O dia se iniciaria com suave e tênue luz ao pôr do sol, a florescer e a folhear as páginas de uma bela história de afeição ao livro e de p...

A mágica noite da Livraria

O dia se iniciaria com suave e tênue luz ao pôr do sol, a florescer e a folhear as páginas de uma bela história de afeição ao livro e de permanente estímulo à leitura. A tarde e a noite desenharam o cenário ideal e acolhedor da Usina Energisa, para receber a todos com esplêndido fulgor e sublime calor humano.

A começar com edição especial do Pôr do sol literário, os bons ventos elegeram os primeiros acordes regidos com poemas de José Américo, musicados por José Siqueira e bordados pelo tom vigoroso nas vozes de Isadora França e Daniel Seixas, ao piano. Sem, no entanto, deixar de compor festejado olhar do maestro Carlos Anísio, com afetiva releitura de magnificas partituras.


Por sua vez, os livreiros Janaína e Ricardo Pinheiro, na doce companhia de Maria Clara, dignificaram o conclamo da mesa, a auferir comenda em homenagem aos 50 anos de existência e resistência da Livraria do Luiz. Cinquenta canções de amor ao livro, cinquenta primaveras de coexistência com autores, editores e leitores. 5 décadas, a fio, dedicadas aos imensos rios do pensamento e aos intensos caminhos do conhecimento.

Principal fonte e tema, o livro tomou assento na galeria Energisa para o lançamento das obras A flor do rio Gramame e O flutuador, dos escritores José Nunes e Aroaldo Sorrentino Maia. Por sua vez, Janelas da história, coletânea de textos publicados nas folhas do jornal A União, em coluna semanal da Casa de Zé, motivou enriquecedor debate suscitado pelo presidente Fernando Moura, com mediação do jornalista William Costa.

Também, por lá, foi possível celebrar exposição do fotógrafo Roberto Coura, “Cores da Feira”, com imagens da feira central de Campina Grande, selecionada pelo edital de ocupação Usina de artes visuais, de 2019-2020, com curadoria do artista visual Dyógenes Chaves e produção da também artista Margarete Aurélio.

Apresentado pela Confraria Sol das Letras, em parceria com a Academia Paraibana de Letras, o sarau se vê consolidado nesses quase 10 anos de extraordinária convivência com quem fez e faz, inscreve e escreve a memória e o futuro da literatura paraibana. Delicioso encontro dos fundadores da confraria com seu cativo e cativado público, toda última quinta-feira de cada mês.

Dias atrás, seria a vez do sociólogo e poeta Marcus Alves reverenciar a poesia paraibana, com primorosos versos de Augusto dos Anjos, em dedicada intervenção artística à galeria que dá nome ao maior poeta brasileiro. Convidada pela Fundação Cultural de João Pessoa, com o olhar atento do coordenador de literatura da Funjope, Iam Pontes, a novíssima geração de grafiteiros, sob inspiração da artista Kalyne Lima, ofereceu mais vida àquele admirável logradouro e raro exemplar do nosso centro histórico.

Já na sala Vladimir Carvalho, o quinteto de metais e percussão, formado por integrantes da Banda 5 de Agosto, deu voz e brilho inicial à exibição do documentário “50 anos da Livraria do Luiz”. Brindou a todos com especialíssimo repertório, cultuado pela obra de Pixinguinha a Sivuca, da MPB ao forró, e, magistralmente, completado com medleys da bossa-nova e de canções nordestinas.

O grupo literário Poética Evocare, sob o bastão da professora e poeta Marineuma Oliveira, exibiu prodigioso espetáculo, com escolhidos e colhidos poemas do formidável lavradio exercido pelo poeta Augusto dos Anjos. Entre eles, assistimos a plena performance do seu mais famoso soneto “Debaixo do tamarindo”. Um show à parte. A contar com direção artística de Flávio Ramos e trilha sonora de Gabriel Egito.

O cordel esteve presente pela apurada voz do poeta Raniery Abrantes, a nos entrelaçar com o incrível ritmo de sua rima:

Livraria do Luiz, Belo Centro Cultural Luiz Carvalho da Costa Seu fundador seminal Preocupou-se em divulgar A cultura universal. Muito mais que livraria É cenário de acolhida Tem o Café Literário Tem o respirar da vida Tem exposição de arte Sarau em contrapartida”.

Madrinha da noite, a senadora Daniela Ribeiro exultou sua constante convivência com o universo escrito, ao lembrar fatos da vida dividida com o pai Enivaldo Ribeiro, entre os plenos ares da Rainha da Borborema, e de sua ligação com a Livraria do Luiz, em torno da palavra e de encontros e histórias contadas em livro:

“O amor ao livro permanece em mim aflorado e bem guardado”.

A tão aguardada exibição do documentário sobre os 50 anos da livraria exerceu fascínio à plateia, que dividiu marejados olhares com o sincero e emocionante depoimento de Ricardo Pinheiro, filho do Luiz da livraria. Outros depoimentos passearam pelos itinerários de Gonzaga Rodrigues a Jessica Queiroz, de Bernardina Freire a Hildeberto Barbosa Filho, de Augusto Morais a José Nilton, os quais contaram com a hábil e carinhosa luz bordada por Valéria Sinésio e Thales Farias.

Por hora das homenagens, o agradecimento público a José Moura (diretor da Usina) e a grata presença de Bruno Farias fizeram jus ao nome de todos os queridos amigos da livraria. Convidados por Gi Ismael, com a meiga e anfitriã atenção de Jéssica Queiroz, subiram ao palco para receber a comenda “Amigo do livro”, o poeta Políbio Alves, Paulo Emannuel, filho do cronista Gonzaga Rodrigues, Augusto Morais, Luiz Augusto Paiva, presidente da UBE, Marcus Alves, presidente da Funjope, além de Hélder Moura e Ana Paula Cavalcanti, ambos fundadores da Confraria Sol das Letras.

ESQ ⇀ DIR ▪ Paulo Emannuel, Políbio Alves, Augusto Morais, Caio Pinheiro, Maria Clara Pinheiro, Janaína Pinheiro, Daniella Ribeiro, Luiz Augusto Paiva, Marcus Alves, Ana Paula Cavalcanti, Hélder Moura, e Ricardo Pinheiro
O bom tempo de cumplicidade nos trouxe a certeza de que o sonho, antes desenhado por Luiz da livraria, terá continuidade pelo gesto sereno e perene dos livreiros Janaína e Ricardo Pinheiro. E, também, com os olhos de consentimento dos assíduos amigos e frequentadores da icônica casa de livros, para quem o livro alcança sua pura dádiva dos céus.

A bela noite findaria entre delícias e bandejas de salgadinhos e sucos, canapês e coquetéis, ao som de primoroso e genuíno forró anunciado pela terna voz de Maria Camila e por inúmeras claves dedilhadas nos arranjos de Lucas Carvalho, em florescida companhia da autêntica sanfona nordestina.

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  1. Excelente texto. Eu, como uma das componentes do grupo Poética Evocare , me senti mui honrada por ter tido o privilégio de participar de tão importante evento.

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  2. É entusiasmante ver o trabalho harmonioso das equipes envolvidas, com afinco, na cultura paraibana, em torno de uma homenagem tão significativa.
    Parabéns à Livraria do Luiz, à Confraria Sol das Letras, ao quinteto com os integrantes da Banda 5 de Agosto, ao Grupo Poética Evocare e a todos aqueles que contribuíram para a festa de 50 anos.

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