agosto 04, 2014
S e me perguntassem, dessas cidades estrangeiras que andamos visitando, qual a que mais me encantou e ficou se repetindo na memória evocati...
Se me perguntassem, dessas cidades estrangeiras que andamos visitando, qual a que mais me encantou e ficou se repetindo na memória evocativa, eu não pensaria duas vezes. Diria logo, mesmo que Paris ficasse zangada: Viena, onde está a casa de Freud. Mais ainda: onde se encontra monumentos em homenagem a Mozart e Beethoven.
Lembrar que, desde que comecei a andar pela cidade, na primeira vez que a visitei, fiquei maravilhado com o seu silêncio, com o asseio de seu chão e com a visão daquelas belas garotas convidando-nos para um concerto à noite. Elas distribuíam convites. E que belo sorriso ostentavam!
Viena! Capital da música, cujas calçadas ainda guardam as pisadas de Beethoven, Haydn, Mozart e outros gênios da divina arte. Pena que não cheguei a ir aos Bosques de Viena, que tanto inspiraram Strauss...
E a Casa de Freud? Fui lá com o coração batendo de alegria. Subi a escada do velho casarão, a mesma escada que o gênio pisou. Lá fui muito bem recebido e deixei o exemplar de um livro meu. Freud, que descobriu nosso inconsciente, e dele fez ilações surpreendentes! Seu retrato estava lá, bem como o divã, em que ele conversava com os clientes. Ee foi extraordinário na coragem, mas se deixou dominar pelo fumo. Morreu com um câncer na boca, que, segundo se informa, exalava tanto mau cheiro que o próprio cachorro não suportava.
No entanto, para cuidar da saúde, praticava o cooper, à noite, não de short, mas vestido como se fosse para uma solenidade.
Voltemos a Viena, cujo nome é um poema. Viena limpa, Viena musical, Viena sem barulho, até mesmo nas eleições, cuja propaganda só é feita através de cartazes nos canteiros...
Viena! Um oásis de cidade... Cultura, silêncio, paz. Uma cidade panorâmica, que logo se abre toda aos olhos do turista. Gosto das cidades que não se fecham. Veja Paris, um exemplo de cidade panorâmica. O olhar entra logo na sua intimidade: o rio Sena, a Ille de la Cité, a Torre Eiffel...
Viena é assim. Vi o seu rio, o Danúbio Azul, que inspirou Strauss com uma bela página musical. O rio, porém, não tem nada de azul. E fiquemos por aqui, se não pego já um avião de novo...
agosto 04, 2014
agosto 03, 2014
Duncan Lou Who é mais um cãozinho sofredor neste mundo. Suas pernas traseiras precisaram ser amputadas logo que nasceu. Sem casa, sem dono...
Duncan Lou Who é mais um cãozinho sofredor neste mundo. Suas pernas traseiras precisaram ser amputadas logo que nasceu. Sem casa, sem dono, ele vive aos cuidados da Panda Paws Rescue, uma ONG baseada em Vancouver, Canadá, que tem por objetivo resgatar animais abandonados, maltratados e feridos.
agosto 03, 2014
agosto 02, 2014
L i a crônica do meu xará e amigo Carlos Pereira e tive ciúmes. Ele fazia uma declaração de amor à minha namorada, a Capital das Acácias, qu...
Li a crônica do meu xará e amigo Carlos Pereira e tive ciúmes. Ele fazia uma declaração de amor à minha namorada, a Capital das Acácias, que completou mais uma primavera, no próximo dia 5 de Agosto. A mais antiga capital do país. E lembrar que sou hoje um cidadão pessoense, graças a um projeto do meu amigo e mestre Fernando Milanez. É que nasci em Alagoa Nova, a terra do frio que, infelizmente, fabrica cachaça, que serve de cobertor para muita gente. Saí dela, ainda menino de 4 anos – que lindo! – e vim morar, na cidade das acácias, dos flamboyants, dos paus d'arcos, do sol de Tambaú, da Lagoa, onde antes navegavam lindos gansos.
Não Carlos, a cidade de João Pessoa também é minha. Sou seu apaixonado. E, aqui para nós, sabe quem melhor escreveu sobre essa nossa namorada? Foi Ascendino Leite, no livro “Minha Cidade”, o que também me provocou muito ciúme. Com que beleza ele fala de seus jardins, de seus bondes, de seus bairros, de suas colegiais, de seu Ponto de Cem Réis. E lembrar que um dos maiores de seus poetas – Peryllo D'Oliveira – cantou-a num poema que começa assim: “Ave Cidade, o silêncio é contigo!” Ah, meu Carlos Pereira, como as coisas mudaram... Nossa linda capital é hoje conhecida como a “Capital do Barulho”, triste classificação, divulgada até na Folha de São Paulo, uma vergonha!
Vim morar em João Pessoa e me encantei. Aqui estudei, aqui amei muitas namoradas, até que casei duas vezes. A primeira com Carmen, a segunda Alaurinda.
