Contam que Dom Pedro II costumava dizer que, se não fosse Imperador, seria professor. Ainda irei confirmar isso com Lau...

O professor e as crianças

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Contam que Dom Pedro II costumava dizer que, se não fosse Imperador, seria professor. Ainda irei confirmar isso com Laurentino Gomes, o maior especialista no estudo de nossa Monarquia. Em diversas ocasiões o imperador brasileiro demonstrou afeição pelo Magistério, pois teve gestos concretos ao patrocinar a Ciência e sempre estava com olhar benevolente para as Artes.

Entendo a Poesia como essencial para a vida. A Poesia e os gestos de Dom Pedro II são motivações para pensar no que os professores sentem durante
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@Pró Monarquia
aulas, mesmo que seja um ambiente fechado ou a campo aberto, perfumado pela brisa fresca e ornado pelos olhares atentos de crianças. Eu nunca seria um professor, porque fui aluno lento no aprendizado e não entendia bulhufas de Matemática, no fazer cálculos me atrapalhava e me embaraçava no uso da língua estrangeira. Mas escutava sem enfado o professor falar de temas filosóficos, de história, de literatura, ao abordar as ciências nas suas diferentes vertentes.

Enquanto os professores Milton Marques Júnior e Hélder Moura recepcionavam na nossa Academia Paraibana de Letras jovens de diferentes nacionalidades da língua portuguesa, que vieram beber na fonte dos saberes da Universidade Federal da Paraíba, porque pretendem ser professores em seus países, penso como se comportaria Dom Pedro diante de interesseiros aprendizes. A resposta vem dos dois mestres que falavam com desenvoltura sobre os temas que os futuros educadores propunham, enquanto percorriam os cômodos da Casa de Coriolano de Medeiros.

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José Nunes
Admiro o professor pela capacidade que tem de transmitir o mesmo tema para públicos diferentes. Foi o que se deu naquela tarde na Academia. Enquanto a luz do Sol que se prepara para o equinócio de Primavera penetrava sorrateira pelas portas e janelas escancaradas da Academia, os dois professores falavam sobre a cultura da Paraíba.

A acolhida aos jovens estudantes de outros países começou na porta da Academia. A estes, Milton e Hélder mostraram os valores culturais dos integrantes da Casa do Saber da Paraíba e falaram de outros escritores que, igualmente com alta linhagem cultural, não obtiveram assento em uma das 40 cadeiras que compõem a instituição.

Estes universitários percorriam os espaços, revelavam-se fascinados com a imponência arquitetônica da Casa que acolheu José Américo de Almeida e Ariano Suassuna, e tantos outros homens e mulheres que cultuam as letras e as artes. Também conheceram o acervo de obras literárias de imenso valor estético.

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José Nunes
Depois chegaram crianças do Colégio Motiva para conhecer nossa instituição cultural. Estes ficaram de olhos arregalados quando entraram na biblioteca apinhada de livros, divertiram-se à larga ao percorrer o descampado do Jardim de Academus, menearam os braços e os olhos ante a paisagem do painel que retrata o mundo e a obra de Augusto dos Anjos, enquanto ouviam as explicações para cada indagação.

De olhos bem abertos e ouvidos atentos, as crianças, assim como fizeram os universitários, indagavam sobre os detalhes que compõem o mundo de Augusto e o espaço da Academia e, em linguagem apropriada, Milton respondia de modo a não deixar embaraçadas as mentes infantis ou adultas.

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Professor Milton Marques em explanação para estudantes na APL José Nunes
No passeio pelo jardim, onde estão bustos de luminares da nossa cultura, os pequenos conheceram o tamarindo ali plantado há três anos pelo Acadêmico Milton Marques, por ocasião de sua posse na APL. Depois, bem comportados, fizeram perguntas enquanto visitaram a biblioteca composta de indescritível acervo de obras raras. Diante do painel de Flávio Tavares que retrata as visões de Augusto, estes arregalavam os olhos ao observar os detalhes e abriam a mente para recolher aquilo que o professor consciencioso detalhava, para destrinchar o emaranhado do mundo do poeta.

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José Nunes
Naquele dia, na forma como atenderam aos jovens e as crianças, os dois acadêmicos demonstraram quanto é maravilhoso ser professor.

Presente às aulas a campo aberto e nos salões da Academia, ministradas pelos dois confrades, eu recordava a fala do nosso Imperador, pensando por que não me tornei um professor. Talvez porque ainda estou aprendendo a ser aluno.

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