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ENTRE VERSOS E TINTAS Gosto de me perder, De alhear-me do mundo real E penetrar o portal Do meu universo ideal. O me...
Versos e tintas
Gosto de me perder, De alhear-me do mundo real E penetrar o portal Do meu universo ideal. O meu mundo é composto De versos e tintas. Palavras soltas, Cores infinitas. Colho as palavras, Como quem colhe as flores da primavera, E compõe um lindo ramalhete. Escolho as tintas, Como quem se apodera das cores do arco íris, Em uma linda quimera. Assim me perco entre versos e tintas. E pinto a poesia que brota de mim, Em imagens, Poemas... É assim que eu me mostro, Gosto de me perder, Para que assim eu me encontre, E fique assim de alma serena. DIAS DE SOL
Ultimamente, os dias têm sido de Sol. E as manhãs claras, estivais, Trazem-me a sensação de alegria, De calmos domingos ensolarados. As flores multiplicam-se, Como beijos dos enamorados, E alegram a paisagem, Antes sombria. Eu caminho por entre as flores, Sentindo a poesia me tomar, E bailo ao som de uma canção sussurrada. Enterneço-me com as rimas de amor. Adiante, sei que nuvens férteis Observam-me a dança, Todavia não temo mais a procela, Porque, a alma anda iluminada. O chover quando vier, Fertilizará o solo do sentimento, E as raízes de amor, Haverão de mais aprofundar-se Neste coração de verão. EQUILIBRISTA
Coloco meu coração Na palma da tua mão E deixo que me leves Aonde teu sonho vai. Fico assim: Equilibrando-me, Entre os teus sorrisos, Entre o piscar de teus olhos, E agarro-me às lembranças, Para que a realidade Não me jogue ao chão. Caminho na corda bamba Entre o real e o ideal. E o vento me balouça. E de longe vem uma música Que me faz dançar. E como bailarina, Rodopio, E deixo-me levar, Pela alegria, Em um longo “pas de deux” Em que me acompanha a poesia, Na grande aventura do amar. DUALIDADES
Eu troco palavras com meu silêncio. Caminho rumo a lugar nenhum. Navego célere em mar de calmaria. Busco o luar na noite do Nadir, Escondo-me da luz do meio-dia. Encontro a realidade na fantasia. Embriago-me na gota dágua, No vinho encontro lucidez Sacio-me de nada comer. Danço sobre minhas lágrimas, Enfrento a tormenta sem medrar. Extraio coragem da minha tibiez. Sou feita de antíteses, São muitos os contrários, São tantos os mistérios. Que vez em quando, Quedo-me a buscar em meus escaninhos, Onde foi que perdi a chave de mim. DELICADEZA
É como a pétala da flor, Bela e frágil como a asa da borboleta. Suave como a brisa da manhã. Macia como a seda chinesa. Assim, quero para mim Toda delicadeza. Que a música seja prece Em meus ouvidos, E que as palavras fluam dos meus lábios, Como finas bolhas de sabão, Que eu possa caminhar nas nuvens E que meus passos sejam leves, Macios como puro algodão. E que meus olhos possam contemplar Todas as flores e as cores que a Natureza Possa em sua mágica tela pintar. E que minhas mãos reproduzam essa beleza, Na arte, na vida, no servir e trabalhar. E que eu conheça os sabores, Do doce ao salgado, Do amargo ao suave, E que assim tempere, Na medida certa, o amor Que eu puder dar. Quero beber da Vida, E conhecer todas as cores e sons, Entendendo a sua delicadeza, E assim, tornando-me leve, E que eu me transforme em luz Que brilhará no peito De todos a quem eu puder me dar. CLARICE E EU
Clarice tão forte, tão intensa, tal imortal! Eu, poetisa pequena, lírica, quase banal... Clarice e eu Ela me estende a mão, E me coloca agora sob a sua proteção. Clarice é do conto, romances, rompantes! Eu navego na poesia, Sou tímida, introspectiva, porém, nunca vazia. Clarice me conta o conto, Eu trago o poema pronto. Clarice é intrigante, atemporal, fascinante! Não economiza a vida, sorve-a, mexe na ferida! Eu, poetisa fascinada, Absorvo a poesia como o elixir da vida, E no lirismo puro, procuro curar minhas feridas. Clarice e eu, Em tempos diversos, Em estilos diferentes, Em pontos que se tocam, Realidade presente. Clarice e eu, Uma nova aventura, Um novo caso de amor, Encontro na Literatura, Na poesia mais pura, Na Hora da Estrela, Nas asas de um condor! ADORÁVEL
Eu diria que você é assim, adorável. Como um céu azul de primavera, Como o campo depois da chuva, Como o mar numa manhã de sol. Eu diria que você é puro charme, Como as bolhas que espocam do champanhe, Como uma tarde em Paris, Como fino jazz em um vinil verdadeiro. Eu diria que seu olhar azul capta a beleza, Você navega seu mundo com firmeza, E tem consciência de tal poder. Eu diria que a arte te pôs no mundo, E você o saboreia livremente, Apreciando o seu gosto profundo.
