Como professora de Literatura Infantil por mais de vinte anos, Ziraldo sempre esteve presente nas minhas aulas. Lembro-me do primeir...

Lembranças de Ziraldo

Ziraldo literatura infantil
Como professora de Literatura Infantil por mais de vinte anos, Ziraldo sempre esteve presente nas minhas aulas. Lembro-me do primeiro texto que publiquei no Correio das Artes (1983) – Flicts: um texto fantástico? Este texto foi também apresentado em um dos Congressos de Teoria e Crítica Literária, organizado pela professora Elizabeth Marinheiro, em Campina Grande.

Muitos outros livros deste autor foram lidos em salas de aula, lia-os também para minha neta Talita. Creio que, por se identificar com o menino maluquinho, era sua leitura preferida. Todas as noites, pedia: “Vovó, leia o Menino maluquinho.

Ziraldo literatura infantil
Quando fui professora de Literatura Infantil, no mestrado em Biblioteconomia, orientei a aluna Carmen Lianza e ela escolheu para corpus de sua dissertação de mestrado os livros de Ziraldo. Não foi um estudo teórico, foi um trabalho prático em sala de aula, no Instituto Dom Ulrico. Selecionamos 10 livros e apresentamos para as alunas daquela escola. Cada semana era a leitura de um livro diferente e as meninas ficavam ansiosas quando chegava o dia da aula. Comprei alguns e dei para Carmem, ela comprou outros e assim foi constituída a mini biblioteca de Ziraldo. Participei com o grupo de todas as atividades e pude sentir o interesse das alunas, dirigindo-se para Carmen perguntavam: “Professora, qual é o livro que vamos ler hoje?” Depois que defendeu a dissertação, Carmen doou todos esses livros para a biblioteca do Instituto Dom Ulrico.

Ziraldo literatura infantil
Instituto Dom Ulrico
Escola Sesc Dom Ulrico
Não sabemos por andam essas meninas que vivenciaram essa experiência, mas, certamente, como minha neta Talita, recordam essa boa fase da infância. O Instituto Dom Ulrico se tornou um colégio moderno, subvencionado pelo SESC, Nos anos 1990 só recebia meninas órfãs e o ensino era gratuito.

Ao saber da morte de Ziraldo, voltei ao passado e afloraram as lembranças: leitura à noite do Menino Maluquinho para Talita, a experiência com as meninas do Instituto Dom Ulrico, lembrei-me de Carmen Lianza e do seu empenho durante a elaboração da dissertação. Repito os versos de Drummond: Tudo foi prêmio do tempo e no tempo se converte.

Esta semana arrumei a estante dos livros infantis e encontrei vários livros de Ziraldo, alguns ainda do período em que lecionava Literatura Infantil na UFPB, outros recebidos mais recentemente como leitora votante da FNLIJ. Conservo ainda
Ziraldo literatura infantil
uma coleção da Turma do Pererê, A Bela Borboleta, Menina Nina, este um réquiem de amor à sua primeira mulher, Vilma, que morreu repentinamente em 2011. É o livro mais comovente do escritor, fala sobre a morte de uma pessoa muito querida de forma sutil e delicada. Ziraldo tinha o dom de encantar crianças. Em entrevista que concedeu logo depois da publicação deste livro, revelou que teve dificuldades para escrevê-lo, logo ele que era um “furacão” quando se tratava de escrever livros.

Aposentei-me da universidade, tornei-me leitora votante da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil e continuo recebendo os livros de Ziraldo para leitura, análise e resenhas. A experiência com as alunas do Dom Ulrico continuam como lembranças eternas.

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  1. Belas lembranças, belo texto, bela homenagem. Bravíssimo, professora Neide. Francisco Gil Messias.

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  2. Excelente partilha desta experiência. Parabéns Neide!!

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  3. Excelente partilha desta experiência. Parabéns Neide!! Fátima Farias

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