maio 16, 2015
Q ual é a dor maior do mundo? Eu diria, sem pestanejar: a dor da ausência. Conheci um homem que adorava seu filho, um bonito e inteligente j...
Qual é a dor maior do mundo? Eu diria, sem pestanejar: a dor da ausência. Conheci um homem que adorava seu filho, um bonito e inteligente jovem com quem convivia muito bem. De repente, o menino fora atropelado por um carro. Quando o visitei para lhe dar os pêsames, observei que ele apenas andava de um lugar para outro. Não botou uma lágrima. Não disse uma palavra. Andar, em silêncio profundo, talvez lhe atenuasse a dor.
Horrível, de repente, se ver sozinho no mundo. Mas a vida é feita de presenças e ausências. De sorriso e de choro. Ninguém se livra da lei. O homem que perdeu o filho não deu uma palavra. No rosto não escorria nenhuma lágrima. Mas tudo passa. A vida não deixa o choro por muito tempo. Depois vem a conformação. Depois, quase ninguém mais se lembra do choro, que é substituído pelo sorriso.
Mas há aqueles que sabem transformar sua saudade numa constante presença. E assim, sofrem menos. E agora estou me lembrando, como grande exemplo, dw Clemilde, viúva do nosso querido Afonso Pereira. Como ela soube ela transformar a sua saudade numa presença. Organizou um arquivo com um precioso acervo e o encheu de livros, documentos e lembranças do marido. Entra naquele recanto como se o amado ali estivesse. Lembro de que há muitos exemplos de heróicas viúvas que souberam conservar a memória do marido com muita resignação, com muita fé. Viúvos e viúvas.
Mas, aqui para nós, voltando à saudade, não há maior dor do que a dor de uma ausência.
Agora estou me lembrando de José Américo de Almeida, viúvo. Como sofreu com a morte de dona Alice, sua esposa. Sua solidão aumentou, a ponto de, certa vez, ele bradar: “Minha casa não tem mais diálogo”. Haverá maior desespero do que este?
O diálogo é tudo em nossa vida. Conquanto o monólogo também seja, o diálogo é vida intensa. Precisamos da companhia do outro. Precisamos desabafar as nossas mágoas.
A dor de uma ausência tem cheiro de morte. Ele disse, com uma enorme tristeza, num desabafo dramático, digno do grande homem que foi. “Na minha casa não há mais diálogo”. O diálogo é vida.
Eu já sofri a dor da ausência. Mas me comportei muito bem. Quem leu o meu primeiro livro A Dança do Tempo, verá que ele foi feito de lágrimas.
maio 16, 2015
maio 10, 2015
E vidente que sim. Daí os numerosos brocardos que existem por aí se referindo a uma sabedoria popular. E, aqui para nós, são muitos os ditad...
Evidente que sim. Daí os numerosos brocardos que existem por aí se referindo a uma sabedoria popular. E, aqui para nós, são muitos os ditados que nos levam a pensar.
Andei reunindo alguns desses ditados e fiquei admirado da sabedoria que eles contêm. Mas terá sido mesmo o povo que criou esses ensinamentos? Não sei. Só sei que eles existem e aqueles que o seguirem, não cairão em erros.
Então vejamos algumas gotas dessa sabedoria anônima. Começamos por esta: “Quem é coxo parte cedo”. Sim, nada de se demorar, porque depois chega a noite e a viagem se torna perigosa. Seja, portanto, uma pessoa prevenida.
Outro brocardo: “Devagar se vai ao longe”. Verdade incontestável. Pra que tanta pressa? Mas não gostei deste: Quem tem boca vai a Roma”. Por que Roma?...
Continuemos: “Dize-me com quem andas e eu te direi quem és”. Discordo. E o próprio Jesus deu exemplo. E esta outra?: “Quem nunca come mel, quando come se lambuza. Evidente que está certo, é preciso experiência”. Vejamos este último, de que também discordo, pelo menos, em parte: “Quem tudo quer saber, mexerico quer fazer”. Nem sempre. É perguntando que se chega à verdade”. O filósofo Sócrates ensinou perguntando.
“Nada mais ridículo do que um sujo falando de um mal lavado”. Certíssimo. E nada de andar falando mal dos outros. Nada de maledicência. “Deus escreve certo por linhas tortas”. Discordo. Deus nunca errou nos seus desígnios. Torta é a nossa visão limitada.
Continuemos. “Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje”. Eis uma grande verdade. Amanhã é outro dia. E este: “Pelo dedo se conhece o gigante? Evidentíssima.
“É errando que se aprende”. Lógico. Daí o valor da experiência. “Em briga entre marido e mulher, ninguém mete a colher”. Pois é, e viva a discrição.
E que tal este: Para muito sono, toda cama é boa”. Vamos a outra máxima: “Boa romaria faz quem em casa está em paz”. Certíssima e muito sábia. Não há lugar mais seguro do que a casa, o apartamento, longe dos veículos, dos assaltos.
Agora este outro, que para mim é o melhor de todos: “O pior cego é aquele que não quer ver”. E não quer ver, por fanatismo. O fanatismo é uma espécie de catarata.
“Quem ama o feio, bonito lhe parece”. Verdade. O amor não vê o feio, nem o bonito. O amor é Deus dentro de nós.
E que dizer do olhar? O olhar é tudo na vida. Você é o que olha. E há mais um ditado que diz: “O que olhos não vêem, o coração não sente”.
