A família Santos Leal chegou à Parahyba, mais precisamente à cidade de Alagoa Grande, no início do século XIX. Proveniente do Recife (...

Breve retrospectiva da chegada da família Santos Leal a Areia, Paraíba

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A família Santos Leal chegou à Parahyba, mais precisamente à cidade de Alagoa Grande, no início do século XIX. Proveniente do Recife (PE), aportou ao território alagoa-grandense o mascate José Antônio dos Santos Leal, filho de portugueses residentes em Olinda, também em Pernambuco.

O avô desse José Antônio dos Santos Leal era Manuel José dos Santos Leal, próspero comerciante em Portugal e que veio para o Brasil em inícios do século XVIII, instalando-se na então Capitania de Pernambuco, onde participou ativamente da Guerra dos Mascates (1710-1711).


Prole de 12 filhos

Após a chegada de José Antônio dos Santos Leal a Alagoa Grande, na Paraíba, ele se casou com a jovem Maria José do Espírito Santo Coelho, cuja família para lá fora oriunda do município de Cabaceiras, no Cariri paraibano.

Do casal descendeu uma prole de 12 filhos, sendo seis homens e seis mulheres.

Retalhos de Alagoa Grande


O primeiro e o segundo filhos

O primeiro filho, chamado Rufino José dos Santos Leal, nasceu no ano de 1812, em Alagoa Grande (PB). Seguindo os passos do pai, tornou-se comerciante em Areia, no Brejo paraibano.

Já o segundo filho, o mais conhecido deles, chamava-se Joaquim José dos Santos Leal, nascido em 1813, também em Alagoa Grande. Devido a suas atividades políticas e militares, era por todos conhecido como "o Coronel Quinca", sabendo-se que Quincas/Quinca é o diminutivo carinhoso de seu prenome Joaquim. Este rebento tornou-se o responsável principal pela administração dos bens de seus pais.

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As filhas mulheres

Em 1815, nascia a primeira filha mulher do casal, chamada Joana dos Santos Leal, mais tarde casada com seu primo Manuel Joaquim dos Santos Leal.

Depois, apareceu Justina Umbelina dos Santos Leal, nascida também em Alagoa Grande, no ano de 1816. Casou-se com Manuel Joaquim da Mota e e com ele teve quatro filhos/filhas, dentre os quais Maria Laurinda da Mota Leal, mais conhecida como Mãe Sinhá e mãe de minha bisavó, Júlia da Mota Leal, e que tinha como irmãos o Secretário de Estado e Deputado Federal Dr. Antônio Simeão dos Santos Leal e Alfredo Simeão dos Santos Leal, Prefeito de Areia (1912 a 1915).


O Dr. Antônio Simeão

O secretário e parlamentar Antônio Simeão dos Santos Leal era homem de rara inteligência, grande coragem cívico-pessoal e muita disposição para enfrentar todo e qualquer problema político-administrativo da época, além de gozar de ilibada reputação.

Além do mais, tinha o dom da palavra, especialmente como advogado e, também, como Deputado, sendo um orador nato. Como político era muito atuante e querido pela classe trabalhadora, à qual por igual se devotava.


O último filho nascido em Alagoa Grande

O terceiro mano, Antônio José dos Santos Leal, nasceu no "annus mirabilis" de 1817, igualmente em Alagoa Grande e veio a se tornar comerciante em Areia (PB).

Foi justamente para o município de Areia que o casal José Antônio dos Santos Leal/Maria José do Espírito Santo Coelho se transferiu, em 1818, aí tornando-se comerciantes e senhores de terras. Os dois logo adquiriram a propriedade denominada Jandaíra, que permaneceu com a família até meados do século XX, quando foi vendida pelos herdeiros sob a coordenação do Monsenhor Walfredo Soares dos Santos Leal.


Outros filhos do casal

Em 1819, nascia, já em Areia, mais um filho, justamente batizado e registrado como José Antônio dos Santos Leal Filho. Este se tornaria sócio do irmão mais velho. A terceira filha, nascida em 1820, chamou-se Mariana dos Santos Leal. Casou-se com Francisco Jorge Torres Filho, filho do conhecido Marinheiro Jorge. Em 1822, nascia Claudino José dos Santos Leal, o único filho que resolveu se dedicar aos estudos, tornando-se advogado pela Faculdade de Direito do Recife e exercendo a profissão no Cariri paraibano, mais precisamente na cidade de São Joao do Cariri. E, em 1830, nascia o último filho, Manuel José dos Santos Leal, que sempre acompanhou seu irmão, o Coronel Quinca.

