Percorridos os caminhos de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa, por mais de uma vez em trinta anos, livro revelador da alma humana, novas impressões me ocorreram.
Muitos motivos me levaram a retardar a releitura, porque é um livro inquietante, provocador e, por todo este tempo, busquei a opinião de estudiosos para alicerçar minha vontade de adentrar no mundo do mineiro que colocou a literatura brasileira num outro patamar. Não escondo, nem renego meu apego por “Grande Sertão: Veredas”, mesmo porque José Lins do Rego é meu consolo literário. Cada leitura refresca como água de riachos.
Quando escutei a conferência da professora Ângela Bezerra de Castro sobre a personagem Diadorim, tentado, inevitavelmente retornei a obra de Guimarães Rosa, com premeditara Nathan. Foi uma leitura lenta, rabiscando os contornos do livro, sublinhando palavras para mais tarde iluminar nossos reencontros.
Encontrei o professor Milton Marques Junior numa livraria comprando “Grande Sertão: Veredas” porque a antiga edição estava bastante riscada, para recompor sua biblioteca composta de obras de incontestável valor, com anotações para estudos. Ele motivou meu retorno a esse romance que há décadas me inquieta.
Em casa, naquela mesma noite, reiniciei a leitura deste livro com igual ansiedade de quando o peguei pela primeira vez, afinal continuo o leitor em busca da compreensão de sua leitura. Nathanael, Ãngela e Milton, de modo particular, e outros críticos literários, têm dados pistas para a com preensão desta obra-prima que a literatura brasileira produziu.
Lemos o livro como refrescando a memória, que se alarga a cada passagem narrada, como um riachinho onde usufruímos da sua água refrescante. A primeira leitura durou o tempo de o milharal crescer, do açude ganhar água, do sol secar a babugem. No decorrer dessa viagem até ouvir a estimulante aula da professora Ângela, outros passeios ocorreram por suas páginas até chegar ao recomendado pelo professor Milton, de que, no caso dessa obra, é pegar sem interrupção da leitura. Seguindo os conselhos dos dois mestres, mais uma vez fui agarrado pela leitura, como se fosse a primeira vez.