Agora o cronista achou de também criar um provérbio: “É inútil como peito de homem”. Não ria, não. Pois é uma verdade.
E quanta lógica neste provérbio: “Quem canta, seus males espanta”. Cantar, sorrir, dançar, faz uma vida feliz.
Agora, você quer ver um provérbio mentiroso? Este que diz: “quem não tem cachorro, caça com o gato”. Duvido!
E vejamos este último provérbio. Que beleza de ensinamento. E com ele encerramos a crônica: “Quando um não quer, dois não brigam”. E que a paz esteja com todos!
maio 10, 2015
maio 09, 2015
H á o medo do avião e o medo de avião. Carlos Drummond de Andrade escreveu um belo poema sobre a morte no avião. E chega a dizer que quem mo...
Há o medo do avião e o medo de avião. Carlos Drummond de Andrade escreveu um belo poema sobre a morte no avião. E chega a dizer que quem morre no avião, morre verticalmente. Tem muita gente que não gosta de ler esse poema...
Desejo escrever sobre o medo do avião que, sem dúvida, ocorre e ninguém pensa nisso. Antes do vôo, há muitos preparativos dentro da aeronave, que, pela repetição, entediam. Lá fora, o avião espera, angustiado, o vôo que o levará lá para cima. A subida é vertical, enquanto o vôo é horizontal, até alcançar a velocidade de cruzeiro.
Todos se arrumando, guardando suas bagagens de mão, apertando os cintos e o avião calado, esperando a hora de partir. Mas eis que chegou a vez de acelerar, correndo macio, dentro da longa pista. O avião vai sair da terra para o ar, isto é, vai decolar. O português diz uma expressão mais apropriada: descolar. Sim, o avião descola do chão. Mas, para descolar, que é uma operação difícil, a aeronave precisa de uma longa pista, toda a força do motor, momento em que ele usa toda a sua potência. Eis um momento que faz um friozinho correr pela minha espinha.
Acabou-se a descolagem e começa a viagem com a aeronave atropelando nuvens. Eis aí um espetáculo que muitos não querem nem imaginar, quanto mais ver. Eu não me canso de olhar... Tudo vai se diminuindo! Mas, o que faz medo mesmo são as quedas. As quedas no vácuo. Tenho uma neta, que se chama Raissa, que durante um vôo para Petrolina, se divertiu muito com as turbulências. Disse que foi a melhor parte do voo.
Outro momento, talvez o mais dramático do vôo, é o da aterrissagem, que o português chama aterragem. O que está certo, mais uma vez.
Dizem que são dois os momentos mais perigosos. Decolar e aterrissar. Aterrisar exige muita habilidade do piloto, sobretudo quando há chuva e muito vento. Daí, os passageiros, vez por outra, baterem palmas parabenizando o comandante pelo êxito da operação. Se a aeronave não aterrissa bem, o silêncio e o suspiro substituem o aplauso.
Mas que saudade de um vôo de avião!... E esqueçamos o poema de Drummond. Dizem que o nosso Ariano Suassuna tinha muito medo de morrer, verticalmente.
E concluimos: Não somos nós que temos medo de avião. O avião também tem...
maio 09, 2015
maio 03, 2015
N a noite do último sábado, para a minha surpresa, eis que o amigo, colega de jornal e de ideais espíritas, Hélio Zenaide, sobe à mesa para ...
Na noite do último sábado, para a minha surpresa, eis que o amigo, colega de jornal e de ideais espíritas, Hélio Zenaide, sobe à mesa para fazer a palestra, lá no Centro Espírita Leopoldo Cirne, agora reformado e refrigerado
Se há uma pessoa que nunca imaginei que um dia viesse a se tornar espírita é o jornalista Hélio Zenaide, hoje afastado da imprensa, onde atuou com tanto brilho, elegância e objetividade, sempre me parecendo meio cético. Ceticismo sublinhado por uma suave ironia. Um homem mais ocupado com o aquém do que o além.
Um verdadeiro homem de jornal. Bom na reportagem, excelente no comentário político e arguto analista dos fatos, ninguém melhor do que Hélio para escrever um belo editorial, coisa que, como jornalista, nunca fui capaz de fazer.
Filho de Alagoa Grande, ele nasceu para escrever. Esta sua maior aptidão. Escreve com uma facilidade admirável, num estilo simples e objetivo. Seu pai, Heretiano Zenaide, foi pioneiro da ecologia em nossa terra. Escreveu vários livros cujo tema predileto era a Natureza. Livros que mereciam ser reeditados em face de seu valor didático. Portanto, esse gosto de Hélio pelas letras veio de seu pai.
De religião, o nosso jornalista sempre manteve distância. Seu temperamento cético estava mais preocupado com as coisas cá de baixo. Mas um dia – aí é que começa a sua outra história – Hélio, pela mão de sua filha Valéria, termina dentro de uma sala mediúnica do Centro Espírita Leopoldo Cirne, onde se comunica com os espíritos e se surpreende com o que o que viu e ouviu. Convenceu-se da proposta espírita, tornando-se um convicto profitente. Daí em diante, não quis mais escrever sobre outra coisa. A Doutrina o fascinou. No tradicional jornal A União manteve, por muito tempo, uma coluna diária, abordando temas sobre mediunidade, reencarnação, e moral evangélica.
