Fui até o Ateliê da querida Djane Antério. Precisava dos valorosos talentos dela para ajustar dois maiôs da minha netinha Alice.
Como sempre, é um prazer encontrá-la.
Na conversa saiu o tema “dança”.
Ela perguntou se eu gostava de dançar.
Claro!
Adoro!
E se for forró, amooo!
Auguste Renoir, 1876
Há 18 anos meu companheiro de baile mudou-se para outro plano, quer dizer “despejaram” ele desse plano existencial.
Pois é, para quem conhecia Shuka lembra como era um “bailarino” incansável. Ele sabia me conduzir pelo salão, como nenhum outro conseguiu. Minha cunhada Maika não me deixa mentir. Com ela também era assim.
Quando saíamos para um jantar dançante, esquecíamos de alimentar o corpo. Não havia um rítmo que nos fizesse sentar. Sem problema, no amanhecer tomaríamos um reforçado café da manhã. Às vezes, um bom cuscuz com galinha ou bode, na feira da Torre.
Isso não quer dizer que não tenha dançado nesses anos todos.
Eu danço.
André Bauchant, 1937
Porém, há 18 anos, não sei o que é passar uma noite toda “balançando o esqueleto”, “evaporando o espírito”, com as notas de uma banda musical; de uma sanfona; de um piano; de um violão; ou de um bom “vinil” na sala de casa.
Meu par se foi. Hoje, ele dança entre as nuvens, no cintilar das estrelas.
E eu? Bem, vou seguindo, dançando nas minhas lembranças de noites, tardes e manhãs inesquecíveis. Não tínhamos horário certo para dançar, bastava a vontade chegar.
Isso quer dizer que não vou mais dançar? Não.
Apenas que meu par, dançarino incansável, se foi há 18 anos, tempo que não sei o que é sair do salão com a roupa molhada de suor, o solado do sapato gasto e o espírito banhado de melodias.