Dentre os itens da minha lista de metas para o ano de 2024, tendo em vista a excessiva utilização de telas em meu dia a dia, coloquei duas pausas digitais: uma em janeiro e outra em julho, tipo férias “escolares”. Neste momento, estou dando por cumprida e encerrada a primeira parada proposta. Confesso que minha vontade era continuar distante das redes sociais e dos aplicativos de conversas instantâneas, porém algumas obrigações e projetos encaminhados me chamam.
MS
O celular, principal meio de interação social, não é mais só um artefato tecnológico, cujo uso se resume a propiciar ligações telefônicas. É como se fosse um apêndice do nosso corpo, no qual depositamos nossa memória, em registros de sons, de imagens e de palavras.
Nesse mês de recesso digital, pude experimentar silêncios e espaços vazios deixados pelo que estava abarrotando meu “HD” interno. E eu pude preenchê-los com uma presença mais efetiva e significativa, em minha casa, com minha família, meus animais, minhas plantas e amigos mais próximos. Viajei e voltei a minha cidade natal, tendo a alegria e o espanto de encontrar velhas amizades e de conversar com muita gente conhecida, como se nunca tivesse saído de lá. Fui a enterros e às compras, cumprimentei e troquei sorrisos com quem nunca falei na vida, e tive até vontade de jogar no bicho.
Lawrence Alma-Tadema
MS
Gostei da experiência e penso em repeti-la mais vezes. Constatar que somos escravos dessa ordem mundial que nos exige conexão e atuação o tempo todo, sem que tenhamos o prazer de sentir cada cheiro, de ver cada cena que ocorre em nossa volta, de ouvir sons naturais há muito despercebidos e de se aproximar das pessoas e das coisas, recebendo a energia delas, provocou meus sentidos, abrindo meus olhos, principalmente, para o que precisa ser, além de visto, vivido e apreciado, presencialmente.