Por motivo de saúde, com problema de visão, viúvo, ele hoje quase que não sai de casa, ao lado dos livros, dos filhos e dos netinhos. Assim mesmo, continua lendo com o apoio de uma lupa e de sua filha que lê pra ele. E pretende reunir em livro, oportunamente, suas crônicas a que deu o título de “Notas de um aprendiz”. Modéstia, ele é um grande mestre.
E para a minha alegria, no sábado passado tive o prazer de ouvir Hélio Zenaide proferindo uma palestra sobre Leopoldo Cirne, patrono do centro onde frequentamos. Falou em alto e bom som, numa voz bem postada e com saudável aspecto.
O auditório lotado, não cabia mais ninguém. E isso numa noite de sábado, no meio de um feriado prolongado, cheio de atrações mundanas. Mas, Hélio estava, ali. Era um homem feliz. Feliz com a sua paz de consciência, feliz com a sua família, feliz com a religião que é hoje sua maior motivação na vida. Confesso que fiquei emocionado com o que vi. Hélio me dava, naquela ocasião, uma grande lição. Lição de coragem e fé.
Hélio Zenaide! Que bom que a nossa Assembléia soube reconhecer seu valor e conferiu-lhe a elevada comenda, a medalha Augusto dos Anjos, há pouco mais de 2 anos. Hélio merece todas as homenagens, pois é um homem completo.
maio 03, 2015
maio 03, 2015
C ada vez pior, o trânsito de cada dia é um grande teste para nossa vida. Exige muito cuidado, muita paciência, muita coragem. E como a gent...
Cada vez pior, o trânsito de cada dia é um grande teste para nossa vida. Exige muito cuidado, muita paciência, muita coragem. E como a gente se revela, se identifica no trânsito! Dize-me como diriges e eu te direi quem és...
Afinal, como é que você está se comportando quando o sinal vermelho obriga seu veículo a parar? Será uma reação de raiva? Ou você, simplesmente, fica ouvindo aquela música, no som de seu carro, ou se põe a pensar um pouco no que tem a fazer? Seu comportamento será de irritação? E se você estiver apressado? Aí, sim, é que a indignação cresce. No entanto, esquece de que se o sinal está vermelho para você, está verde para os outros.
Mas o seu egoismo não deixa você pensar nisso. Acostume-se a enfrentar os sinais de trânsito com sabedoria. Isto só vai lhe dar saúde e paz de espírito.
E se quando você for estacionar o carro numa vaga, aparecer outro, e se antecipar na sua frente? Será que você solta um palavrão, irrita-se e bota aquela cara horrível para o sujeito?
Esteja psicologicamente preparado para o trânsito. Ele é um teste. Nada de buzinar sem necessidade. Quem assim age, vá ver que brigou com a mulher, está mentalmente enfermo ou em conflito consigo mesmo.
Não se deixe dominar pelos nervos, sentimentos negativos, pelas irritações que só fazem comprometer sua saúde, sua paz interior. No trânsito, você sabe se a pessoa é apressada, nervosa, angustiada, indiferente, egoísta, mal educada. Que bela lição dá aquele que pára seu veículo dando passagem ao outro carro que pretende entrar na avenida principal! Quanto equilíbrio emocional!
Para receber a carteira de motorista exige-se um demorado curso seguido de exame prático... Mas o curso não ensina a ser cortês, a ser solidário, a respeitar o pedestre.
E quando ocorre uma batida? Qual deve ser o nosso comportamento? Nada de discussão, nada de puxar um revólver, nem se irritar. Não custa nada fazer um acordo de cavalheiros. A educação se mede nessas ocasiões.
Outro problema: o engarrafamento. Aí vem a explosão de raiva. De que adianta? Que tal ligar o som e ouvir aquela música?... Ou senão ler um livro, olhar o céu? Lembre-se de que o importante na vida é estar preparado para as eventualidades. Fuja do afobamento, que não dá em nada.
maio 03, 2015
abril 30, 2015
Ganhar na loteria é um sonho de bilhões de pessoas. Nesses devaneios, muitos planejam fazer um giro pelo mundo e se hospedar em locais mag...
Ganhar na loteria é um sonho de bilhões de pessoas. Nesses devaneios, muitos planejam fazer um giro pelo mundo e se hospedar em locais magníficos, de preferência em uma ilha remota, com descanso garantido, atendimento especial e a visão de paisagens fascinantes.
abril 30, 2015
abril 26, 2015
Q uando eu cheguei à praia, não quis acreditar no que via: o mar todo iluminado, sob um sereno céu azul, que me deixou maravilhado. Aí eu di...
Quando eu cheguei à praia, não quis acreditar no que via: o mar todo iluminado, sob um sereno céu azul, que me deixou maravilhado. Aí eu disse para mim mesmo: que bela manhã para se colocar num quadro! E imediatamente, veio a reprimenda do bom senso: por que você quer prender esta bela manhã numa tela? Não seria isso um tremendo egoísmo?
Absolutamente – retruquei. Colocando-a numa tela, a manhã se eternizaria. Não é essa a finalidade da arte? Fazer com que o efêmero se eternize? Esta manhã, que está neste momento extasiando meus olhos, pouco mais se extinguirá. E o que ficará deste flagrante de beleza?
