Fundação Casa de José Américo, 25 de março de 2024. Tudo pronto para a reabertura do Museu Casa, após oito meses fechado para reforma ...

Eu ''entrevistei'' José Américo

entrevista jose americo almeida fcja
Fundação Casa de José Américo, 25 de março de 2024. Tudo pronto para a reabertura do Museu Casa, após oito meses fechado para reforma e retornando repaginado. A diretoria e servidores davam os últimos retoques e aguardavam a noite chegar para o momento apoteótico de conferir o visual revitalizado e receber autoridades e público. A Imprensa, por motivos óbvios, teve acesso antes, para divulgar. E, naquela tarde de Outono, como assessora de Comunicação Social da instituição, acompanhei os colegas de uma das TV's, no tour pela casa "nova", concluindo a visita na varanda.

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Fátima Farias / Fundação Casa de José Américo
Acervo da autora
De repente, me debrucei ali. A cor do mar estava linda, a brisa leve chegando até nós, recheada da energia que emana do local. "Quanto privilégio teve o patrono de se refugiar aqui neste paraíso!" Assim comentamos eu e a equipe. Não resistimos e registramos o momento, com fotos, para nossos álbuns.

Reportagem terminada, nos despedimos e os acompanhei até a saída. Ao retornar e ver as cadeiras do terraço, onde José Américo recebia visitantes e imprensa, imaginei que ele, o "solitário de Tambaú", como assim era conhecido, estava ali sentado, me aproximei, pois não devia perder tamanha oportunidade. Principalmente porque estava bem acompanhado por pessoas queridas, que citarei adiante, aguardando a "festa".

FF - Boa tarde! Nobre escritor, com licença, pode me dedicar um pouco de tempo, para um dedinho de prosa? JAA - Pois não, pode sentar-se aqui conosco. FF - Quanta honra! Grata. É um momento especial para mim. (Curtindo, em boas companhias, aquela brisa leve, oriunda da praia e mata atlântica). FF - A propósito, nobre escritor, apesar desse recanto paradisíaco, não se sente sozinho aqui? (Detalhe: José Américo e Dona Alice eram os primeiros e únicos moradores do local. Só tempos depois surgiram novas residências). JAA - A solidão liberta-me e valoriza-me. Enquanto estou só, crio o meu mundo e me basto. Mas uma presença é sempre um raio de sol a reconciliar-me com o mundo exterior. FF - Que dizer de sua relação com este recanto? JAA - Veja como o coração é bem guardado! A gente não pega não pega, não vê, mas é o que se sente mais, bate sem parar e bate, dentro, com mais força, quando já não nos pertence.
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FCJA
FF - O senhor já ocupou tantos cargos importantes, faltando apenas o de presidente da República, com um currículo de bons serviços prestados ao Brasil, sobretudo sua atuação brilhante como Ministro, isso o envaidece? JAA - Eu só tenho uma vaidade: a literária. E não é vaidade: é alegria? FF - Perfeito. nobre escritor. O que diria da saudade? JAA - A maior saudade é a do bem presente que já não se alcança. FF - Como o senhor lida com esse sentimento? JAA - Criando, porque criar é uma forma de renascer. Nutrir o espírito é mais do que matar a fome: é renovar a vida". FF - Como é seu dia-a-dia neste recanto bucólico? JAA - Andar é tudo que faço, nesta praia, nesta areia e depois olhar meu traço, até vir a maré cheia. (...) Afinal, ver bem não é ver tudo: É ver o que os outros não veem. FF - O que o senhor acha da criação do Cineclube 'O Homem de Areia'? JAA - O bom cinema é um formidável instrumento para uma sólida formação humanística de todos os povos (...) O cinema educativo trará importantes frutos para a classe estudantil paraibana. FF - Para concluir, nobre escritor, que diria sobre o destino de cada um de nós? JAA - (Faz parte da vida) O que tem de acontecer tem muita força. FF - Nobre escritor, sou imensamente grata, por esta feliz oportunidade de batermos um breve papo, porém rico em conteúdo. Há treze anos, trabalho aqui e me apaixonei por sua história, seu modo de ser e transformar o seu viver em frases brilhantes, que muito dizem de sua sensibilidade e lições de vida. JAA - Agradeço também. Continuo à disposição.


*Visitas especiais*

Esclarecendo: as perguntas são imaginárias, mas as respostas são reais, extraídas da literatura do notável José Américo.

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Fátima Farias e Carlos Romero
Acervo da autora
Ah, ia esquecendo de registrar que acompanhavam a entrevista o querido amigo escritor e cronista Carlos Romero (que dá nome a este importante espaço de leitura) e a então secretária de José Américo, Lourdinha Luna, que tive a alegria de conhecê-la e desfrutar de um bem-querer mútuo.

Minha amiga e curadora Valéria Diniz, que trabalhou no Museu Casa, leu que Carlos Romero era um visitante frequente de José Américo, que esse fazia questão de acompanhá-lo até o portão. Um gesto, segundo ela, que fazia para as pessoas que considerava especiais. A informação foi confirmada pelo filho, Germano Romero. Ele informou que José Américo, já debilitado, e Carlos o dispensou dessa formalidade, ao que José Américo disse que fazia questão de acompanhá-lo.

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Casa de José Américo de Almeida Acervo da autora
Bem, o colóquio chegou ao fim, agradeci ao anfitrião José Américo, pela tamanha oportunidade. Cumprimentei o trio, que continuou no local, esperando a festa.

O cair da tarde seguia em direção à noite, o Museu super-iluminado, à espera de um novo ciclo e os convidados chegando para a reinauguração, sendo saudados por uma lua cheia brilhante e especial. E eu, super feliz, prossegui no trabalho de fazer a cobertura do evento.

E assim segue a vida... Aqui e alhures. Gratidão!

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Praia do Cabo Branco (Paraíba) Acervo da autora

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  1. Bravíssimo, Fátima. Você faz parte da história da FCJA. Parabéns. Francisco Gil Messias.

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  2. Anônimo1/5/24 16:41









    Parabéns, Fátima.
    A leitura é aprazível e, ao mesmo tempo, insinua um convite sensível e autêntico para uma imersão no acervo literário de José Américo de Almeida. Uma emoção contemplativa. Valéria Diniz

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