O ÚLTIMO (Por que o último, se existe o contínuo da expectativa?) Os riscos ocupavam todas as paredes do cômodo ...

A sombra tomba sobre a terra ao sentir o fascínio do sol

poesia capixaba jorge elias neto
 
 
 
O ÚLTIMO
(Por que o último, se existe o contínuo da expectativa?) Os riscos ocupavam todas as paredes do cômodo Custava revirar os olhos e contá-los (na verdade era impossível) Havia espelhos dependurados, nenhum espaço para incluir um sonho e uma possibilidade de saber do infinito E naquele em torno, que incluía a eternidade, se despejava o desejo humano (Um jeito singular de saber criar histórias e de ignorar que do início ao fim existe um beiral de angústias e um insaciável vontade) Daí o último como um marco aleatório, uma porta para o vazio, uma borracha a recriar espaço, liberando um “sendero” de luz, uma passagem.



PRIMEIRA SOMBRA
Sorte que o buraco dos sonhos seja profundo : é nato dos suicidas que assim seja:
SEGUNDA SOMBRA
(toda ferida aberta cabe um mundo de suposições)
TERCEIRA SOMBRA
Torrão molhado de terra, e as pedras e ampulhetas na borda do vento
QUARTA SOMBRA
a visita das sombras tem um pio ingrato, e a cor branca da culpa nos delatando, : esse cara aí oh, esse cara é um calhorda, um pária, se disfarça em língua e fala
SOMBRA DERRADEIRA
A sombra tomba sobre a terra ao sentir o fascínio do sol. É a experiência diária da morte, o ato introdutório do homem no esquecimento. A sombra sinaliza ao homem o poder da luz que não o deixa esquecer que estar de pé é uma circunstância, uma transitoriedade. A sombra é a seta que o céu projeta sobre a soberba da consciência bípede.

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