Há quem não se dê conta de que um texto, literário ou não, é algo fabricado, urdido, constituído de uma estrutura bem montada. ...

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Há quem não se dê conta de que um texto, literário ou não, é algo fabricado, urdido, constituído de uma estrutura bem montada. Claro que me refiro aos textos bem escritos, que sugerem, apenas sugerem, ao leitor terem sido escritos com facilidade. Nem sempre. Para um texto parecer fácil, o leitor nem imagina a dificuldade por que passou o escritor para chegar até ali. Por outro lado, sabemos identificar muito bem o texto artificioso e, com mais facilidade ainda, o mal escrito, pela escrita forçada, pela falta de lógica ou de concatenação entre as suas partes. Dizer, portanto, que um texto é uma estrutura, é reconhecer que

      MAIÚSCULAS LETRAS DE MIM Sou maiúsculas letras de mim Num eterno diálogo entre o existir e o ser... EU! Feita ...

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MAIÚSCULAS LETRAS DE MIM Sou maiúsculas letras de mim Num eterno diálogo entre o existir e o ser... EU! Feita de nãos, porquês e imensuráveis interrogações, Perco-me na distância do dito e o não dito, Do acerto, e do erro, Do direito de ser quem sou: Louca, tempestiva, apaixonada, viva, Exclamação, reticências e vírgulas. Posso deixar-te, meu amor... Depende de como a tua mão repousa em mim. Sou mulher, bebo esse luto. Submissa liberdade de ser quem eu sou,

Esta é a incrível e verdadeira história de Jho Low, um malaio que com menos de 30 anos conseguiu enganar o sistema finance...

Esta é a incrível e verdadeira história de Jho Low, um malaio que com menos de 30 anos conseguiu enganar o sistema financeiro internacional por muito tempo e tornar-se o mais destacado bilionário nas superfestas da mais alta sociedade do mundo. Para que vocês tenham uma pálida ideia de quem era Jho, ele conseguiu ser amigo de infância de Leonardo di Caprio e Paris Hilton em poucos meses, desviou algo em torno de 5 bilhões de dólares, dava festas semanalmente nas boates da moda onde nunca pagou uma conta de menos de um milhão de dólares. Exibia-se em leilões de arte, embora entendesse zero do assunto e chegou a arrematar um único quadro de Basquiat num leilão da Christie’s por 50 milhões de dólares.

Não estranhem. A história aconteceu, assim mesmo, no tempo em que os bichos falavam. Ninguém dava conta de Galileu, a onça. A indiazinh...

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Não estranhem. A história aconteceu, assim mesmo, no tempo em que os bichos falavam. Ninguém dava conta de Galileu, a onça. A indiazinha Tuiuiú não continha o choro. Seu Nenem Moreira, enquanto isso, desfilava por perto com ares de satisfação mal disfarçados. Observava tudo a sua volta para depois repassar ao compadre Tonico Macedo cada reação daquele grupo onde também estavam o macaco Alan, o coelho Geraldinho e o amigo Moacir. Este último vivia da profissão de carteiro apesar da condição e dos passos lentos de jabuti. Fora ele o portador da notícia do sumiço de Galileu.

Vocês já notaram que a gente não sabe mais como se comportar diante de situações que, até pouco tempo, eram muito simples? ...

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Vocês já notaram que a gente não sabe mais como se comportar diante de situações que, até pouco tempo, eram muito simples?

Por exemplo, quando a gente se interessava por uma pessoa, tipo, ficar a fim de namorar se rolasse um clima (desculpem pela referência a uma situação recentemente indigesta), a gente paquerava, iniciava uma conversa, e, se o "clima" fosse mútuo, o namoro começava. As pessoas próximas traziam as informações de segurança. Namorador, cachaceiro, gente boa, moça de família, complicada e perfeitinha, falada... Essa era a rede social disponível. Agora a gente precisa oficializar o relacionamento para pessoas que nem nos conhecem, os chamados seguidores das redes sociais, e exigir a senha para ver quem está curtindo as fotos dos nossos recém-amores. Controle tipo "o grande irmão". Para quem não sabe o que é isso, vide 1984, de George Orwell.

Sempre tive no jornal o livro que nunca fecha, que se abre a cada rasgo no cotidiano. Nesse do domingo passado sublinhei de vermelho e...

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Sempre tive no jornal o livro que nunca fecha, que se abre a cada rasgo no cotidiano. Nesse do domingo passado sublinhei de vermelho e guardei como recorte a aula que Lucilene Meireles foi extrair em entrevista com o presidente do Conselho Federal de Economia, presente num seminário do ramo em João Pessoa.

SONETOS NOUTRA VIDA Noutra vida escrevi uns versos puros, Tão singelos, amáveis, verdejantes; As rimas em estrofes sus...

SONETOS

NOUTRA VIDA
Noutra vida escrevi uns versos puros, Tão singelos, amáveis, verdejantes; As rimas em estrofes sussurrantes, Que as flores exultavam além-muros. Harmônicos, formavam melodias, Poetas se apinhavam ao meu lado; Na alvorada, o momento cobiçado, Alegres recitavam poesias. Rubras rosas se abriam radiantes, Pássaros pipilavam saltitantes, E no céu reluziam as estrelas.

Vi o soldado paraguaio avançar em minha direção em passo de ganso, baioneta em riste, eu imóvel, as mãos pra trás, segurando o boné, ...

Vi o soldado paraguaio avançar em minha direção em passo de ganso, baioneta em riste, eu imóvel, as mãos pra trás, segurando o boné, o infeliz se aproximando como um robô, até o comandante gritar uma ordem em guarani, o que o fez estacar recolhendo a arma pra vertical junto ao peito, os calcanhares das botas batendo com eco no salão em que estava o túmulo de Solano López, no panteão que fica no centro de Assunção. Aí, nova ordem, giro do soldado, calcanhares batendo de novo, ele se foi, voltei pra continuar a ler a placa de bronze, o boné sempre nas mãos que mantive o tempo todo para trás, eu imaginando que aquilo tudo se devera ao fato de eu usar barba, o que era proibido, lá, naqueles sombrios anos 70.