A função da arte é transformar a efemeridade em eternidade. Mas, como não sou pintor, e sim cronista, cronista do efêmero, deixe- me ficar fruindo esta manhã que me chega de graça, graças a Deus... Pus-me a contemplá-la comovido e embevecido, o vento soprando e sobrando.
Aí me veio esta reflexão: é impossível ter maus pensamentos, numa manhã assim. Impossível alimentar ódios e ressentimentos, sujar a alma com nossas negatividades mesquinhas diante desse mar faiscante de luz, desse firmamento azul, sem um fiapo de nuvem.
E como naquele instante transitassem pessoas indiferentes à paisagem ao seu redor, senti uma profunda pena de tão pétrea indiferença. Sim, muita gente caminhando num automatismo de máquina. Conversavam, mas sobre assuntos prosaicos. Falavam sobre contas bancárias, inflação, preços de apartamentos, taxas de condomínio, eleições, violências na Síria, o terremoto do Nepal, coisas que deveriam ser comentadas em outra ocasião e em outro local, mas, diante de um espetáculo tão bonito como o que a manhã oferecia aos nossos olhos? Tenha paciência, é prosaísmo demais para o meu gosto...
Veio-me então um mau pensamento. Foi como se um anjo mau cochichasse ao meu ouvido, dizendo: “estas pessoas deveriam ficar cegas. Cegas pelo pecado de não reverenciarem as belezas da vida”.
Ora, ora, cronista, essas pessoas a que você está se referindo, já estão cegas e não sabem. A indiferença é uma espécie de cegueira. Quem não se comove mais com uma lua boiando num mar de nuvens, quem não presta a atenção a um jardim, quem não olha mais para um céu estrelado, quem não contempla um bando de crianças brincando numa praça, quem não olha mais para um flamboyant florido, não tenham dúvida, está cego e não sabe...
Deus enfeitou a Natureza para despertar alegria no homem, para torná-lo otimista ao invés de pessimista. E viva a “paisagem-terapia”.
Cuidado, portanto, com a catarata da indiferença diante das belezas da vida. Esteja antenado para as maravilhas do mundo. Lembre-se daquele amável e poético convite de Jesus, pedindo que olhássemos os lírios do campo e as aves do céu, e nada de preocupações. Vivamos o aqui e agora. Bastam a cada dia os seus cuidados, ensinou o mestre dos mestres. E cuide logo de tratar ou prevenir da catarata da indiferença. É pior do que a cegueira.
abril 26, 2015
abril 25, 2015
E mocionou-me o sorriso que acabo de ver numa foto. Um sorriso de quem está muito feliz. De quem recebeu um automóvel último modelo, de quem...
Emocionou-me o sorriso que acabo de ver numa foto. Um sorriso de quem está muito feliz. De quem recebeu um automóvel último modelo, de quem ganhou sozinho na loteria. Um sorriso todo felicidade. Um sorriso que contaminava, tal a sua pureza. E saber que a dona desse sorriso não possui nada de material para tanta expressão de alegria.
O famoso sorriso da Mona Lisa é ameno e triste. E dizem que ela não suporta tantos visitantes, lá no Louvre. Não duvido nada que, no final do dia, ao se fecharem as portas do famoso museu, ela dê uma gostosa gargalhada.
Mas voltemos ao sorriso a que aludi no começo. Sabe que eu também sorri só em vê-lo? Aqui para nós, o sorriso ainda é a grande singularidade do homem. O grande Zola gritava: ”Ria, ria, o riso é próprio do homem”.
Quem não ri, com raríssima expressão, não tem bondade, não tem saúde, não tem alegria, vê o mundo como algo que está exalando mal cheiro. Quer um teste? Vá ao espelho e abra-se num sorriso. Depois faça o contrário.
A coisa mais triste do mundo é um rosto sem sorriso. O sorriso que vi, há momentos, e que me comoveu, foi numa foto da mulher mais pobre do mundo: Madre Tereza de Calcutá. De turbante, muito limpa, ela era a imagem de uma pessoa feliz. Vi suas mãos, que levaram a vida a limpando leprosos.
E tanta gente com raiva de si mesma. E tanta gente com raiva dos outros. E tanta gente sem sorriso... Mas, Tereza de Calcutá, Chico Xavier, quanta pobreza risonha!
Que a sua primeira mensagem para a vida que está nascendo seja a do sorriso!
Jesus sorriu quando nos convidou a olhar os lírios do campo. Jesus sorriu quando abraçou as criancinhas, dizendo que o Reino do Céu é delas. Jesus só não sorriu quando estava na cruz, todo ferido.
E vamos encerrando a crônica, pois nosso gato Beethoven acaba de chegar. Chegou exibindo e mexendo a cauda, sua maneira de saudar as pessoas.
Viver é conviver, conviver é amar, amar é compreender. Compreender é conhecer as causas. Nunca julgue ninguém. Não traga para si tamanha responsabilidade.
Tudo sorri na Natureza. O sol e as estrelas com seu sorriso de luz. As flores com suas cores. Ninguém é feliz sem o sorriso. E dizem que o sorriso mais bonito do mundo é o do recém-nascido. Quanta pureza...
abril 25, 2015
abril 19, 2015
N ão cheguei a conhecer pessoalmente o meu sogro, arquiteto Clodoaldo Gouveia, pai de minha primeira esposa, Carmen, cujo retrato está na pa...
