Sabe um programa de TV que a pessoa ficava numa caixa fechada respondendo, aleatoriamente, sim ou não? "Você quer trocar um Fusca pela tampa da privada?" E a pessoa respondia toda animada, Simmmmm. Pois é, assim que me sinto após a cirurgia de catarata (necessária e realizada com sucesso), que me colocou num aprendizado que não esperava. Estou enxergando muito bem, de longe. Vejo até o fim do mundo. Mas de perto, perdi a objetividade do detalhe. Não sei lidar bem com isso ainda, sou das minúcias, dos pequenos objetos, do simples que se vê de perto, da beleza do uno.
Flores do CerradoMMA (@gov.br)
Como me soltar para esse universo vasto e sem muita identidade? Como ser assim, olhar longe e não ser superficial? Onde vou encontrar o meu foco? Será que é cedo para isso, ou está perdido para sempre? Tento me adequar, me olhar no espelho e ver alguém firme, nítida, de longe. Pode parecer algo simples, mas não é. Sou assim mesmo, uma plantinha rústica se adaptando ao solo fértil da cidade. Quero ser jardim cheio de vida, brilhante com folhas verdes e saudáveis. Aqui o cheiro da chuva me faz lembrar que sou terra, sou raiz e sou planta.
Estou num lugar que adoro vir sozinha e com amigos também, e sozinha tem um gostinho de liberdade. Hoje, especialmente, só eu nas mesas vazias da Lambreta, já me deliciei com o Ipa, chopp que me leva para Florianópolis e para a carona que tomei na liberdade da minha filha. Que olhar, que lugar belo, e ainda encontrei o meu amigo querido Rad que me trouxe as lembranças de Brasília onde escapávamos da caixinha da Esplanada das “ministéricas”.
Flores do CerradoMMA (@gov.br)
Eu adorava quando perguntavam, você foi hippie? Kkk, eu sou, meu bem! Aí vem a delícia da convivência com Jussara, minha chefe imediata e querida amiga... como nos identificamos, sem lenço e sem documentos, era tudo novo e belo. Os beija-flores do Cerrado... nunca imaginei que encontraria um jardim a céu aberto. Que delícia! O mais sincero de mim estava ali como está agora nessa noite fresca e molhada. Acho que tudo isso ainda é o que sai dos meus poros depois da emoção de assistir ontem ao filme Homem com H, a vida de Ney Matogrosso. Ainda impactada com tudo, remexeu, mexeu e fez um sorvete delicioso de humanidade. A carne amoleceu! Sem mais dizer. Fui!
Lambreta 79 – Pizzaria/delivery
Manaíra, maio de 2025.