João Batista de Brito, nosso notável professor, cronista e crítico de cinema e de literatura, é daquelas pessoas discretas por natureza e por sabedoria. E esse é um dos seus charmes, um dentre outros, certamente só acessíveis aos privilegiados aos quais ele abre a porta, uma fresta que seja, de sua preservada individualidade. Como todo sábio, ele fala menos do que ouve, e quando quer expressar seu pensamento, geralmente escreve mais do que fala. É uma das nossas mais altas estrelas intelectuais, sem nenhuma dúvida, com renome para além dos muros baixos da aldeia, e, ao mesmo tempo, é uma das que faz menos alarde disso. Na verdade, não faz alarde nenhum, e até se esconde quando tal é possível.
João Batista de Brito@facebook
Autor de várias obras sobre cinema e literatura, seu livro Imagens amadas (Editora Ateliê, São Paulo, 1995) se destaca inevitavelmente, por ter repercutido no eixo Rio/São Paulo, conferindo uma dimensão mais ampla ao seu prestígio como crítico cinematográfico. Aqui na Paraíba, sabemos, seu valor já é reconhecido há tempos, pelo menos nos círculos mais esclarecidos, e seu nome é tranquilamente colocado ao lado de outros notórios apreciadores da “sétima arte”, tais como Barreto Neto, Willis Leal, Alex Santos e Mirabeau Dias, cada qual com suas particularidades, como seria de esperar – e de desejar.
Outra referência que se impõe, esta de caráter mais acadêmico, pois constitui a sua tese de doutorado, é Signo e Imagem em Castro Pinto, em que ele se debruça longa e analiticamente sobre a obra poética do nosso Sérgio de Castro Pinto, valorizando assim a “prata da casa”, numa atitude corajosa, em que se mesclam grandeza e generosidade. É o tipo de gesto que, a meu ver, faz a diferença, distinguindo positivamente a “persona” de quem o ousa.
João Batista é muito fiel às suas origens. Viveu intensamente sua meninice e juventude no bairro de Jaguaribe e dele nunca se esquece. Sobre a ambiência e os personagens daquele antigo pedaço de nossa aldeia, ele muito tem escrito e falado. É como se fosse seu chão natal,
Jaguaribe (J. Pessoa)
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Jaguaribe lhe deu e dele recebeu muitas coisas. Recebeu, por exemplo, essa bonita fidelidade afetiva que nunca terá fim e o pão gostoso da padaria de seu pai, Seu Rui de Brito, várias vezes entregue aos fregueses pelo menino franzino que nunca fugiu do trabalho e dos deveres filiais; deu-lhe, por outro lado, através de seus cinemas, notadamente o Santo Antonio, o amor aos filmes, base de sua futura condição de cinéfilo e de crítico. Daí a justificada “jaguaribice” que o acomete com frequência.
Bairro do Jaguaribe (J. Pessoa) GSView