Antigamente escrever bem era ser precioso, usar palavras pouco comuns, burilar a forma. Hoje o que se aprecia é o estilo sóbrio e descarnado, cujo modelo é Graciliano Ramos ou Dalton Trevisan.
As coleiras com espinhos, consideradas um dos primeiros dispositivos de proteção para cães, tiveram sua origem na Grécia Antiga. Embora hoje possam parecer rudimentares, desempenharam um papel crucial na segurança dos cães da época, especialmente contra uma de suas maiores ameaças: os lobos.
Na vastidão das terras de Dom Henrique de Alencar, um homem próspero e obstinado, erguiam-se os muros imponentes de uma casa onde duas jovens, belas como o alvorecer, viviam sob a vigília de um destino já traçado. Verônica, a primogênita, tinha olhos que pareciam conter o próprio céu, mas neles brilhava uma luz que seu pai jamais compreendia: a devoção por uma vida de renúncia, fé e espiritualidade. Sua irmã, Sophia, embora fosse religiosa, amava o riso e os pequenos prazeres da vida, além de possuir um coração que ansiava por liberdade.
A travessia do jornal ao livro geralmente demora e não são todos os jornalistas que a fazem – ou conseguem. A maioria permanece restrita para sempre aos diários (impressos ou digitais), sem que isso, claro, signifique demérito para os profissionais do batente. Afinal, estão em seu habitat natural e isso lhes basta. Mas um ou outro, geralmente os cronistas, aqueles que transitam entre o jornalismo e a literatura, atravessa a fronteira e se converte em livro, numa forma de alcançar uma perenidade que o jornal, com sua intrínseca vocação para se tornar papel de embrulhar peixe, não consegue ofertar. No caso, ressalte-se, a precariedade é do veículo e não necessariamente do texto nele impresso.
O famoso texto "Desiderata", de Max Ehrmann, diz em um verso: "tenha cuidado em tudo o que fizer, pois o mundo está cheio de armadilhas, mas não feche os olhos para o bem que sempre existe..."
“Nuvens de cores deslizam por toda a terra de Brij* e no ar. É o Holi!”Cântico tradicional; CP Sharmass
* Ou Braj, da palavra sânscrita Vraja, considerada a terra de Krishna. As principais cidades da região considerada sagrada são: Vrindavan, Mathura, Jalesar, Bharatpur, Agra, Hathras, Dholpur, Aligarh, Etawah, Mainpuri, Etah, Kasganj, Karauli e Firozabad.
Nesse calorão do nosso meio—dia, saí de uma sala fria, gelada, do Tribunal de Justiça, para, sufocado, sentir a falta imediata, no edifício vizinho da OAB, do gabinete do antigo presidente da Associação dos Procuradores, Assis Camelo, onde íamos respirar, anos atrás, o clima conterrâneo de Alagoa Nova. Com o ar refrigerado no mesmo grau, o calor da estima fazia a diferença.
Mas dou com o olhar numa casa de alpendre ao lado, de porta e janelas fechadas e que de repente se alegra, atraente, de jovens rostos, e que rostos, à janela. Era a casa de Lúcia Braga, que ela descreve de um modo, em suas memórias, e o antigo revisor de A União que eu fui via de outro em suas idas e vindas a caminho de casa, em Jaguaribe.
Rua da Palmeira (atual Rodrigues de Aquino) ▪️ J. Pessoa GSView
Li ou ouvi dizer que a vida começa a ter real encanto a partir do instante em que se constitui em memória. Os instantes felizes só chegam a ser felizes muito tempo depois. Vejamos o que dona Lúcia escreveu já exilada da militância política com o marido Wilson Braga:
“Eu já era mocinha de 15 anos e estava com Tereza e as Menezes debruçada numa das janelas da Palmeira, 73, quando três moços vestidos a caráter, com violão e guitarra aos ombros e usando sombreiros tipicamente mexicanos param na calçada e nos cumprimentam, galanteadores:
— Que belas muchachas! Por Diós!
Agradecemos as palavras gentis e indagamos curiosas: “Quem são vocês?”
— Somos artistas, El Trio los Panchos, e vamos hacer uma presentación em la Rádio Tabajara – disseram os três numa só voz. E acrescentaram:
— Poderemos cantar para Usteds?
— Gostaremos muito – respondemos vibrando.
E foi assim que assistimos a Los Panchos numa pré—estréia sui generis.”
