O prazer de quem cultiva: ver a semente rasgar solo e ao sol se espichar. Ver bailar a folha viva numa festa criativa...

No jardim, saudade é flor, no coração fogo

poesia paraibana geraldo bernardo

O prazer de quem cultiva: ver a semente rasgar solo e ao sol se espichar. Ver bailar a folha viva numa festa criativa, onde a coreografia é obra da ventania. Ver a flor, sentir o fruto, deixa o humano menos bruto, suaviza seu bom dia.

Pensava pelo jardim e a rosa, uma flor paria, a inspiração modorrenta do meu pensar se escondia, e, o universo em esplendor brotava naquela flor, um presente de bom dia.

Sai correndo serra abaixo filete d’água limpa. Pelo caminho garimpa flores caídas dum cacho, com poças faz um riacho, faz remanso e rodopia, ao abismo desafia, desce lavando rochedo, assim cumprindo seu enredo de encher rio no bom dia.

Sigo filete na vida, que pegou velocidade na serra abaixo da idade, já colhi a rosa caída que sumiu na descida. O vento chega assobia e até me faz companhia no desfiladeiro abaixo: fui nascente, sou riacho, serei rio no bom dia.
NO JARDIM, SAUDADE É FLOR, NO CORAÇÃO FOGO ARDENTE.
Mote: Wanderley Figueiredo
Glosa: Geraldo Bernardo
Sou um pobre jardineiro que sofre grande penar com lágrimas a regar esturricado canteiro que um dia já foi fagueiro hoje é lugar deprimente morreu a rosa e a semente fiquei só muito doente, ébrio choro minha dor. No jardim, saudade é flor no coração fogo ardente. Entregue ao malefício fedorento e rasgado no barro vivo jogado entreguei-me ao vício beber pinga, meu ofício nem mesmo me sinto gente sou escravo da aguardente, o unguento aliviador. No jardim, saudade é flor, no coração fogo ardente. Se sofrer é meu destino eu cumpro bem a missão. Tenho chaga no coração, na honra a inflamação dum tumor adulterino. Em completo desatino vivo do mundo ausente, só minha lágrima quente é companhia onde eu for. No jardim, saudade é flor, no coração fogo ardente.

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