Aquela senhora se dirigia seguida por seus filhos, a um terreno próximo de casa. Lugar coberto de pequenas árvores. Ali, ela escolhia u...

Aquela senhora se dirigia seguida por seus filhos, a um terreno próximo de casa. Lugar coberto de pequenas árvores. Ali, ela escolhia um bom galho, com copa bem arredondada e retornava para casa muito satisfeita.

Chegando em casa, assentava o galho dentro de um pesado jarro, de forma que ficasse bem firme. Começava a cobri-lo cuidadosamente e de forma homogênea cada galho com algodão, até que tudo ficasse bem branquinho. Trabalho minucioso que exigia paciência,

"O canto de Gal é cura, mas também é curadoria de toda a expressão da música popular brasileira". Carlinhos Brown "S...

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"O canto de Gal é cura, mas também é curadoria de toda a expressão da música popular brasileira".
Carlinhos Brown
"Sabe uma faca me rasgando?... Gal Costa sempre me trata com choque elétricos, eu chego pra ver ela e não vejo ela, e me arrebato por ela, e me arrebento por ela, me desarrumo por ela... cada vez acontece alguma coisa estranha, cada vez é como se a vida tivesse se partido, se começando, se acabando..."
Tom Zé

Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, ou...

Eu não vi o rei, que virou nome de café, jogar... Azar o meu! A minha primeira copa foi em 78. Havia uma ditadura por lá, Argentina, outra por cá, Brasil. Rivais históricos, infelizmente, parceiros nos crimes contra a humanidade e a democracia. Perdemos sem perder em campo, campeões morais. Deu zebra, pior, Peru! Com oito anos, eu não tinha ideia do que era ditadura, ou mesmo “campeão moral”.

16/09, sexta 6 horas. Florescia o dia no Jardim 13 de Maio, a plenos pulmões da primavera de setembro de 2022. Em lugar tão pr...

16/09, sexta
6 horas. Florescia o dia no Jardim 13 de Maio, a plenos pulmões da primavera de setembro de 2022. Em lugar tão próximo às águas que banham o Varadouro e o marco-zero da antiga Filipeia de Nossa Senhora das Neves. Era chegada a hora de bordar o tempo, acolher afetuoso chamado e oferecer abraço aos formidáveis laços do passeio pelos fios e rios que desenham e oferecem vida à extraordinária paisagem fincada entre o cariri e o sertão da Paraíba.

Seguimos, eu e meu filho, o arquiteto Tao Pontes, ao encontro do casal amigo Delma e Carlos Cesar, que, a nós se juntaria, por vias e rias nos largos arredores dos Bancários, até a ida ao ateliê do artista Chico Ferreira. Dalí, partiríamos, também, na doce companhia de Camila e Capitu, com destino a incrível e sublime aventura.

Houve uma época em que me passou pela cabeça escrever livros de autoajuda. A justificativa...

Houve uma época em que me passou pela cabeça escrever livros de autoajuda. A justificativa para isso, confesso, não era das mais nobres. Como os autores desse tipo de literatura vendem muito, pensei em me arriscar no gênero para, quem sabe, robustecer minha conta bancária.

Eu imaginava que fazer livro de autoajuda seria fácil. Não precisava ser erudito nem conhecer profundamente filosofia, psicologia, antropologia ou qualquer outra dessas especialidades nobres. Bastava ter delas uma leitura superficial, algum bom senso e, claro, uma boa dose de esperteza.

Os novos planos são refeitos a velhos tempos, sempre acompanhados de dúvidas, incertezas e previsões das mais diversas origens e reli...

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Os novos planos são refeitos a velhos tempos, sempre acompanhados de dúvidas, incertezas e previsões das mais diversas origens e religiões. Mas parece que nossa resiliência foi ao limite nos últimos anos. Por isso, como poderemos manter o fôlego à frente de nosso tempo, este sábio que sempre mostra um caminho pra chamar de nosso, muitas vezes com areia e pedra?

Quando éramos jovens, o tempo passava por nós, e, hoje, mais velhos, o contamos a conta-gotas. Descobrimos que as melhores formas

Se Ernesto Sábato dizia que “depois de ler Proust você jamais conseguirá ser o mesmo”, com Gonzaga Rodrigues essa mudança radical ac...

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Se Ernesto Sábato dizia que “depois de ler Proust você jamais conseguirá ser o mesmo”, com Gonzaga Rodrigues essa mudança radical aconteceu após a leitura de Lima Barreto, principalmente As Recordações de Isaias Caminha, este livro emblemático de um autor que, 100 anos depois de sua morte, continua conquistando jovens leitores, como se deu com a crônica de Café Alvear, há mais de setenta anos.

Pois é, existem diplomas e diplomas, medalhas e medalhas, títulos e títulos. As pessoas sabem disso, sem que ninguém precise explicar ...

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Pois é, existem diplomas e diplomas, medalhas e medalhas, títulos e títulos. As pessoas sabem disso, sem que ninguém precise explicar a diferença entre uns e outros. E isso é bom, pois prova que a inteligência pública para intuir certas verdades muitas vezes é subestimada pelos que se julgam mais espertos que os outros. Circulando por aí, sabemos, tem muito diploma, muita medalha e muito título cujo recebimento diminui mais que engrandece os seus agraciados. E também, ao contrário, muito diploma, muita medalha e muito título cujo não recebimento só aumenta a estatura dos não contemplados.