É o que, vez por outra, ouço. Refiro-me aos meus ex-alunos, com quem, vez por outra, estou me reencontrando. Muitos deles não me lembro mai...

“Professor!” “Professor!”

É o que, vez por outra, ouço. Refiro-me aos meus ex-alunos, com quem, vez por outra, estou me reencontrando. Muitos deles não me lembro mais da fisionomia. Claro, o tempo está sempre mudando a gente. Mas, o grito me emociona: Uma verdadeira terapia. Daí uma das grandes tristezas da minha vida foi quando recebi o aviso da aposentadoria compulsória.

Professor!" Professor!" Gostava de dar aula. Gostava de ver aqueles rostos olhando para mim. E eu nunca dava a aula sentado, nem parado. Preferia andar pela sala, olhando aquelas fisionomias atentas ao que eu dizia. O jurisconsulto Miguel Reale também dava aula de forma peripatética, isto é, andando pra lá e pra cá;

O tempo passou, a aposentadoria veio, o professor já não dá mais aula. Mas os alunos, muitos deles já envelhecidos, continuam me saudando quando me encontram: “Professor!” Professor!" E um deles chegou a dizer, meio ressentido: “Não se lembra mais de mim, não professor?” Difícil guardar, de memória, tantos rostos… Já para os alunos, é mais fácil lembrar do professor.

E, aqui para nós, nada melhor do que escrever, nada melhor do que ensinar, nada melhor do que o relacionamento com as pessoas. Triste de quem não se dá com ninguém.

Professor!" Professor!" Eis aí uma grande profissão. E estou me lembrando agora de Sócrates, que levou a vida ensinando, transmitindo conhecimento.

Não há melhor catarse do que ensinar. E nunca me esqueço daquele dia, quando entrei na sala de aula e vi, escrito em letras bem graúdas, no quadro-negro, esta frase: “Palmas para o nosso querido aniversariante”. Mal entrei na sala, e haja palmas. Não foi minha ex-aluna Yvone Cyrillo Soares?

Professor!" Professor!" Meu primogênito, Carlos Romero Filho, Físico e Pós-Doutor em Cosmologia, adora ser professor e seu maior medo também é a aposentadoria compulsória...

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