Lúcia Braga Câmara dos Deputados (PB)
A Rádio Tabajara dava para a janela dessas meninas, a janela da casa da Rua da Palmeira. Exercia verdadeiro fascínio na vida de Lúcia e das amigas entre crianças e adolescentes. Palco nacional, não raro internacional, com gente como Los Panchos, Agustín Lara, do outro lado da calçada das meninas. Orlando Silva, Galhardo, Silvio Caldas, nem se fala.
Quando não era isso, era a guerra. A Tabajara retransmitindo os horrores da Europa que a BBC despejava estalando por entre o filó amarelado do mostrador do rádio. Lúcia e as meninas ouvindo, vendo tudo da escada da rádio, onde sentavam para brincar, esperar os tipos passarem na calçada, como o jovem sempre empertigado Humberto Lucena ou, a algumas milhas dali, fantasmas, Hitler, Churchill, as suas tropas, seus bombardeios e as nuvens negras que a narrativa mesclava de fagulhas e de jorros de fogo.
Prédio da Rádio Tabajara demolido em 1984, no governo Wilson Braga (PB) Mano Ramalho
Vem o marido, governador, e põe abaixo o castelo que a mulher reconstrói nas memórias, todo um mundo supervalorizado pela saudade e pela fama que o tempo foi deixando sentar, moldar, como um pó benéfico além do tempo.
Tempos felizes, diz Lúcia, depois de primeira—dama, deputada, protagonista de uma obra social que é apenas um dos capítulos.
Muito se tem escrito sobre o estrondoso sucesso da série Cem Anos de Solidão, exibida no canal de streaming NetFlix, uma adaptação da obra pós-modernista do colombiano Gabriel García Márquez (prêmio Nobel de Literatura, em 1982). E grande parte da crítica observa o modo como os diretores Alex García Lopez e Laura Mora Ortega lidaram com a extrema complexidade narrativa da obra (publicada em 1967). Este é considerado o livro mais importante da Literatura Hispânica, ficando atrás apenas de Dom Quixote de La Mancha (Miguel de Cervantes),
Os nazistas acreditavam na teoria de um médico alemão chamado Franz Joseph Gall (1758-1828), segundo a qual o tamanho do crânio, com suas saliências, indicaria o caráter e as tendências de seu possuidor. O que essa teoria, chamada frenologia, pretendia mostrar era a de que um ser humano já tem traçadas no cérebro suas tendências ao longo da vida. Um ladrão seria ladrão porque a conformação específica de seu crânio indicaria a tendência inata para o roubo,
Cedi o meu espaço, nesta semana, para um amigo escritor, Earth Blair, inglês radicado no Brasil, que me pediu para divulgar trechos de um romance que ele está escrevendo, no intuito de testar a recepção. Como ele me autorizou, reproduzo aqui o que disse a ele: acho muito difícil a aceitação da sua narrativa, porque a considero demasiadamente distanciada da realidade, ainda que a criação literária não precise ter qualquer compromisso com os acontecimentos do mundo real.
Na piscina do hotel onde estávamos hospedados, o cidadão me perguntou se eu era eu. Era, né? Apresentou-se e disse que lia meus escritos semanais. De tudo que já lera, a coluna que mais gostara fora a história de Carlos Kaiser, para ele um espetáculo.
A instabilidade das verdades, tem deixado muita gente doente.
É preciso ter cuidado, tratar com remédios certos para erradicar de vez o mal, caso contrário ele se alastra e toma proporções incontroláveis, podendo levar à morte d’alma.
Liguei para o conselheiro aposentado Luiz Nunes com o propósito de checar informação relacionada à origem do Tribunal de Contas da Paraíba, um dos três últimos organismos do gênero criados no País. Pediu-me ele, então, que fosse à sua casa para a conversa frente a frente. Entendo que, rumo aos bem vividos 91 anos de idade, faltem-lhe jeito e paciência para tratos mais longos ao telefone.
POEMAS DO LIVRO “XXI Sombras (Editora COUSA – 2023)
SONETO PARA A INCERTEZA
E se os pés trocados na subida
no horizonte vivo da vertigem
fosse o rumo certo dessa vida
de busca e perda, sem céu, sem origem
Na imagem perdida em cada foto
no suporte do poste, arrebol
das nuvens, em plumas, como um horto
de desejos, de enfim um portal
Os homens que nos perdoem, mas não temos culpa se decidiram instituir o Dia Internacional da Mulher. Que bonito não? Como soa bem! Dia Internacional da Mulher. A maioria das pessoas já sabe o porquê da criação deste dia. Instituiu-se esse dia em homenagem às 130 mulheres que morreram queimadas na fábrica em que trabalhavam, num ato totalmente desumano, apenas por reivindicarem melhores condições de trabalho, melhores salários e um tratamento digno.