Desde muito tempo tenho feito, com as pessoas que conheço, uma espécie de teste. Ao encontrá-las, pergunto se estão “meio assim”. É muito engraçada a reação. A quase totalidade nega que esteja, como se “meio assim” significasse algo depreciativo. São pouquíssimas as pessoas que me questionam: “Meio assim como?”. E realmente eu nunca defini o que é “estar meio assim”. Só um amigo, conhecido por sua brutalidade, respondeu que não estava meio assim, não — estava completamente assim. Vá entender o que significava.
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Um exemplo simples eu vi nascer em São Paulo, quando visitava minha filha e netas, muitos anos atrás: ENTÃO. Achei a coisa mais louca do mundo alguns paulistas começarem frases usando “então”. Então o quê? O “então” não cabe ali, nem diz nada. Com o tempo, a “praga” do “então” chegou aqui. Vez por outra ouço entrevistados gabaritados começarem suas respostas nas estações de rádio com o terrível “então”.
Outra expressão que me diverte é “altamente”. Não sei se os leitores já conversaram com alguém que usa “altamente” para diversas hipóteses. Uma amiga minha, sempre que quer dizer que algo é bonito, diz que é “altamente” — e em seguida se cala. Como eu sei o que ela quer dizer, ficamos entendidos; mas, depois do “altamente”, bem caberia qualquer palavra, né?
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Há ainda uma expressão bem nossa, não encontrada em outras regiões, e que ultimamente tem tomado o linguajar quase universal da beira-mar. Antigamente, quando nos cruzávamos nas caminhadas, era comum saudarmos os outros com um “bom dia” ou “como vai”. Agora não; muita gente está usando uma expressão quase gritada: BORA!
Bora pra onde, meu Deus?
Para mim, porém, de todas as expressões que usamos, as mais perfeitas são “EITA!” e “AGORA LASCOU!”. São tão fortes e espontâneas que nem precisam ser ditas — basta serem pensadas para fazerem seu papel.