Não cheguei a conhecer pessoalmente o meu sogro, arquiteto Clodoaldo Gouveia, pai de minha primeira esposa, Carmen, cujo retrato está na parede de minha casa integrando, com muita honra a galeria dos queridos ausentes. Mas, de uma coisa estou certo, Clodoaldo bem que se orgulharia de conhecer o neto, arquiteto como ele e de temperamento muito semelhante ao do avô. Refiro-me ao meu filho Germano, que além dos arrojados projetos, é Bacharel em Música, artista plástico e, “de quebra”, bom cronista e homem de TV.
Seu avô, Clodoaldo Gouveia, um talentoso arquiteto capixaba que um dia achou de vir morar aqui na capital, onde se casou com Maria Isaura, filha do desembargador pernambucano Olímpio Bonald da Cunha Pedrosa, cujo namoro começou, pitorescamente, num bonde de Tambiá, renovou o cenário urbano com grande destaque na história na Arquitetura Paraibana.
Formado na Escola Nacional de Belas Artes, do Rio, foi excelente aluno. Era um homem simples, desambicioso, destituído de qualquer espírito competitivo, de temperamento alegre, e incapaz de matar uma mosca.
Aqui na Paraíba, nos idos de 30, trabalhou como arquiteto do Estado, e foi muitas vezes requisitado pelo presidente João Pessoa, que reconheceu nele um valoroso técnico. Entre suas obras, estão o Lyceu Paraibano e a ex-Faculdade de Filosofia, referências na nossa Arquitetura, que com suas linhas modernas e sugestivos vitrais, arrancam frequentes elogios de visitantes nossos; o antigo Palácio da Viação, o Quartel da Polícia Militar, a Secretaria Estadual das Finanças – chamada “Ferro de Engomar” - as duas sedes da Rádio Tabajara, tristemente demolidas, além de várias residências.
Outro seu projeto muito expressivo é o monumento em homenagem a Anthenor Navarro, erigido no seu túmulo, no Cemitério da Boa Sentença, onde se vê a figura de um “anjo chorando a morte de um gênio”.
Ele, como o neto, adorava viagens e a boa música, sobretudo as óperas. Em homenagem a Bizet, deu o nome de Carmen à sua primeira filha.
Outro dia, perdoem a “corujice”, Germano me mostrou um belo prédio, cujo projeto saiu de seu escritório, e que pela criatividade e ousadia, me encheu de entusiasmo. Certamente, também tem entusiasmado o espírito de seu avô, o gênio Clodoaldo.
abril 19, 2015
abril 19, 2015
O utrora era bonito ser gordo. A gordura era invejada. Menino magro causava piedade. E dizia-se, olhando para ele: “Coitadinho, tão magrinho...
Outrora era bonito ser gordo. A gordura era invejada. Menino magro causava piedade. E dizia-se, olhando para ele: “Coitadinho, tão magrinho, será que se cria?... Vá ver que passa fome ou é doente”. E quando o garoto estava com fastio, vinha a promessa: “coma, senão papai vai brigar”. A magreza não tinha status. Quanto mais gorda a criança, melhor.
Mas hoje as coisas mudaram. A maioria das pessoas deseja menos banha e mais osso. Daí as ginásticas, as academias, que estão se tornando um excelente negócio, embora o melhor seja a movimentação das pernas na praia, na bicicleta, na piscina ou no calçadão.
Apesar disso tudo, os gordos ainda continuam sendo a maioria. Na Alemanha, por exemplo, é só o que a gente vê: gente adiposa, principalmente, as mulheres de mais de cinquenta anos. E tudo em decorrência da má alimentação.
É verdade que na nossa TV o magro quase não tem vez. Se há um Serginho Groisman, sobram Faustão, Jô Soares, Ratinho e Leão. Parece que a TV faz questão de contratar os gordos para os seus programas de auditório.
Mas, ao que tudo indica, o desejo da maioria tende para a magreza. No cooper aqui da praia, vejo muitos gordos, suando que só uma chaleira, para ver se perdem alguns quilos. Acontece que a caminhada somente não resolve. O importante também é a comida. Não adianta correr ou caminhar se mais tarde o prato é daquele tamanho... Ginástica sem dieta não emagrece. Gandhi tinha uma saúde de ferro e era um magricela, que, às vezes, fazia demorados jejuns...
E hoje o que mais se vê é restaurante. Quem vai a Paris e dá um passeio pelo Quartier Latin não vê outra coisa. Muitas dessas casas de pasto exibem a carne de porco para os turistas encherem a boca d’água. Em Bruxelas e em Quebec há ruas inteiras só de restaurantes. O curioso é que os turistas, ali, vão passando e olhando para os pratos dos outros, na mesa, com os olhos arregalados...
Essa é uma das razões da adiposidade abundante na Europa. Há homens, cujas barrigas se confundem com as nádegas. As mulheres, por outro lado, mostram abundantes seios, que parecem um só. Por aí a gente vê que uma das causas do excesso de gordura é a comida exagerada, e também a ociosidade, a preguiça de andar, de se mexer, de dar férias ao carro, de botar a máquina física para funcionar. E nada de automóvel o tempo todo, de escada rolante, de poltrona. Mexa-se. Não se deixe enferrujar.
Jesus era magro, graças às suas caminhadas e ao alimento sóbrio. Gordo, como é que ele poderia pregar a Boa Nova? João Batista, o precursor, vivia andando pela areia do deserto, vestido de pele de camelo e comendo mel com gafanhoto. Daí sua resistência admirável.