Cidade de João Pessoa, Capital das Acácias, cidade do sol que aqui chega primeiro. Cidade do Cabo Branco, da escultura do genial Niemeyer, da Estação Ciência, onde o genial Flávio Tavares, em belo painel, narra a história da cidade. Cidade que nasceu à beira do rio Sanhauá e foi tomar banho no mar de Tambaú.
Mas, meu querido Carlos, falando sério, não tive ciúme de sua declaração de amor à nossa cidade. O ciúme tem conotação animal, vem de cio.
Cidade de João Pessoa, hoje uma grande atração turística do nosso país. A calçadinha de Tambaú virou passarela de turistas.
Lembremos, saudosamente, do poeta: “Ave-cidade, cheia de graça, o silêncio é contigo”...
agosto 02, 2014
agosto 02, 2014
D izia Rabelais que o riso é próprio do homem. Reparando bem, o grande gênio francês tem razão em parte. Embora observemos que árvores sorri...

Dizia Rabelais que o riso é próprio do homem. Reparando bem, o grande gênio francês tem razão em parte. Embora observemos que árvores sorriem com suas flores, as estrelas com a sua luz. Dos animais, o cachorro é uma exceção. Não ri pela boca, mas com o rabo...
A Mona Lisa celebrou-se com o seu sorriso, por sinal muito sem graça, embora os críticos de arte o vejam como “enigmático”. Fui vê-la só duas vezes. Apesar de ir com certa frequência ao Louvre, não desejei mais ir à sala da Gioconda. E haja gente para ver aquele seu meio sorriso, a começar pelos asiáticos. Chego a pensar que a Mona já não agüenta mais tantos olhares dirigidos a ela. Acho que quando o Louvre fecha as suas portas, a Mona Lisa, ao invés de um sorriso, dá uma grande gargalhada mangando de todos.
Voltando ao sorriso, feliz de quem o conserva. E haverá sorriso mais belo do que o da mãe para o filho renascido? Tenho muita pena das pessoas carrancudas, das pessoas sérias demais. É preciso lembrar que o sorriso alegra o ambiente. O sorriso dá paz, dá saúde.
É verdade que, às vezes, o sorriso se transforma em gargalhada. Dir-se-ia que a gargalhada é uma espécie de disenteria verbal. Mas o bom mesmo é o sorriso suave. E sabe que, sorrindo, você se torna mais jovem? Sim, pois o sorriso espalha as rugas. Vá ao espelho e experimente.
Dizem que Jesus não sorria. Protesto. Jesus sorria através do meigo olhar. Aquele olhar que nos convidou a observar os lírios do campo. E quando o mestre disse vinde a mim as criancinhas, será que foi com o rosto sem sorriso? Duvido.
O sorriso é a mensagem dos otimistas, dos que estão em paz com a sua consciência, dos que só vêem o lado bom da vida, dos que estão em paz com a sua vida interior.
O mestre Ariano Suassuna, que era todo sorrisos, em uma de suas entrevistas, disse que “o otimista é um tolo. O pessimista, um chato e que bom mesmo é ser um realista esperançoso”. E disse isso sorrindo o seu sorriso mangador. O otimista, meu risonho Ariano, é que tem contribuído para o progresso. Otimistas foram os grandes descobridores, os grandes inventores, os grandes artistas, os grandes cientistas.
Ah, como é bom estar ao lado de um otimista! Minha mãe foi uma otimista e tanto, que atravessou um século de existência, sorrindo.
Portanto, não apague a luz de seu rosto. A luz do sorriso. Vá ao espelho sorrindo e ele lhe devolverá o riso com outro sorriso.
Se não estou enganado, os robôs não sorriem. E se sorriem é um sorriso muito mecânico. Mas o sorriso do homem é diferente. Afinal, a vida é um espetáculo e onde há espetáculo há riso, há alegria. Ariano transformou suas aulas em espetáculos fazendo todo mundo sorrir. E não há nada que agrade mais, levando-nos ao sorriso, do que a surpresa de uma descoberta. Fico, então, a imaginar o nosso Santos Dumont sorrindo ao ver seu avião contornando a Torre Eiffel, embora, depois, chorasse de tristeza quando soube que sua invenção estava a serviço da guerra...
agosto 02, 2014
julho 26, 2014
M orre Ariano Suassuna, com aquele jeito de matuto erudito, o rosto sempre pedindo um sorriso. Um homem que nunca usou máscara. De uma simpl...
Morre Ariano Suassuna, com aquele jeito de matuto erudito, o rosto sempre pedindo um sorriso. Um homem que nunca usou máscara. De uma simplicidade admirável, como sempre estivesse mangando de tudo, a começar da vida.
Nasceu num palácio, o Palácio da Redenção, ali na Praça João Pessoa. Quando eu era da Casa Civil do Governador Pedro Gondim, pensei ainda em sugerir que se colocasse, ali, uma placa alusiva ao nascimento de Ariano.
