher. É a grande advertência da vida. Somos livres, sim, mas inteiramente responsáveis. Dir-se-ia que a responsabilidade é o freio da liberdade.
Portanto, não espere em vão. Aja. Tudo passa tão rápido. Não pare, porque nada está parado. Veja o seu corpo, essa admirável e silenciosa oficina. Aí ninguém descansa. O coração pulsa a todo instante, os pulmões a mesma coisa. Até dormindo, os pulmões e o coração trabalham. O sangue também não cessa o seu trabalho de circular alimentando as células.
Lembre-se, repito, existem a espera passiva e a espera dinâmica. Nada de braços cruzados diante do tempo que pede serviço.
Afinal o que vamos colher se nada plantamos nele?
E sabe qual é o maior prêmio da boa plantação no solo do tempo? A consciência tranquila.
abril 16, 2018