E quer saber de uma coisa? O que está engordando muita gente é o restaurante, a chamada casa de pasto. Hoje é só o que se vê em todo lugar que a gente vai.
Mas, fiquemos por aqui, que já está na hora de comer o meu peixinho com arroz integral, e viva a saúde!
abril 19, 2015
abril 12, 2015
Q uando os homens de vermelho aparecerem à sua frente, faça uma reflexão. Lembre-se que eles limpam a sujeira que você deixa na rua. Os home...
Quando os homens de vermelho aparecerem à sua frente, faça uma reflexão. Lembre-se que eles limpam a sujeira que você deixa na rua. Os homens de vermelho merecem todo o nosso respeito e admiração. E lembre de que enquanto você passeia, faz cooper, se diverte, eles trabalham.
Outrora, eram chamados homens do lixo. Ora, homens do lixo... Homens do lixo somos nós que sujamos as ruas, as praças, e as praias. Eles são homens da limpeza. Aliás, não sei se você reparou suas indumentárias vermelhas onde agora se lê “agentes da limpeza urbana”. Gostei do eufemismo para “homem do lixo”.
Agora preste atenção ao trabalho deles. Veja como é duro varrer o lixo. Muito diferente desse meu trabalho macio e limpo em que as mãos digitam as teclas do computador. Um trabalho sem suor. Mas os homens de vermelho suam por todos os poros. Haja vassoura pra lá e pra cá. E quase não conversam. Trabalham em silêncio.
Homens de vermelho, agentes da limpeza pública, graças a eles tudo fica livre da sujeira. Um trabalho muito suado. Eles dão duro no serviço. Só em olhá-los trabalhando, deixa a gente cansada. A vassoura e a pá são seus instrumentos de trabalho, assim como o estetoscópio é do clínico, o código é do juiz, o bisturi é do cirurgião, a palavra é do professor, a escrita é do jornalista e do escritor.
Em Paris, os agentes da limpeza pública usam roupas verdes. Até nisso a cidade-luz é ecológica. Tanto é assim que é tida como a mais verde do mundo.
Os nossos agentes vestem-se de vermelho. Seria alguma alusão ao vermelho de nossa bandeira revolucionária? Não sei. Só sei que eles chamam logo a nossa atenção com a cor de suas vestes. Cor de sangue.
Pena que ganhem tão pouco, que não sejam enaltecidos... Nada de gratificações extraordinárias, de gordas aposentadorias e muito menos de mensalões...
Estive reparando o trabalho deles. Acho que, à noite, quando forem se deixar, o corpo todo está dolorido. Quanto cansaço, meu Deus do céu! Coloco-me no lugar deles.
Será que agora pela Páscoa eles tiveram direito a umas festas? Será que seus filhos tiveram ovos de chocolate e mesa farta? Será que o coelhinho da Páscoa foi bater na porta deles? Tomara que sim. Não faltará alma bondosa para tal lembrança.
Agentes da limpeza, outrora homens do lixo! Do nosso lixo, o lixo que jogamos fora. E agora me veio à lembrança aquela greve, na turística e bela Amsterdam, que, de uma hora para outra virou um monturo. Por pouco os urubus não pousaram nas suas praças, nas suas avenidas, nas suas pontes para decepção de Rembrandt e Van Gogh. Os homens da limpeza pública resolveram cruzar os braços. Foi um Deus nos acuda... Que eles nunca mais precisem cruzar os braços.
Agora, na Semana Santa, nenhuma festa de confraternização para eles. Isto fica para os de cima, os produtores do lixo. Lixo que eles recolhem com muito suor, e, talvez - quem sabe? - com lágrimas...
abril 12, 2015
abril 12, 2015
E m todas as minhas andanças pelo mundo, uma das coisas que mais sinto falta é das frutas, sobretudo do abacaxi, que adoro. Ah, as frutas de...
Em todas as minhas andanças pelo mundo, uma das coisas que mais sinto falta é das frutas, sobretudo do abacaxi, que adoro. Ah, as frutas de nosso Brasil... E a Paraíba é uma das lideres na exportação de abacaxi. Pena que não tenha o status da maçã, da uva, da pêra, da framboesa, frutas, sofisticadamente, européias. Mas acho que é tudo uma questão de marketing.
Contra o abacaxi, por exemplo, há um marketing contrário. Dizem que ele significa um problema complicado. Já ouvi muita gente dizendo "Minha sogra é um abacaxi". Ninguém diz que ela é uma amora ou uma uva.
Contam que Adão e Eva comeram o fruto proibido, e que foi uma maçã. Acontece que lendo o Gênesis, do livro sagrado, não vejo nenhuma referência à maçã. E, aqui para nós, acho que a fruta que o primeiro casal comeu talvez tenha sido um abacaxi.
Acontece que eu adoro descascar um abacaxi, desde que a peixeira esteja amolada. Também é só o que sei fazer na cozinha.
Adoro frutas. Passei minha infância num sítio, lá na Lagoa, que era um paraíso de fruteiras, e minha boca não se cansava de chupar e comer manga de todas as espécies, pinha, banana, groselha, pitanga, cajá, caju, abricó, abacate, carambola, goiaba, araçá, graviola, laranja, jambo, jaca, pitanga... Basta, tenha pena do paladar dos outros.
