Natal é tempo de dar e receber presentes. Sei que o espírito da festa se expressa melhor em dar do que em receber. Trata-se de uma ocasião em que o outro se constitui em alvo da nossa generosidade. Nela não cabe o cinismo com o qual um conhecido político cunhou a frase: “É dando que se recebe.”
Eu sempre dou mais do que recebo. Não faço lista, deixo isso a cargo da minha mulher. Mas não há dúvida de que é preciso dispor de uma verba extra para atender aos que, por um motivo ou outro, fazem jus aos mimos.
Kira Heide
A publicidade tenta nos convencer de que dar presentes é uma forma de demonstrar amor. Por baixo desse argumento altruísta, no entanto, operam os insaciáveis tentáculos do consumo. Para satisfazer o círculo restrito e remoto de presenteáveis muitas pessoas se endividam, vendem objetos de valor, entram no cheque especial – o que vem a ser uma mina para os bancos.
Juliana Malta
Um meio comum de dar presentes nesta época é a brincadeira do amigo-oculto, que envolve pessoas do mês grupo social ou profissional. Essa prática tem seus riscos; o beneficiário, como o nome diz, é secreto, e pode ser alguém pelo qual não se tem estima. Nesse caso vai ser necessária alguma hipocrisia para lhe exaltar as qualidades naquele breve discurso que antecede a entrega. Isso pode ser motivo de queixa, ou mesmo de ruptura nas relações, já que muitas vezes o presenteador procura traduzir no que escolhe o que sente pelo outro.
Olesia Buyar-
A essas pessoas daríamos um presente personalizado, com dizeres escritos num caprichado cartão. Aos outros bastariam os votos – sinceros! – de um Feliz Natal. A data, afinal de contas, pede isso.