Chegamos para o reencontro com os mestres Flávio Tavares e Gonzaga Rodrigues, que admiramos na extensão sem medidas, amizade alimentad...

Dois Mestres

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Chegamos para o reencontro com os mestres Flávio Tavares e Gonzaga Rodrigues, que admiramos na extensão sem medidas, amizade alimentada por conversas amenas e troca de ideias, sempre na perspectiva da inclusão social a partir da Arte.

Em nosso último encontro, numa tarde com o sol de junho, recolhidos ao ateliê da residência de Flávio, um lugar que respira poesia e arte, rodeados de quadros, diversidade de flores, pés de cajueiros, coqueiros e sapotis que ornam o quintal de sua casa, contemplamos suas novas pinturas e desenhos.

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Sapotizeiro (quintal de Flávio Tavares)@flavio.tavares
A cada encontro ou reencontro com Flávio e Gonzaga renovam-se os caminhos que mais nos aproximam da arte, não apenas da pintura, mas, sobretudo, da literatura e nas cores poéticas que ajudam na revelação de caminhos para viver a paz na mística das artes.

Tantas vezes, Gonzaga e eu, circundado por Paulo Emanuel Rodrigues e Antônio David, estivemos no ambiente da residência de Flávio, construído há mais de quatro décadas na amizade e iluminado pela arte, seja para conversas amenas, como naquela tarde, ou mais especificamente quando anfitrião desejava mostrar um novo trabalho. Desses trabalhos de pintura que tomam tempo e recolhem da imaginação as mais belas paisagens históricas e poéticas que Flávio sabe reproduzir.

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Flávio Tavares, Gonzaga Rodrigues, Antônio David Diniz, Paulo Emmanuel e José Nunes@jose.nunes
Foi assim com relação ao No Reinado do Sol, que o artista desejou que fossemos os primeiros a contemplar os esboços. Encontros em que Gonzaga mais fala, com o pitaco abalizado de quem sabe revelar os caminhos da cidade, as trilhas dos Tabajaras e Potiguaras, passando por quatrocentos anos de história revelada nos heróis sem rosto ou emoldurados, sem o reconhecimento merecido.

No nosso último encontro, na tarde de sol ameno e vento que mexia com as folhas das árvores e das plantas do jardim, com o pé de mirra expelindo perfume em todo derredor, Flávio se emocionou ao falar dos livros Estudos etnomedicinais sobre plantas e Crendices populares – Sobre a bouba e as bananas, agora publicados.

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Publicações de Arnaldo Tavares @flavio.tavares
O médico Arnaldo Tavares, de revelada inteligência para as ciências médicas, também era exímio desenhista e fotógrafo, além de escrever com elevado conhecimento das letras clássicas. Produzia textos científicos como maestria para falar dos seus conhecimentos da medicina, assim como escrevia poemas para expressar o sentimento da alma, desenhava ou fotografava para o registro do que percebia em seu redor.

O que sentia e seus olhos observavam nos detalhes do que estava ao seu redor, doutor Arnaldo imortalizava no desenhou ou na fotografia. Duas formas de manter vivas as imagens de cada instante.

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Varadouro (capital paraibana) Arnaldo Tavares
Os textos do pai que o filho reuniu em livro, em belíssimo acabamento gráfico e recheado de ilustrações feitas pelo próprio autor, possui ingredientes para ajudar as Universidades e todo o mundo acadêmico a se espelhar em trabalhos escritos com bases cientificas. Afinal, doutor Arnaldo Tavares não foi somente o médico que estendeu as mãos aos contagiados pela bouba em uma época quando os pobres ainda mais viviam à margem dos alagados, entre montes e cordilheiras do Brejo infestados por essa doença, mas tornou-se um cientista de elevados conhecimentos na prática da Medicina.

Considerar doutor Arnaldo de polímata talvez não seja exagero, porque assim o considerava seus amigos mais próximos. Aos que recorriam a ele em momentos de dúvidas, sempre tinha uma resposta abalizada.

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