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A poesia panfletária
Por aí já se conclui que motivos não faltam para indignar os poetas de bom senso, embora não faltem também aqueles que, na contramão dos princípios fundamentais da democracia, façam coro com o “Pátria, família e Deus acima de tudo”, um dos lemas que resumem exemplarmente o ideário neofacista da trupe miliciana. Isso sem contar os omissos de todos os gêneros, para os quais Dante Alighieri dedicou as seguintes palavras: “No inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.
Quando Ferreira Gullar recorreu à literatura de cordel como instrumento de doutrinação para despertar a consciência adormecida dos leitores, justamente por ser esse um gênero mais acessível, mais palatável, nada ou quase nada acrescentou à sua obra, embora não se deva nivelar os seus livros de poemas engajados com a safra dos livros participantes de hoje, a grande maioria natimorta, já que repousa na vala comum onde jaz a pretensa poesia de extração unicamente política. Comparados com esses, os livros de Gullar são obras do mais fino lavor.
Nesse ponto, cabe observar que a literatura só faz revolução no âmbito da linguagem, dentro dos seus próprios limites, jamais fora dos seus domínios, de sua circunscrição, sendo-lhe praticamente impossível instaurar uma ruptura com o status-quo, com o estamento social.
Mas a boa literatura pode provocar, sim, uma espécie de revolução silenciosa, pois ao término de um livro de ficção ou de um poema, o leitor já não é o mesmo de antes, uma vez que passa a adquirir uma nova percepção da vida e do mundo.
Se os vanguardistas mais ortodoxos apostavam tão só no virtuosismo verbal, nas paronomásias, no jogo de palavra-puxa-palavra etc., a maioria quase absoluta dos poetas engajados atenta menos na textura do poema do que na carnadura da realidade objetiva, que, nos seus poemas, já vem pronta e acabada como um prato feito para ingestão dos incautos e para a indigestão de leitores que sabem distinguir entre a poesia política de alto nível e a poesia meramente panfletária, tribunícia, muitas vezes vociferante e até mesmo histérica, que não fala nas entrelinhas, nos meios-tons. Poesia que se nutre do dejà vu, das metáforas envelhecidas, das catacreses, de uma espécie de pot-pourri de tudo o que já se escreveu sobre a liberdade e a repressão.
Em dezembro de 1864, tropas paraguaias atacaram e ocuparam um forte no Mato Grosso e apresaram, no rio Paraguai, um navio mercante brasile...
O Voluntário da Pátria e o Poeta dos Escravos
O enfrentamento entre brasileiros e paraguaios se deu em razão de antigas divergências, com respeito às fronteiras entre os dois países, à necessidade de garantia da utilização pelo Brasil da navegação através do rio Paraguai (que era a principal via de acesso ao Mato Grosso), e, principalmente, devido a um reordenamento nas relações entre Brasil, Argentina e Uruguai, que os paraguaios julgavam prejudicial aos seus interesses na região.
Para o historiador José Murilo de Carvalho, “a guerra parecia desigual por jogar, contra o Paraguai, Brasil, Argentina e Uruguai. Mas, olhando pelo lado militar, no Brasil só a Marinha estava preparada para a guerra”. Ao contrário do despreparo brasileiro para a guerra, o Paraguai fazia dois anos que se preparava militarmente para o conflito. Na época, o exército do Brasil tinha um efetivo bastante modesto e uma organização muito precária. As tentativas de compor as tropas arregimentando a Guarda Nacional, estabelecendo cotas de recrutamento por cada Província, não tiveram muito êxito. A Guarda Nacional era uma força civil, que havia sido criada em 1830, comandada pelos “coronéis” regionais e os seus quadros de comando eram compostos pelas elites locais, que resistiram em ir para a guerra.
Para cumprir as cotas de recrutamento estabelecidas para cada Província, houve, também, os chamados “voluntários da corda”, que eram, principalmente, escravos arregimentados à força para completar a cota de combatentes que fora determinada, como foi o caso de trinta “voluntários” que foram trazidos acorrentados da cidade de Pilar, “todos de gargalheiras ao pescoço”, para a capital da Paraíba, conforme registrou o historiador paraibano Adauto Ramos, no seu livro “A Paraíba na Guerra do Paraguai”.
O chamamento para compor o corpo de Voluntários da Pátria também sensibilizou vários acadêmicos de Direito, como aconteceu com alguns estudantes da Faculdade de Direito do Recife, dentre eles o paraibano Luiz Ferreira Maciel Pinheiro, então quartanista do curso.
