Era uma vez uma mulher, brasileira, que recusou-se a fazer amor com ninguém mais ninguém menos que Alain Delon, o célebre ator francês...

A brasileira que esnobou Alain Delon

alain delon fernanda bruni boate regines
Era uma vez uma mulher, brasileira, que recusou-se a fazer amor com ninguém mais ninguém menos que Alain Delon, o célebre ator francês, à época considerado por muitos e muitas como o homem mais bonito do mundo. Estamos falando do ano de 1978 e o ator estava com meros 42 anos de beleza incontestável. Hoje, pelas fotos mais recentes, ele é uma múmia igual a outras da mesma idade, para consolo e vingança daqueles que sempre viveram em sarcófagos. Não há beleza que resista ao tempo, esse “escultor de ruínas”, bem sabe o leitor, mas vamos ao que interessa.

Alain Delon e Mireille Darc, Boate Regine's (Rio de Janeiro, 1978) @glamurama
Como disse, era o início de 1978 e o ator Alain Delon estava no Rio de Janeiro, mais precisamente na boate Regine’s, lugar badalado de ricos, famosos e bonitos, localizada no subsolo do Hotel Le Méridien, no Leme. Sua mulher, a atriz Mireille Darc, certamente indisposta ou cansada, tinha se recolhido aos seus aposentos, razão pela qual o marido dançava, lépido e fagueiro, como costumam ficar os maridos quando sozinhos, com a também bela modelo Fernanda Bruni, morena de apenas 23 aninhos, uma criança, quase, mas já com alguns quilômetros de ... passarela. Ela tinha sido apresentada ao ator pelo colunista Zózimo Barrozo do Amaral, frequentador habitual da boate, jornalista importante e também amigo dos ricos, famosos e bonitos.

Para quem observava de fora o belo casal na pista de dança, imagino que o pensamento era o seguinte: “Ela tirou na loteria, pois amanhã sua foto com Delon estará em todos os jornais, impulsionando fortemente sua carreira de jovem modelo; ele também tirou a sorte grande, pois certamente passará a noite – ou parte dela – nos cobiçados braços da beldade”. Creio também que ele e ela, que de ingênuos não tinham nada, devem ter pensado a mesma coisa, sem nenhum problema, pois todos sairiam ganhando com o aparente “affair”.

Fernanda Bruni, Boate Regine's (Rio de Janeiro, 1978) @glamurama
Lá pelas tantas, uma da manhã, o cicerone de Delon, o empresário Paulo Marinho, viu que era hora de ir, pois trabalharia logo cedinho. O ator, entusiasmado com e pela modelo, até então solícita ao seu assédio, perguntou ao amigo se podia convidá-la para tomar um último drinque em sua casa. “Claro”, respondeu o brasileiro, e assim todos seguiram juntos: o empresário pensando em dormir, o ator pensando exatamente o contrário. Por volta das duas horas, o ator bateu à porta do quarto do amigo, quase em desespero, pedindo ajuda, pois a bela Fernanda, que parecia tão dócil na boate, simplesmente não queria transar com ele, logo ele, o homem mais bonito do mundo, que, até então, jamais fora recusado por mulher nenhuma no planeta. Paulo Marinho sentiu muito, mas não podia fazer nada; se ele, que era Alain Delon, não estava conseguindo convencer a moça, imagine um simples mortal... Em todo caso, como solidariedade masculina, o empresário foi lá e alertou a mocinha para a “oportunidade” que ela estava perdendo ...

Mas nada feito. Fernanda pediu licença para ir ao toalete e de lá saiu, furtivamente, pelas portas dos fundos para nunca mais, deixando o ator francês a ver navios ou sei lá o quê. Dá para acreditar? É difícil, não é mesmo? Mas tudo isso aconteceu e é contado em letra de forma pelo escritor e jornalista Joaquim Ferreira dos Santos, respeitado biógrafo de Zózimo e de Antonio Maria, o cronista e compositor.

alain delon fernanda bruni boate regines
O mesmo Joaquim também revela que o mesmíssimo Alain Delon foi igualmente rejeitado pela cantora Rosemary, donde se conclui que o ator francês realmente não deu sorte com as mulheres no Brasil. Quem diria. Fernanda Bruni depois explicou que sua recusa se deveu ao fato de, à época, estar apaixonada por um carioca anônimo; já a cantora alegou que o ator estava acompanhado por sua esposa e separar casais não era seu costume. Como se vê, todas muito corretas, para azar do francês. E bota azar nisso aí, diria Mãe Menininha do Gantois.

Voltando à virtuosa modelo e ao seu extraordinário “não”, fiquei refletindo e concluí sobre sua precoce e inesperada sabedoria de vida. Pois se tivesse ela dado a Delon o que ele tanto queria, seria apenas mais uma numa relação de inúmeras frequentadoras da cama do ator. Já estaria totalmente esquecida sua dádiva e não teria ela nenhuma história gloriosa para contar, salvo uma “glória” partilhada por muitas outras. De fato. Entretanto, negando-se exatamente a quem ninguém se negava, ela detém um triunfo único que ninguém pode lhe tirar: o de ter espontaneamente recusado o “homem mais bonito do mundo”. Sem dúvida, é história para se contar a netos e bisnetos, com muito orgulho. Ou não é?

Moral da história: às vezes, mas só às vezes, é não dando que se recebe.

COMENTE, VIA FACEBOOK
COMENTE, VIA GOOGLE

leia também