Com o passar do tempo construímos nossos lares e relações humanas, temperando com expressões populares baseadas em acontecimentos curio...

Nau dos Quintos

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Com o passar do tempo construímos nossos lares e relações humanas, temperando com expressões populares baseadas em acontecimentos curiosos, que carregam muita história e verdades. Nosso folclore mostrou caminhos que levaram à literatura e modificou o comportamento do povo, desenhando estradas baseadas em vidas doloridas e marcantes, ao ponto de expressões curiosas se tornarem de uso muito frequente.

Estar de bucho cheio, ou encher o bucho, significa estar bem alimentado, de barriga cheia. Essa expressão era utilizada mais comumente nas minas de ouro,
tanto pelos escravizados quanto por seus exploradores. Na época de sua criação, os escravizados deveriam preencher com ouro um buraco na parede, conhecido como bucho, para só então receber sua tigela de comida.

Entravam tantas "peças" (negros) na mina e, ao final do dia, eram contadas quantas não saíram, lá permanecendo com o bucho vazio para todo sempre.

Era tanto ouro no Brasil que a Coroa Portuguesa, vendo a possibilidade de quitar suas dívidas com a Inglaterra, resolveu cobrar imposto de 20% (a quinta parte) do peso da pedra preciosa extraída das cidades mineradoras.

O Quinto tomou lugar para amaldiçoar uma pessoa, mandando-a para longe, ou para um lugar remoto. A expressão "Quinto dos Infernos" começou a ser usada em Portugal para se referir ao Brasil. Também era usada para designar um lugar muito longe ("lá no quinto dos infernos"). Porém, sua origem e real significado são totalmente diferentes.

O navio que partia de Portugal para recolher esse imposto era chamado de nau dos quintos. Como ele também transportava exilados para a nova colônia, mandar alguém à “nau dos quintos dos infernos” (ou apenas aos “quintos dos infernos”) significava bani-lo para um lugar degradante: o Brasil.

A cobrança foi uma das principais causas da Inconfidência Mineira, um ato revoltoso sem sucesso, que acabou reprimido pela Coroa, em 1789. Para evitar as constantes sonegações, que geraram outra expressão famosa, o Santo do Pau-Oco, estátuas religiosas foram utilizadas pelos mineradores para contrabandear o ouro.

Por isso, em 1750, a Coroa Portuguesa decidiu recolher o quinto diretamente das casas de fundição. A riqueza obtida pelo recolhimento do imposto era levada para Portugal encher os bolsos da corte.

O povo explorado sempre buscou caminhos criativos e soluções inovadoras para sobreviver. Mesmo utilizando uma graça popular, transformou dor em luta, na busca de resultados positivos, encontrados pelos vencedores, durante suas árduas batalhas.

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