Um tranquilo beija-flor estaciona no ar diante da flor no equilíbrio vertiginoso das suas asas. Permanece ali no beijo apaixonado enquanto a manhã de preguiça dominical adentra o dia e o sol atira raios para todos os lados. O pássaro permanece ali alguns instantes até encerrar a curta relação de amor e seguir para um novo encontro floral e, assim, satisfazer o desejo da natureza. Os olhos humanos atentos apreciam a dança do colibri e o vento que balança suavemente o galho em um quadro momentâneo. E perto dali jarros brotam exuberância. Colorem o papel da manhã que se abre e ordenam a flor que se liberte.
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À tarde, o céu já se paramenta de cinza para trazer de volta a chuva com gotas de saudades. Pequenas presenças que se grudam às janelas, ao para brisas dos carros, que suavizam a pele, alimentam a seca terra. O cenário se molha rapidamente e traz a sensação de frescor numa antecipação da invernada, promessa de aguaceiros duradouros. Por enquanto, a precipitação é mínima, só para trazer lembranças numa pintura quase esquecida.
Vez por outra há o silêncio, sobretudo, o noturno. Quebrado pela passagem de um vento, pelo ronco do equipamento veicular, pela voz perdida de alguém que
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O mesmo mundo agora é noite alta. As ruas esvaziam-se num recolhimento voluntário pedido pelos corpos. As linhas se esfumaçam aos olhos cansados cujas pálpebras pendem forçando seguir a estrada do sono. Ali, onde os sonhos contam segredos para serem esquecidos ao fazer-se dia, ao retornar-se de outras existência e só trazermos reminiscências feito uma aquarela indefinida, mas bela.
Ao longo do percurso, há sempre detalhes. Suave cinza chuvosa que abraça os tijolos pintados de branco e escorrem por incolores estradas para matar a sede dos olhos cansados que pedem o velho beijo da lágrima. E vez por outra a vida explode em cores.