Sobre a maçã, há um ditado inglês que diz “An apple each day keeps the doctor away”, que significa: “Uma maçã a cada dia mantém o médico longe. Haverá propaganda melhor?
E, segundo narra a história, o famoso físico Newton veio a descobrir a gravidade quando viu uma maçã caindo no chão. Felizmente foi uma maçã. Já imaginou se fosse uma jaca?... Ainda bem que o abacaxi dá no chão...
Chegou a vez de fazermos mais propaganda do nosso abacaxi, que pode melhorar a nossa economia, ouviu, amigo Ricardo Coutinho? É preciso inventar lendas sobre a saborosa fruta. Que tal propagar que o fruto proibido que Adão e Eva comeram foi um abacaxi?... E que é uma fruta também ornamental? Não gosto que decepem o seu penacho, a sua coroa, é nela que está a sua digna majestade.
Bem, já não estou aguentando mais. Vou me deliciar já, já, com a gostosa fruta, que há dias não comia. Basta de amoras com sucrilhos...
abril 12, 2015
março 31, 2015
Já sabia que a Rota Romântica, na Alemanha, era especial, mas não tinha ideia de que, ao vivo, o lugar era tão aconchegante, ideal para um ...
Já sabia que a Rota Romântica, na Alemanha, era especial, mas não tinha ideia de que, ao vivo, o lugar era tão aconchegante, ideal para um curto período de férias.
março 31, 2015
março 29, 2015
E is aí uma pergunta que, decerto, causará espanto. É o mesmo que indagar se água é fogo? Ora, ora, mas vai ver que você já está dizendo que...
Eis aí uma pergunta que, decerto, causará espanto. É o mesmo que indagar se água é fogo? Ora, ora, mas vai ver que você já está dizendo que sim. E quem sou eu para discordar?
Voltando ao título da crônica, o amor seria ódio e vice-versa? E como definir o amor, esse sentimento sublime? Li, outro dia, uma definição que muito me agradou a respeito do amor. “Amor é Deus em nós”. Que beleza. Sim, quem ama, está com Deus. Quem ama, compreende, quem ama perdoa, não julga, quem ama ajuda, quem ama vê o outro como vê a si próprio. Não faz ao outro o que não deseja que lhe façam.
Paulo de Tarso disse que amava tanto Jesus que chegou a dizer: ”Não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim”. Haverá maior prova de amor?
Jesus veio ao mundo para ensinar o amor. O amor ao próximo, que é o amor mais difícil do mundo. Mas, como ele era um grande professor, e grande professor é aquele que pratica o que ensina, o Mestre ensinou: “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”. Que bela sentença! Ele dera o exemplo. Amou, mas não foi amado.
Continuando com o que disse acima, o ódio é amor? Que indagação estúpida, cronista! Ora, mas acontece que eu li, faz algum tempo, um texto de João de Brito, psicografado por Chico Xavier, em que ele disse que o amor é uma energia. E veja só estas suas conclusões. Conclusões que não vi em parte alguma:
Para ele, o ódio é o amor que se envenena, a paixão é o amor que se incendeia, o egoísmo é o amor que se concentra em si mesmo, o ciúme é o amor que se dilacera, o orgulho é o amor que enlouquece, o vício é o amor que se embrutece”, e assim por diante.
E bela é esta descrição do articulista, por sinal muito inspirado, chegando a seguinte conclusão: “O amor é a religião da vida”.
Mas, o que dizer das religiões que não ensinam amar? Religiões que discriminam, cujos fiéis cometem atos de terrorismo, que ainda apedrejam seus semelhantes?
É preciso sempre lembrar de que o amor é energia, que o amor tudo cria, tudo transforma, tudo eleva.
Ocorre que o homem até hoje não soube amar. Amar ao próximo como a si mesmo.
Mas, é preciso não esquecer de que amar não é dar beijinhos no outro, mas, sobretudo compreendê-lo. Compreensão, eis a palavra certa. E o que é compreender? É colocar-se no lugar do outro. Só isto. Coloque-se no lugar daquele que perdeu a visão, que perdeu os braços, a família, que perdeu o emprego, a saúde, que está sozinho no mundo.
Ponha-se no lugar do outro, e pronto. Compreenda e aja. Lembremos sempre de que estamos no mundo para amar.
Não esquecer que a vida sem responsabilidade é um crime. Não esquecer que o ódio, o orgulho, a vaidade, o egoísmo não dão paz interior a ninguém.
Não esquecer que a vida é o seu grande teste. Não se deite, na cama, para o sono, sem antes fazer um ligeiro balanço do que você fez durante o dia. E veja qual a nota que você merece.
março 29, 2015
março 28, 2015
E ssa eu não esperava, mas a vida é uma caixa de surpresas. E sua beleza está justamente na imprevisão. Tudo é incerteza. Nada sei sobre meu...
Essa eu não esperava, mas a vida é uma caixa de surpresas. E sua beleza está justamente na imprevisão. Tudo é incerteza. Nada sei sobre meu longínquo passado e nada sei sobre o imprevisível futuro.