Em 1832, foi a vez de surgir a quarta filha, Maria Emília dos Santos Leal, que foi casada com Matias Soares Cavalcanti, com quem teve cinco filhos, entre os quais o Monsenhor Walfredo Soares dos Santos Leal, Deputado Estadual e Federal, Senador e Governador de Estado. Ainda dela resultou a filha Josefa Leopoldina dos Santos Leal, casada com o Capitão Inácio Augusto de Almeida, tendo este casal 12 filhos. Em 1842, seu avô, Francisco Coelho de Albuquerque, adquire o Engenho Várzea, que, após seu falecimento passou a ser administrado pelos genros João Carlos e Augusto Clementino de Almeida e Albuquerque.


O engenho Olho d'Água

Em 1860, Augusto Clementino vendeu sua parte no engenho Várzea para os irmãos Antônio Carlos, Rufino Augusto e Severiano. Com o dinheiro da venda, adquiriu o Engenho Olho d’Água onde lhe nasceram todos os filhos, inclusive o primogênito, Inácio Augusto de Almeida.

Esse engenho permanece com a família até o início da década de 1940, quando foi vendido pela viúva Josefa Leopoldina, que minha mãe chamava carinhosamente de "Madrinha Zefinha".


Meu bisavô Jayme de Almeida

Entre os filhos do casal Inácio e Josefa, aparece o segundo, que vem a ser meu bisavô Jayme Augusto de Almeida. Com a morte do Capitão Inácio Augusto em 1899, quem assumiu a administração do Engenho Olho d’Agua foi seu segundo filho, Jayme, pois o primeiro, chamado Inácio, já tinha sido levado para o Seminário, pelo tio, o Monsenhor Walfredo Soares dos Santos Leal.

Aliás, era o Monsenhor quem orientava o sobrinho Jayme sobre a administração do Engenho Olho d’Água e da Fazenda Jandaíra, uma vez que, na invernada, Jayme transferia o gado do Engenho Olho d’Agua para a Fazenda Jandaíra.


As últimas filhas

Em 1833, nasceu a quinta filha, Francisca dos Santos Leal, que se casou com Manuel José Borges, mas faleceu ainda muito jovem. Por fim, em 1834, veio ao mundo a última filha, Paulina dos Santos Leal, casada com seu cunhado, o viúvo Manuel José Borges.

Noutro "annus mirabilis", o de 1824, José Antônio retornou ao Recife (PE), com a finalidade de participar da Confederação do Equador, movimento revolucionário, republicano e separatista que se espalhou pelo Nordeste e que era contra a Constituição promulgada em 1824 por Dom Pedro I. Ao retornar a Areia, em 1827, tornou-se agricultor e aí permaneceu até sua morte, no ano de 1838.


Um trágico evento

Em 1849, um trágico acontecimento se abateu sobre a família Santos Leal, com o assassinato de um conhecido Deputado Provincial, o Dr. Trajano Chacon, no que ficou conhecido como o “Crime de Carlota”. O Coronel Quinca, então disputando a eleição para Deputado Provincial com o Dr. Trajano, viu-se injustamente acusado pela Justiça como envolvido no crime.

Dessa forma é que foi condenado à morte, sendo tal pena depois comutada para as galés. Ficou preso em Fernando de Noronha, onde morreu cego em data de 23 de julho de 1856.


E a mandante fora Carlota

Seu irmão caçula, Manuel, também foi preso e acusado, mas, uma vez libertado, retornou para passar seus últimos dias, cego e louco, nessa casa da Fazenda Jandaíra. Todos esses trágicos eventos provocaram, como não poderia deixar de ser, inúmeros problemas para a família dos Santos Leal, até porque era o Coronel Quinca quem sustentava os irmãos ainda residentes na Fazenda.

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Com a prisão dele, esses seus familiares (inclusive aderentes) passaram por muitas necessidades. Mas nunca se deixaram abater pelas injúrias desferidas contra seu irmão, Joaquim José dos Santos Leal. E, afinal, descobriu-se que, em verdade, Carlota Lúcia de Brito fora a mandante, em 1849, por motivos meramente pessoais, do assassinato do Deputado Provincial e ex-Vice-Presidente da Província da Parahyba, o desventurado Dr. Trajano Chacon.

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