Acendeu a luz, pressionando o interruptor até ouvir um clique, e entrou no quarto transpondo o umbral que separava esse cômodo da sala onde se encontrava. Percebeu que estava sozinho, pois ali não havia ninguém. Lembrou-se então de telefonar para Lucélia. Fez isso utilizando o único aparelho que havia no quarto, já que ali não existia outro, e pressionando o polegar nas teclas que correspondiam ao número da moça. Certamente ela ouviu a chamada, pois atendeu. E quase imediatamente, uma vez que não se passou muito tempo, perguntou “Quem é?” – sinal inequívoco de que não sabia quem tinha ligado.
Zachary Keimig
Jubilino (todo o seu tormento começou com o bullying que sofrera na escola por causa desse nome; pensou até em trocá-lo por Astarpácio) resolveu se revelar e acabar com o mistério, que desse modo seria desvendado. “É Jubilino”, sussurrou em voz baixa para não se ouvir (não sem evocar, num lampejo que durou pouquíssimo tempo, a figura dos pais e o nefando dia em que eles foram ao cartório).
Explicou em seguida por que tinha telefonado para Lucélia, conforme se podia deduzir do fato de ambos estarem conversando naquele momento. Disse que se sentia só e sem companhia, de modo que precisava de uma. Lucélia perguntou se aquilo era um pedido de casamento (o que o pegou de surpresa, pois ele não esperava) e antes que lhe respondesse a moça disse “Aceito!”, o que significava concordância com o suposto mas não declarado pedido. Jubilino (se os pais não tinham inspiração, por que não consultaram um guia telefônico?!) sentiu-se encurralado pela enfática e eufórica reação da moça, que além disso se mostrava veemente e alegre. Confirmou que era mesmo um pedido de casamento e que, se ela quisesse, poderiam marcar o dia desde que essa fosse a sua vontade.
Celyn Kang
Jubilino (e pensar que seus pais também tinham dito um comovente “sim” no altar antes de se casarem e escolherem o nome pelo qual ele seria chamado!) lhe disse que iria tratar dos papéis e dar entrada nos documentos, pedindo-lhe em seguida que ela se deitasse ao lado e junto dele. Estava carente e necessitado. Ela assentiu, concordando, e os dois fizeram amor pela primeira vez, já que isso nunca ocorrera antes. Lucélia então lhe falou que queria fazer um pedido. Era sobre o nome da criança que haveriam de ter. “Se for menino, quero que o nome seja o seu. Acho tão bonito...” Ouvindo essas palavras, o rapaz enterrou o rosto no travesseiro, que estava embaixo da sua cabeça, e começou a chorar, fazendo com que dos seus olhos corressem lágrimas. Lucélia, perplexa e atônita, olhava o futuro esposo sem saber o que dizer.