Entrei no Ano Novo com muitas esperanças, mas, eis que surgiu o imprevisto: fui ao médico, meu clínico e cardiologista Marco Aurélio Barros para uma consulta por conta de umas manchas na pele, aproveitar para um check-up, e eis que ele detecta uma doença que eu nunca ouvi falar na minha vida: “Cobreiro”, que nada mais é do que catapora de idoso, ora veja só... Não gostei da catapora, nem gostei do idoso. E ele explicou que esse tal de cobreiro, que cientificamente tem até um nome bonito – herpes zóster – é o vírus da catapora que fica embutido no organismo por muito tempo, como que dormindo, e de repente ressurge com sua inchação e suas coceiras. Que a coceira é boa, não tenham dúvida, mas, como também dói, não dá para coçar.
O diabo é que, segundo o magistério do meu grande médico, não há remédio para essas sequelas do cobreiro. A doença passa, a pele e limpa, mas o danado continua incomodando. Já andei pesquisando, perguntando a alguém que me indicasse um remédio e nada... Todos dizem que o remédio é o tempo. Todavia, não faltou rezadeira.
Dizem também que o cobreiro pode ser resultado de um mau olhado. Daí eu não sei. Afinal, não faltam vibrações negativas por aí. Eu fui testemunha de um lindo cróton, no meu jardim, que secou logo depois de um olhar admirado, desses que chamam de “olho gordo”.
Mas voltando ao cobreiro, Deus o livre de um. Até o nome é feio. E há tantas enfermidades de nomes bonitos por aí. Mas não se deve esquecer que nada acontece por acaso...
Tive muitas doenças na minha infância: Asma, sarampo, catapora. Portanto, tem razão o meu médico Marco Aurélio. É a danada da catapora que voltou. Dir-se-ia que as doenças também têm saudade da gente.
Mas, repito, esse cobreiro eu não desejaria nem a um inimigo, que, felizmente, não tenho. Diz o ditado que o feitiço cai sobre o feiticeiro. Que assim seja. Mas, terminei gostando do diagnóstico bem humorado do Dr. Marco Aurélio: “Isto é catapora de idoso”. E disse isto sorrindo.
março 28, 2015
março 22, 2015
O homem desconhece muita coisa em seu organismo. Quase nada sabe sobre ele. Deixa tudo para os médicos. Ora, se ele ignora grande parte de ...
O homem desconhece muita coisa em seu organismo. Quase nada sabe sobre ele. Deixa tudo para os médicos. Ora, se ele ignora grande parte de seu corpo, como vai se conscientizar de seu funcionamento, como cuidar melhor de sua saúde, de sua alimentação, de sua vida? Ignorante de si mesmo, o homem é um inconsciente. Hoje, como sabemos, há uma vasta literatura abordando essa problemática, procurando tornar o homem um conhecedor de si mesmo.
O cérebro, por exemplo, deixou de ser um órgão misterioso, desconhecido. Há muito tempo, foi publicado um livro que provocou uma verdadeira revolução no mundo científico. O autor falava de uma coisa ainda desconhecida, na época, pela ciência: as nossas glândulas endócrinas. Seu autor era Alexis Carrel e o livro se intitulava “O homem, esse desconhecido”.
Mas, há um território ainda estranho. Não se trata do corpo físico, de sua anatomia e fisiologia. O território que o homem não quis ainda conhecer e que foge dele como o “diabo da cruz” - expressão muito usada por alguns religiosos tradicionais - é a sua própria consciência.
Por incrível que pareça, a maioria do seres humanos faz tudo para não se encontrar com o seu mundo interior. Um mundo tão perto e ao mesmo tempo tão distante. Enfrentar a consciência, cara a cara, exige muita coragem. Por que? Ora, porque o homem faz questão de esquecer os problemas fundamentais da existência: donde veio, o que está fazendo aqui no mundo e para onde vai. Poucos, muito poucos, refletem sobre essa realidade. A consciência o incomoda. A consciência lembra aquele morcego horroroso a que alude o nosso genial Augusto dos Anjos num de seus poemas: “E para muitos essa é a visão da consciência culpada, da consciência mordida pelo remorso, negra como um morcego”.
Daí a fuga de muitos para enfrentar tal realidade. E como fugir? Ora, não faltam meios para a evasão, embora temporários e que funcionam como meros paliativos. A verdade é que o homem, queira ou não, um dia, vai se defrontar consigo mesmo. Aí ele terá um céu ou um inferno. O céu da paz interior, do dever cumprido, a paz que advém de uma vida saudável, sem comprometimentos, sem culpas, sem medo”.
Muitos são os meios para fugir dessa realidade, desse confronto com a consciência. Vejamos alguns: o barulho. Quanto mais barulho, mais ele sufoca a voz interior, esquece aquela indagação que aludimos no começo da crônica.
Quer ver outra fuga? A bebida. A bebida que lhe dá aquela embriaguez, espécie de anestesia para as suas dores, os seus problemas, suas angústias e sofrimentos. Mais outra fuga? A festa. Na festa ninguém fala de coisas sérias. A festa é para a distração e não para a reflexão, até que venha aquela dramática interrogação do poeta: "E agora José?”. Outra modalidade de fuga: a TV, com suas novelas, seus palhaços e camelôs, tipo Faustão e Ratinho.
Segue-se o esporte, notadamente o futebol... Eis aí uma boa fuga. Todo mundo com a atenção voltada para a bola e os pés dos jogadores... Vejamos outra fuga: o trabalho excessivo, absorvente, obsessivo. Conclusão: fuga implica em medo, e o maior medo do homem é o confronto consigo mesmo, com quem um dia vai se encontrar, queira ou não queira...
março 22, 2015