Conheci seu irmão, Lucas Suassuna, que foi juiz, mas depois abandonou a carreira e foi advogar. Era um autêntico diplomata. Como o admirei!
Ariano foi professor de Estética de minha esposa Alaurinda, que sempre me dizia que suas aulas eram uma mistura de cultura e bom humor. Os alunos aprendiam sorrindo. Era na Escola de Artes, no Benfica, na UFPE.
A última vez que o vi – faz tempo – ele tinha ido ao Palácio tratar de um interesse, e demorou a ser atendido. Muita gente desejando falar com o governador. Era fim do governo, o que Ariano depois disse para mim: “Onde fui me meter, tratar de interesse pessoal, com um governador já saindo...”
Ariano Suassuna! Nordestino até os ossos. Nada de sotaque sulista. Ele fazia questão de falar como nordestino. Tão nordestino como um José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Câmara Cascudo, Gilberto Freire.
“O auto da Compadecida”. Que maravilha! E a sua simplicidade, a sua autenticidade, a dignidade de escritor? São justíssimas as homenagens póstumas que estão lhe prestando. Os jornais, no dia seguinte à sua morte, gritaram em suas manchetes. E houve uma delas que chegou a dizer: “Morreu o maior grilo do mundo”. Só não gostei de uma notícia dizendo que Ariano foi enterrado... Que materialismo estúpido.
Lembrar que Ariano é imortal de nossa Academia de Letras, e que o dinâmico presidente Damião Cavalcanti trate logo de erguer, nos jardins daquela Casa, um busto em homenagem ao genial escritor.
E como era bom vê-lo com o seu genial sorriso. Um sorriso de muita sabedoria, sabedoria de quem levou a vida com muito amor e humor. Um autêntico matuto erudito.
julho 26, 2014
julho 25, 2014
A vida é cheia de interrogações, reticências, dois pontos, interjeições, traços de união, e viva a aritmética da vida. Com a reticência, su...
A vida é cheia de interrogações, reticências, dois pontos, interjeições, traços de união, e viva a aritmética da vida. Com a reticência, suspendemos o discurso, finalizamo-lo com o ponto, mas o que mais mexe com a gente é a interrogação. É ela que nos conduz à sabedoria.
Foi interrogando as pessoas que Sócrates ensinou a sua filosofia. Ninguém aprende com uma pessoa calada. Pobre daquele que não indaga, que não perquire, que não busca o conhecimento. E, aqui, ergo um brinde às crianças por muito perguntarem. As crianças e os filósofos. A interrogação mexe com a gente. Desafia-nos. É ela que, muitas vezes, nos perturba, nos inquieta.
Viver é indagar. Diz um estúpido ditado popular que “quem tudo quer saber, mexerico quer fazer”. Discordo da chamada sabedoria popular, e acho que quem tudo quer saber denota inteligência e perspicácia. E, às vezes, quem indaga não exige resposta. Indaga só por indagar, instigar à reflexão. Foi o caso de Pilatos quando perguntou a Jesus o que era a verdade. A indagação exigiria uma grande resposta. E eu fico pensando: Jesus poderia ter dito o que disse, depois, aos discípulos: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Mas quem sou eu para aconselhar Jesus...
Prosseguindo na crônica, se me perguntassem qual a maior pergunta de todos os tempos? Eu responderia sem pestanejar: qual a finalidade da vida? Por que estamos aqui no mundo? Será que tudo termina num viver e morrer, e pronto? Suponhamos que você acordasse, altas horas da noite, sem saber que estava dentro de um navio. Qual seria sua primeira pergunta? Ora, ora, cronista... Indagaria: Onde eu estou e para onde vou depois dessa viagem?
O escritor Léon Denis, no livro extraordinário “O problema do ser, do destino e da dor”, conta que um professor universitário perdera uma filha, fato que lembrou o problema da imortalidade. Desesperado, foi ao encontro dos colegas pedindo-lhe uma palavra de consolação. Frieza total. Os colegas mudaram de assunto. Aí lamentou ele: “pedi um pão e me deram uma pedra”...
Narra, ainda, Léon Denis este dramático monólogo de outro professor universitário: “Estou na Terra. Ignoro, absolutamente, como aqui vim ter e o que será de mim quando daqui sair”.
A verdade é que poucos têm coragem de fazer tal monólogo. E fazem tudo para esquecer o problema da imortalidade. Vivem como se fossem eternos no corpo de carne. E haja diversão para esquecer a reflexão. Há tantas atrações, tantos divertimentos para esse alheamento...
Mas no túmulo de Allan Kardec, lá no Père Lachaise, de Paris, há uma inscrição que diz: “Nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei”. Haverá mensagem mais consoladora do que esta? Ou tudo fica no morrer e pronto?
Como disse no começo, necessitamos das interrogações. São elas que nos fazem pensar e o homem é um animal que pensa. Lembro agora do escritor francês Anatole France que dizia ter muita pena de seu gato, porque não pensava...
julho 25, 2014
julho 25, 2014
Um lugar onde você pode transitar sozinho, à noite, sem medo de ser abordado por um gatuno que gosta de vida fácil, de arma na mão, ameaça...
Um lugar onde você pode transitar sozinho, à noite, sem medo de ser abordado por um gatuno que gosta de vida fácil, de arma na mão, ameaçando tirar a sua preciosa vida.
julho 25, 2014
julho 20, 2014
O que a mulher tem de mais precioso: o cabelo. Chega-se a dizer que os cabelos são a moldura do rosto. Antigamente, no tempo de minha mãe, ...
O que a mulher tem de mais precioso: o cabelo. Chega-se a dizer que os cabelos são a moldura do rosto. Antigamente, no tempo de minha mãe, lá em Alagoa Nova, o cabelo feminino quase dava nos pés. Cabelo curto era para meretriz. Minha mãe os tinha longos. Até que um dia, achou de ir à capital, o que sempre fazia, e viu que a moda do cabelo curto era a grande novidade. Muitas mulheres ficaram na dúvida se deveriam seguir a nova moda. Minha mãe não teve dúvida, tratou logo de meter a tesoura na bela cabeleira.
Voltando à terrinha, notou que muitas conservadoras da moda antiga, chegaram a censurá-la. Mas dona Piinha tinha muita personalidade. Começa que foi uma das primeiras mulheres a se submeter a um emprego público, na função de telegrafista. Tudo mediante concurso. Ela não quis ser dependente do marido. E ei-la de cabelo bem curtinho, dando duro no emprego federal, nos Correios e Telégrafos.
Sobre o cabelo feminino, lembramos que o filósofo Schopenhauer dizia que “a mulher é um animal de cabelos longos e idéias curtas”. Que discriminação absurda. Mas isto foi antigamente, porque hoje a mulher está dominando em todos os setores da sociedade.
E é tão bonito ver a mulher cuidando de seus cabelos. Quando pressentem que alguém está olhando para ela, principalmente se for homem, a primeira coisa que faz é ajeitar os cabelos.
Nada mais divertido do que ver, num grande salão de beleza, as mulheres entregando a cabeça às massagens dos aparelhos elétricos, num verdadeiro estado de êxtase..
Mulher pelada (refiro-me ao cabelo) seria um horror! E lembrar que a bela Maria Antonieta ficou completamente sem cabelos... Como o estado emocional influi na pessoa!
E, aqui para nós, eu acho lindo esse cuidado com os cabelos por parte da mulher. Nada de cabelos longos, cabelos que davam nos pés.
Não canso de observar quando elas se sentem notadas, passam logo a mão no cabelo. Um gesto muito feminino. Adoravelmente feminino.
E minha Alaurinda, mal chega do salão, vai logo perguntando: “gostou do meu cabelo?” Evidente que gostei...
julho 20, 2014
julho 19, 2014
É talvez a mais difícil virtude de se exercer. Dir-se-ia a rainha das virtudes. Refiro-me à humildade. E existem muitos que a exerceram com...
É talvez a mais difícil virtude de se exercer. Dir-se-ia a rainha das virtudes. Refiro-me à humildade. E existem muitos que a exerceram com bastante dignidade. Digo ainda que é a mais difícil de todas. Tem muita gente que a confunde com sujeição, fraqueza, submissão. Acha que o humilde é um pobre diabo. Pilatos não foi humilde, mas muito orgulhoso e o orgulho é o contrário da humildade.
Mas quem foi que deu a maior lição de humildade da História? Jesus, é claro. Achou de escolher uma manjedoura para nascer, ao lado de animais. No entanto, essa manjedoura foi iluminada por uma estrela, o que jamais ocorreria nos palácios dos reis.
Tivemos outros exemplos admiráveis de humildade: Gandhi foi um deles. Convidado, certa vez, para visitar o Vaticano, ele se fez acompanhar de sua cabra, a cabra cujo leite o alimentava. Foi barrado na entrada, é claro.
É muito fácil ser orgulhoso, fácil ser prepotente, fácil ser invejoso, é fácil ser vaidoso. Difícil mesmo é ser humilde. No entanto, o que seria do mundo sem os humildes? E eu estou me lembrando agora mesmo das raízes, que não aparecem, que não são bonitas, que ninguém as leva para enfeitar uma mesa. Quem já viu alguém oferecer um buquê de raízes à pessoa amada? Mas, que seriam das flores, das frutas, das árvores, sem a raízes? E lembrar que há muitas raízes que são alimentos como as batatas, macaxeira, inhame e outras que são medicamentosas.
Humildade é isso. Isso que as raízes estão ensinando. Eu ainda não vi um poema exaltando as raízes. Elas não aparecem. Vivem escondidas na terra, trabalhando, silenciosamente, para sustentar e alimentar as árvores.
Pois bem, É exatamente humildade o que fazem as raízes, pois não exaltam a significativa função que desempenham. O genial Einstein costumava dizer que a pessoa mais importante de sua vida e a quem devia a própria saúde, era a sua cozinheira. Ah, as pessoas que nos servem e de quem tanto dependemos!...
No nosso corpo, são os pés que nos transportam, e são as peças mais humildes. Jesus lavou os pés de seus discípulos, causando estranheza aos mesmos, como exemplo de humildade...
Bem disse o iluminado Emmanuel: “Humilde é o sol quando beija o pântano, indiferente ao insulto da lama” - que maravilha.
E aqui para nós, não há nada mais ridículo do que uma atitude vaidosa, irada. Outrora, era costume, o ouvir de um vaidoso com o anel no dedo dizer para uma pessoa humilde: “O senhor sabe com quem está falando?”
Quer saber como sabemos que uma pessoa é humilde?: Veja como trata os seus empregados, os seus subordinados.
E concluo a crônica com este conselho. Diante de um lindo jardim, lembre-se de que ele dependeu das humildes e esquecidas raízes, que não aparecem, mas, sem elas, nenhuma vegetação existiria...
julho 19, 2014
julho 13, 2014
U m famoso psiquiatra norte-americano disse que uma coisa que alegra o espírito é ouvir uma boa notícia. E eu me lembrei disso quando meu fi...
Um famoso psiquiatra norte-americano disse que uma coisa que alegra o espírito é ouvir uma boa notícia. E eu me lembrei disso quando meu filho, arquiteto Germano Romero, e, hoje, homem de televisão, levado como parceiro pela amiga e exímia apresentadora, jornalista Rose Silveira, me informou que o próximo convidado para o programa “Cá Entre Nós”, da RCTV, será a escritora e professora Vólia Loureiro, que acaba de lançar o livro “Quando as Paralelas se Encontram”. Obra que tive a honra de apresentar em recente lançamento na Usina Cultural. Um livro denso, que aborda a problemática da recordação de vidas passadas e outros temas espíritas, cuja maior temática é o Amor. Nada, portanto, de vidas apenas paralelas, mas que se encontrem, porquanto o ódio é que separa.
Deixemos a obra de inspiração mediúnica, e falemos sobre a autora, que também é palestrante e intelectual de elevado nível. Decerto, Germano foi inspirado pela Espiritualidade Maior quando teve a ideia de convidar Vólia para a entrevista. E, cá entre nós, a escritora, que é médium, tem muito o que dizer sobre a problemática da nossa existência, aqui no mundo.
O livro recentemente lançado narra a história de um grande amor. Rico de páginas, “Onde as paralelas se encontram” deixa o leitor cheio de reflexões.
A entrevista que vai ao ar nesta terça-feira, amanhã, na RCTV, às 22:00h, pelo canal 27 da Net Digital, tenho certeza que agradará bastante aos telespectadores, porquanto a escritora Vólia Loureiro tem muito o que dizer, não apenas no que concerne à mediunidade, mas sobre a problemática da vida, que se resume na indagação: “Por que estamos no mundo, quando daqui sairemos e o que será de nós ao daqui sairmos?”
Professora universitária, Engenheira Civil, palestrante das melhores e possuidora de uma profunda cultura espírita e espiritualista, o que mais caracteriza a sua personalidade é a modéstia. Não esquecer que ela também é poetisa. Excessivamente simples, suas palestras abordam temas doutrinários com muita leveza, como se levitasse sobre os assuntos tratados.
Parece que Germano anda aprendendo com nossa amiga Rose Silveira a escolher bem os entrevistados do Cá Entre Nós. Parabéns aos dois!
julho 13, 2014
julho 13, 2014
S im, tentação é teste. Como se livrar dela? E o quem vem a ser a tentação? Que tal esta definição: “arrastamento irresistível à prática de ...
Sim, tentação é teste. Como se livrar dela? E o quem vem a ser a tentação? Que tal esta definição: “arrastamento irresistível à prática de um ato”? Quem não foi tentado, neste mundo? Até Jesus, segundo informa o Evangelho, foi tentado pelo Demônio, em pleno deserto. Não sabemos se tal fato foi verídico, ou se tudo não passou de uma parábola.
Mas, segundo a Bíblia, cuja exegese não deve ser ao pé da letra, Eva, a mulher de Adão, foi tentada pela serpente a comer o fruto proibido, que simbolizaram numa maçã. Uma maçã que se transformou num abacaxi.
Deixemos a linguagem simbólica da Bíblia e vamos a outras tentações. Para começar, vejamos estas: o dinheiro, o poder e o sexo – três poderosas forças que movem a humanidade. O dinheiro é como água salgada. Quanto mais você bebe, mais sede tem. Um milionário nunca dirá: “tenho dinheiro bastante, agora vou ajudar os outros com minha fortuna”. Difícil encontrar um rico assim.
Continuemos. Existem também a tentação da comida, da vaidade, do orgulho, do álcool e do fumo. Mas, só existe tentação se dentro de nós houver o que o apóstolo Tiago chamou de concupiscência. Não havendo concupiscência, não haverá tentação. E o que é concupiscência? Ora, concupiscência é a sede, é a fome, é o desejo, é a falta. Para quem está saciado, a comida não é mais uma tentação... Portanto, repitamos: só há tentação quando há concupiscência, quando há atração. Aqui no jardim, por exemplo, vejo as borboletas sendo atraídas pelas flores, a lagartixa buscando o sol.
E qual o remédio para evitarmos a tentação? Houve um médico que deu uma receita maravilhosa. Um médico sem diploma, mas que fez muitas curas. E decerto você já adivinhou: Jesus! A receita não fala em medicamento. A receita é muito simples, e não tem efeitos colaterais: “Orai e vigiai para não entrardes em tentação”. Estejamos, portanto, atentos sobre nós mesmos. Muito cuidado com a tentação da maledicência, isto é, viver falando mal dos outros. Saibamos usar e não abusar das coisas. O abuso da saúde é a doença, o abuso do necessário é o supérfluo, o abuso do direito é o egoísmo. Assim ensinou Emmanuel, o iluminado guia de Chico Xavier.
E na oração ensinada por Jesus, o “Pai Nosso”, está este pedido a Deus: “Não nos deixei cair em tentação”. Não há coisa melhor do que vencer uma tentação. A tentação é excelente teste. Forte é quem a vence.
Há muitas outras tentações, desde a ociosidade ao excesso de trabalho, aqueles que fazem do trabalho uma droga, uma maneira de esquecer os problemas, de esquecer a si mesmo, os chamados “workaholics”.
Concluindo, diríamos, que o maior abuso é o desperdício do tempo. Este tempo que não se vê, este tempo que não espera, este tempo que não volta. Um grande pensador disse que o tempo é como o solo, isto é, a terra. Se você nada planta, nela nada nasce... E o pior é o remorso, que, um dia virá. O remorso do tempo perdido...
julho 13, 2014
julho 08, 2014
Dia 8 de julho de 2014. Semifinais da Copa do Mundo no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Um dia negativamente histórico, no qual o sonh...
Dia 8 de julho de 2014. Semifinais da Copa do Mundo no Estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Um dia negativamente histórico, no qual o sonho terminou para milhões de brasileiros que esperavam a conquista do hexacampeonato pela seleção de futebol.
julho 08, 2014
julho 06, 2014
S im, que seria de nós sem as frutas? Segundo as Escrituras foi a comida do fruto proibido, que complicou a vida de Adão e Eva. E esse fruto...
Sim, que seria de nós sem as frutas? Segundo as Escrituras foi a comida do fruto proibido, que complicou a vida de Adão e Eva. E esse fruto, ao que se informa, foi a maçã, que terminou se transformando num abacaxi.
A gente fica absorto quando contempla o firmamento, com suas galáxias, provando a existência de Deus. Sim, como admitir um Universo criado pelo acaso? Nada sai do nada. Bem define O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec quando respondendo à pergunta: “O que é Deus?” A resposta veio incisiva: “Deus é a inteligência suprema do Universo, causa primária de todas as coisas”. Daí se deduz que o homem é apenas uma causa secundária de todas as coisas.
Mas, voltando ao Universo, o grande Pascal se abismava quando contemplava o firmamento, sobretudo à noite. Mas há outras evidências provando a existência divina. O próprio homem é uma comprovação, o homem e o seu corpo, que é um universo em miniatura. Há trilhões de estrelas no céu e trilhões de células no nosso corpo.
Aí você indaga: e qual a razão do título deste texto? Ora, é porque a prova da existência de Deus não está apenas no firmamento, no nosso corpo, mas nas frutas. E minha boca já começa a se encher d'água só em me lembrar de uma gostosa manga, a fruta que mais marcou presença na minha infância. Fui um menino de sítio, que era o meu paraíso, o paraíso de minha infância. No sítio havia tudo que era de fruta.
Eis algumas delas: manga, banana, abacate, jaca, melancia, cacau – donde sai o chocolate – laranja, goiaba, pitomba, oliveira, jenipapo – com seu cheiro de sovaco – groselha, pitanga, coco, fruta-pão, abricó, quanta variedade, meu Deus do céu!... Quanta diversidade de gosto e de caroços. O abacate com apenas um, enquanto a jaca e a melancia ostentam uma imensidade de caroços. E vem a indagação: por que a banana não tem semente, enquanto a laranja tem uma enorme variedade delas? Mais outra singularidade que mexe com a cabeça do cronista: a casca. Que diferença entre a casca de uma jaca e de uma pera. E o coco, o gostoso coco, com sua água saborosa?
Como vê o leitor, as frutas, com suas diversidades de sabor, de cascas, de sementes, provam a existência de um criador supremo.
A própria Natureza com sua magnificência é uma prova eloqüente da existência divina. Frutas que caem, frutas que não caem. E graças à queda de uma maçã é que o físico Newton descobriu a lei da gravitação.
As frutas.... O nosso país é tão pródigo em frutas! Em país nenhum, dos que visitei, vi tanta variedade frutífera como aqui no Brasil. Aqui a gente vê meninos vendendo frutas em pleno trânsito. Que maravilha.
Como são pobres em frutas os outros países. Pera, maçã, uvas, caqui, e só.
Voltando à digressão a propósito das provas da existência divina, considero as frutas como uma delas. E o que mais me impressiona é o fato de Deus haver criado uma melancia, com milhares de caroços, enquanto a banana é só massa.
Ah, meu querido Pascal, por que não detiveste o olhar nas frutas, que homem nenhum criará?...
E antes de sair do computador, obra do homem, vou ali saborear uma saborosa fruta, obra de Deus.
julho 06, 2014
julho 05, 2014
P or falar em Copa, mesmo que a gente perca daqui pra diante, já ganhou. Pena que tenha acontecido o que aconteceu: a quebra da vértebra lom...
Por falar em Copa, mesmo que a gente perca daqui pra diante, já ganhou. Pena que tenha acontecido o que aconteceu: a quebra da vértebra lombar do humilde e simpático Neymar. Mas acho que uma andorinha só não faz verão. Outras surpresas poderão acontecer daqui pra diante. Futebol é um esporte perigoso, muito diferente do Xadrez, um esporte silencioso, sem nenhum risco. Neste esporte, ninguém fratura a coluna... Só se joga com a cabeça, com o pensamento. Um desembargador, por exemplo, jamais quebrará a vértebra ao proferir um acórdão.
Mesmo que perca a Copa, o Brasil já ganhou, repito. Todo o seu imenso território, que tem a forma de um coração, acolheu gente de de todo o mundo. Chutes e gols fizeram a felicidade de muitos, conquanto por alguns momentos. Houve e está havendo muitos sorrisos nos rostos, muitos gritos nas bocas, muita alegria no povo, que precisa esquecer os maus políticos, que vêm por aí...
Assim, nosso país já é vitorioso ao se tornar uma atração mundial com seus estádios moderníssimos. Muita gente enriqueceu, muita gente esqueceu as tristezas, muita gente cantou o Hino Nacional, em que se diz que o nosso país dorme eternamente em berço esplêndido, pois a Natureza aqui é abundante. Não há montanhas vomitando fogo, o povo é pacífico, é gente de boa índole, e teve um homem extraordinário, que conversava com os espíritos, escrevia o que eles ditavam apenas com um lápis e os olhos fechados. É possível isto?
Foi possível. Daí a abundante literatura mediúnica que ele deixou. E deixou quando desencarnou, justamente na última Copa. Daí, decerto, veio o símbolo da Copa. A mão do Chico segurando o rosto.
Vamos adiante, lembrando que a bola é muito melhor do que a bomba atômica, pois, mesmo que não seja campeão, o nosso pai já ganhou. Ganhou na hospitalidade e no sorriso que ofereceu aos visitantes. No sorriso e na paz.
Vamos agitar a bandeirinha verde-amarela, vamos vê-la açoitada pela brisa, seja nos edifícios, nos carros e nas mãos das pessoas. Essa Copa foi um recreio para o povo. E como todo recreio, termina com a sineta da realidade que vem depois...
julho 05, 2014
junho 29, 2014
A h... foram tantos! Cada um com suas especialidades. E tudo graças à doença. Quando criança, sofri de asma, que me levava para a cama duran...
Ah... foram tantos! Cada um com suas especialidades. E tudo graças à doença. Quando criança, sofri de asma, que me levava para a cama durante muitos dias. Para a asma não foi chamado nenhum médico. Minha mãe foi a grande enfermeira, com a vantagem de me contar belas histórias, a ponto de me dar saudade da doença.
Sempre fui um homem de muita saúde, a maior riqueza da vida. A como devemos cuidar e conhecer o nosso corpo, esse santuário que Deus nos deu...
Mas vamos aos médicos de minha vida. O primeiro que examinou minha vista de menino foi o Dr. Seixas Maia. Um homem sério e muito conceituado. Ainda bem que eu não tinha nada nos olhos. E viva quem os tem sadios. Mais adiante, eles passaram a ser examinados por Dr. Tito Lívio e, recentemente, pelo oculista e imortal da Academia de Letras, Astênio Fernandes.
Meus dois filhos, Carlos e Germano não quiseram vir ao mundo sem o bisturi. Minha primeira mulher Carmen teve duas cesarianas. Carlos, o primogênito, nasceu graças ao bisturi do Dr. Bonald Pedrosa, lá em Campina Grande.E aqui na capital quem cuidou da cesariana do segundo filho foi Dr. Danilo Luna, excelente profissional que me deixou uma ótima impressão.
Vamos a outros médicos. Asdrúbal de Oliveira, apaixonado pelas ciências ocultas. Tinha um papo gostoso. E os médicos que trataram dos meus filhos? Estou lembrando do pediatra Dr. Edvard Aguiar. Homem simples, cujas receitas nunca falharam.