Luiz Ferreira Maciel Pinheiro, que ficou comumente conhecido como Maciel Pinheiro, nasceu, em 1839, na capital da então Província da Paraíba, onde fez os estudos básicos. Em 1860, ingressou na Faculdade de Direito do Recife e passou a atuar na imprensa da capital pernambucana, publicando poesias e escrevendo artigos em vários jornais.
Em 1863, Maciel Pinheiro fundou e assumiu a direção de um “periodico scientifico e litterario”, chamado O Futuro, onde foram publicados, pela primeira vez, vários poemas de um jovem baiano de dezessete anos, que chegara ao Recife para cursar Direito e de quem Maciel Pinheiro ficara muito amigo.
Naquela época, a Faculdade de Direito do Recife tinha entre os seus acadêmicos, além de Maciel Pinheiro, Tobias Barreto, Fagundes Varela, Castro Alves, José Higino, Martins Junior e outras tantas expressivas figuras que fizeram com que o período fosse considerado como o mais brilhante na história da Academia recifense.
Quando cursava o quarto ano de Direito, Maciel Pinheiro publicou, em um jornal do Recife, críticas a um professor da Faculdade. Em razão disso, foi punido pela Congregação com a penalidade de prisão, por quatro meses, nas próprias dependências da Faculdade, punição absurda e anacrônica, herdada do regulamento da Universidade de Coimbra, mas, à época, ainda aplicável em Pernambuco.
Em protesto contra a punição aconteceram várias manifestações dos estudantes, em solidariedade a Maciel Pinheiro, onde se destacava a voz já luminosa e inflamada do jovem Castro Alves. Para Jorge Amado: “será Recife quem fará do poeta um agitador e um líder. Desta cidade a voz de Castro Alves levantará as bandeiras da Abolição e da República [...] Recife será sua melhor tribuna”.
Quando da partida de Maciel Pinheiro, como voluntário, para a guerra do Paraguai, Castro Alves lhe dedicou um poema com o título “A Maciel Pinheiro”, depois incluído no seu livro “Espumas Flutuantes”, único publicado em vida pelo poeta baiano.
“Partes, amigo, do teu antro de águias, Onde gerava um pensamento enorme, Tingindo as asas no levante rubro, Quando nos vales inda a sombra dorme... Na fronte vasta, como um céu de ideias, Aonde os astros surgem mais e mais... Quiseste a luz das boreais auroras... Deus acompanhe o peregrino audaz.”
O cognome “Peregrino Audaz”, que finaliza as seis estrofes do poema de Castro Alves, ficou como uma marca que Maciel Pinheiro carregou pelo resto da sua vida. Nas Notas finais do livro “Espumas Flutuantes”, Castro Alves se refere, mais uma vez, ao amigo paraibano:
“Maciel Pinheiro é um destes moços que simbolizam o entusiasmo e a coragem, a inteligência e o talento nas Academias. Poeta e jornalista o moço estudante, aos reclamos da pátria, improvisou-se soldado. Hoje que o tempo e a distância nos separam é me grato falar de um dos mais nobres caracteres que tenho conhecido”.
Inconformado com a transferência que lhe fora imposta pelo governo imperial, Maciel Pinheiro solicitou licença do cargo de juiz. Negada a licença, decidiu abandonar a magistratura. Na ocasião, o escritor e líder abolicionista pernambucano Joaquim Nabuco publicou, na primeira página do jornal O Paiz, do Rio de Janeiro um longo artigo, que tinha como título “Maciel Pinheiro”:

Abandonando a magistratura, Maciel Pinheiro voltou para o Recife dedicando-se inteiramente à imprensa, fazendo dos jornais as trincheiras de lutas na defesa dos seus ideais, a abolição da escravidão e a instauração da República no Brasil.
Em junho de 1889, Maciel Pinheiro e Martins Junior, seu amigo e contemporâneo da Faculdade de Direito, fundaram, no Recife, o jornal de propaganda republicana O Norte. Durou pouco tempo a contribuição do paraibano ao jornal. Debilitado pela enfermidade contraída na guerra do Paraguai, Maciel Pinheiro faleceu, no Recife, na sua casa da Rua da Aurora, no dia 9 de novembro. Ainda não chegara aos 50 anos e faltavam apenas seis dias para que fosse implantada a República no País, regime pelo qual o jornalista tanto se batera. Para o político e historiador paraibano Tavares Cavalcanti, Maciel Pinheiro “foi dos que avistaram de longe a Terra da Promissão, mas nela não puderam entrar”.
Quando da instauração do regime republicano no Brasil, Maciel Pinheiro foi reverenciado, em várias partes do país, como um dos maiores propagandistas da República, como se observa em uma edição, do dia 15 de novembro de 1889, do jornal Libertador, de Fortaleza: