Eis que junho sorri para o inverno e esquenta o coração nordestino. As temperaturas timidamente caem na marcação do termômetro e alivia da ...

Festejar junho

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Eis que junho sorri para o inverno e esquenta o coração nordestino. As temperaturas timidamente caem na marcação do termômetro e alivia da secura os sertões de cada alma. É mês que nunca chega só, traz com ele novos-velhos dias no calendário, momentos enamorados, santos brincantes, alegres, que saboreiam milho e até festas pagãs com fogos e fogueiras. Junino é tempo diferente, é saudade de trem antes nunca andado, é passeio pela própria mente.

Saudações para o poeta e cantador popular que traz junho. Pois é mês de passagem pelo meio do tempo, figura que pelas bandas nordestinas é dividida entre duas únicas estações explícitas: verão e inverno, terra seca e molhada, vegetação de tons marrons acinzentados e verdinho vivo ressuscitado na campina. O meio do ano é só no encontro de junho/julho, mas o sexto mês dá a sensação que a temporada já virou pela metade.

É verdade. Para o sertanejo a invernada chega ainda em janeiro com o aguaceiro tão esperado e esperançoso, mas para os litorâneos ela avisa que está vindo em maio e despenca em junho. Ou seria apenas impressão que não é feita no papel ou no tecido? Talvez sim, talvez não, pois chuva exprime lágrimas de todas as formas em gotículas de água e fica impressa na roupa molhada, no papel desbotado e na pele tocada com mais sensibilidade no período junino.

Junho, mês que tem gosto. Sabor de lembranças, de pamonha e canjica, de meninice. E vem junto o inverno, tornando o junino mês da nação Nordeste colorido de bandeirolas e balões no céu das casas, terraços, ruas e arraiais. É pôr vida em todo canto ao som dos tocadores de hinos com sanfonas, triângulos, zabumbas e pandeiros. Tempo de vestir roupa boa para seguir para a festança e esquentar o corpo na fogueirinha no terreiro ou na calçada.

Tantos junhos colecionados nas marcações do tempo, que o corpo pressente sua chegada, a alma alegra-se com trombeteio dos céus que se desarma sobre tenras terras molhadas. Mês de dengo, preguiçoso, de aconchego, deitar na rede, de cheiro perfumado, amanhecer orvalhado, friozinho encabulado.

Ser junino, é assim. Junho é rever nascimento, contentamento, fartura, assombramento, descobrimento. Reencontrar-se no meio do ano para perder-se em pensamentos. Ou seria o inverso?

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  1. Gostei muito👐👐👐Clóvis Roberto..junho é mesmo assim!!
    Parabéns pelo belo texto👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻E, demos também o justo merecimento à Germano Romero.. amigo comum que editou esta obra através do ALCR TV.
    Paulo Roberto Rocha

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    1. 🙂🤜🤛 Obrigado amigo pela leitura e pelas palavras. Germano sempre arrebenta na edição.👏👏👏

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