Mas houve outros médicos que não cuidaram de minha saúde, mas que eu admirava pela postura e pela cultura. Um foi nosso vizinho, lá em Tambiá, Dr. João Medeiros. Um homem que impunha respeito. E sabe que ele lia minhas crônicas? Muitas vezes, me convidava para o seu carro. Aí só saía literatura. Ele teve dois filhos que seguiram a profissão do pai: Jacinto e João, o que fizeram muito bem.
E os médicos literatos, com quem me dei muito bem? Oscar de Castro, ex-presidente da Academia de Letras, Higino Brito, oculista, que tive a honra de vê-lo me saudando na Academia, e Humberto Nóbrega, a quem devemos uma excelente biografia de Augusto dos Anjos. Grande pesquisador, ele – aqui para nós – me tinha grande admiração. Chegou a me convidar para secretário da Faculdade de Medicina. Vejam só. Aí foi que me tornei amigo de muitos médicos, a começar por Atílio Rota, inteligentíssimo, de um papo excelente.
E os atuais? Os que cuidaram de minha trombose na perna, da minha coluna, da minha próstrata? Sem esquecer o Dr. Marco Aurélio, que é o clínico da família Ele, como o Dr. George Pereira continuam gozando da minha preferência.
Gostaria de encerrar essas rememorações incluindo Dr. Otacílio Figueiredo, que cuidou de uma trombose na minha perna. Simpático, chegou a dar uma aula sobre trombose no hospital onde eu estava. Que facilidade de expressão!
E antes de pingar o ponto final desejo lembrar que tive dois cunhados médicos, o primeiro, cardiologista, Eleazar Machado, já falecido, e o segundo, nosso Domilson Maul de Andrade, cirurgião urologista. O nosso Domilson está, hoje, enriquecendo a aposentadoria com a leitura. É o homem que mais lê no mundo. E termino citando meus queridos e inteligentes sobrinhos, os irmãos Lúcia, Marcílio e Alexandre Machado, cardiologista, urologista e traumatologista, respectivamente, e o competentíssimo cirurgião plástico José Augusto Romero Neto.
Médicos de minha vida. Como os admiro! Mas, aqui para nós, deveríamos conhecer mais o nosso corpo. Nada sabemos dele...
junho 29, 2014
junho 29, 2014
E eis o mundo todo empolgado com os pés chutando nossas tristezas e frustrações, que são muitas nesta vida... Graças aos pés, o mundo, de r...
E eis o mundo todo empolgado com os pés chutando nossas tristezas e frustrações, que são muitas nesta vida... Graças aos pés, o mundo, de repente, se torna um paraíso. Os estádios viram templos, fazendo o povo esquecer frustrações. Haja alegria, sorrisos, abraços, euforia, que é preciso esquecer a vida amarga de cada dia. Esquecer os maus políticos, o salário pequeno, esquecer as violências, esquecer muitas mazelas.
Marx dizia que “a religião é o ópio do povo”. Esqueceu-se do futebol. Talvez o maior dos ópios. E tudo graças aos pés. Mas, o que seria do esporte bretão se não fossem as mãos? Se não fossem os goleiros? E foram as mãos do goleiro de nossa seleção, Júlio Cesar, que acabamos de mandar o Chile de volta à Cordilheira dos Andes. Antes só se falava em Neymar, e esquecia-se Júlio Cesar.
Neste último jogo, fomos almoçar num restaurante, onde as pessoas estavam mais ocupadas com os olhos do que com as bocas. E eu com um medo danado de que a seleção perdesse, e que os milhões de torcedores se frustrassem. Não queria ver o país de Chico Xavier derrotado.
Muitas bocas, perto de mim, gritando de entusiasmo e eu ocupando a boca, não com gritos, mas com uma gostosa comida. Até que chegou o momento dramático dos pênaltis. Todo mundo com o coração na mão. Aí eu tive de parar a boca. Agora as atenções não estavam para Neymar, mas para Júlio Cesar, que com suas mãos iria classificar a Seleção.
O silêncio era profundo no restaurante. E deu-se o que todos queriam: o nosso Brasil estava classificado, graças às mãos que não chutam, mas que agarram.
Saímos do restaurante e vimos o delírio nas ruas. O Brasil mandara o Chile para casa, graças a Júlio César! Agora é lembrar a frase histórica: “Dai a Deus o que é de Deus e a Cesar o que é de Cesar”.
E lembrando o poeta, é preciso fazer o povo pensar e se divertir. Jesus dizia que nem só de pão vive o homem. Desta vez não foi o chute, mas o abraço. O abraço de Julio Cesar, um simpático rapaz, que os comentaristas, a começar por Galvão Bueno nem falavam.
Que nos próximos jogos, Neymar resolva a situação. Mais respeito para o coração verde-amarelo. E vamos chutar a tristeza e abraçar a alegria.
junho 29, 2014